Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:

Para os comentários aos posts do coronel Canavilhas sobre telegrafia ótica, a que me tenho dedicado, tomei de novo contato com o excecional livro, “A História Antiga das Redes de Dados” [1]coordenado  pelo sueco,  Dr. Gerard J Holzmann Bjorn Pehrson.

Tem mais de 300 páginas, sendo o tratado sobre telegrafia ótica  mais desenvolvido que conheço. Desde a antiguidade refere os diferentes sistemas,  a sua evoluçaão, códigos e, com particular desenvolvimento os criados por Chappe, Murray e Edelcrantz, bem como os que apareceram noutros países. [2]

Tenho o privilégio de ter esta obra porque houve um membro da CHT (necessariamente eletrotécnico)  que a passou a papel.[3]

Do prefácio desta obra permito-me apresentar alguns elementos que permitem assinalar a diferença abissal que existe entre a importância que a Suécia atribui à Telegrafia ótica e em Portugal.

O livro foi uma obra cuidada, preparada durante anos, por uma equipa de mais de cinquenta colaboradores, coordenada pelo Dr. Gerard Pehrson e que percorreu bibliotecas e arquivos de 15 países[4] Tinha como objetivo “apresentar a primeira edição do livro ao rei Carl XVI Gustaf da Suécia em 22 de Junho de 1994, na comemoração do bicentenário das primeiras experiências com o telégrafo ótico na Suécia.”

Curiosamente o livro que a CHT lançou, 16 anos depois também de destinou a comemorar os 200 anos da criação do Corpo Telegráfico, embora as semelhanças se fiquem por aí.

Para além de recomendar a leitura deste livro a quem quiser aprender algo sobre os meios óticos, permito-me destacar duas passagens do prefácio do livro.

A primeira é para assinalar um exemplo da forma como o telégrafo (de Chappe ) foi descrito por Alexandre Dumas no seu romance “O Conde de Monte Cristo”:

…” Eu vi muitas vezes os braços negros brilhando em ascensão a partir do topo de uma colina ou no final de uma estrada, e nunca foi sem emoção para mim, pois eu sempre pensei desses sinais estranhos clivagem no ar por 300 léguas para transportar os pensamentos de um homem sentado à sua mesa para outro homem sentado à sua mesa, no outro extremo da linha. Ela sempre me fez pensar em génios, silfos ou gnomos, enfim, dos poderes ocultos, o que me diverte. Então um dia  aprendi que o operador de cada telégrafo é apenas um pobre diabo empregado por doze mil francos por ano, constantemente ocupado a assistir outro telégrafo a quatro ou cinco léguas. Eu, então, fico curioso para ver de perto a vida da crisálida e assistir a comédia que ela joga para a outra crisálida, puxando suas cordas.”…

E por fim a forma como foi encarada a elaboração da obra e a forma, a meu ver exemplar,  e é  modestamente solicitada, a colaboração do leitor para comentários e sugestões:

“O nosso objetivo foi obter uma narrativa ao mesmo tempo precisa e legível.
Para garantir a precisão,  testámos e verificámos duas vezes cada fato, voltando às fontes originais, sempre que disponíveis. No entanto, é possível que tenhamos perdido detalhes importantes.
Ficaríamos muito gratos a qualquer leitor que corrija ou complete o nosso texto.”.


[1] “The Early History of Data Networks”
[2] Um parêntesis para confirmar o que Aniceto Afonso se farta de nos dizer que a história nunca está acabada, Neste livro não há nenhuma referência à telegrafia ótica em Portugal ou Espanha,
[3] Eu não consegui fazê-lo. Apenas o prefácio, (que é precioso) no endereço  http://spinroot.com/gerard/hist.html
[4] Mas não de Portugal.