Em 1 de Outubro, “ASOCIACIÓN DE OPERACIONES DE PAZ DE URUGUAY” publica artigo sobre actividades do BTm 4 e a camaradagem no contingente da ONUMOZ

A “Comissão de História das Transmissões” iniciou no passado mês de Agosto cordiais relações com a “Associação de Veteranos Militares de Operações de Paz do Uruguai – APAVE” que tem por lema “Servimos à la noble causa de la Paz”.

A APAVE transcreveu na sua revista digital “Boina Celeste”, publicada em 1 de Outubro, o artigo “BTm 4 na ONUMOZ” do MGen Pinto de Castro publicado no nosso “site” e os respectivos comentarios, um artigo sobre “Relación de los Portugueses con los Uruguayos Memorias del Sargento (EC) Roberto Tejeira desplegado en el primer contingente en 1993” assim como as mensagens trocadas com a Comissão de História das Transmissões (ver em Gaceta Digital Boina Celeste Pág 27 a 36).

O Coronel Alberto Damiano, Ilustre Secretário da APAVE, enviou-nos a seguinte mensagem em que se destaca:

“Ha sido una satisfacción para nosotros poder dar a conocer las actividades realizadas por ambos contingentes durante aquella misión, que llevamos a cabo de manera satisfactoria. Este artículo no solo resalta el esfuerzo conjunto, sino que también celebra la camaradería y el compromiso que caracterizan a nuestras fuerzas en el cumplimiento de la noble causa de la paz.

De más está decir que nuestra revista se encuentra a las órdenes, en el caso de que algún integrante de vuestra prestigiosa institución quisiera publicar alguna historia de vida, relacionada con aquellas operaciones de paz que hemos compartido conjuntamente.

Aprovecho esta oportunidad para hacerle llegar la foto de una hoja de un periódico de la época, donde encontrará una nota relacionada con su unidad. Estoy seguro de que será un recuerdo valioso que atesorará.”

Transcrevemos o texto do Jornal de Joanesburgo publicada em 24 de Maio de 1993, onde se pode ler um artigo sobre a vivência dos 130 militares, chegados ao estacionamento da Matola em 5 de Maio, sem uma definição do local definitivo do aquartelamento por parte da estrutura civil da ONUMOZ.

“Como vivem os militares do Batalhão de Transmissões

Os soldados portugueses do Batalhão de Transmissões 4 (BT4) destacados em Moçambique no âmbito da Onumoz, diferenciam-se das restantes tropas das Nações Unidas por uma maior capacidade de «adaptação ao terreno».

Os «tugas» vivem em tendas de campanha, comem em marmitas militares e cortam garrafas de plástico da água engarrafada para servir de copos, mas cultivam um fino humor sobre as suas ainda deficientes condições de instalação.

A missão técnica de que foram incumbidos está em vias de ser completamente implementada, com sistemas de comunicações já estabelecidos entre o Comando Central da Onumoz em Maputo e os Comandos Regionais nas Cidades da Beira, Nampula, Inhambane, Chimoío e Tete.

As ligações directas entre a Unidade e Lisboa também foram já estabelecidas em boas condições técnicas, sendo de esperar que s curto prazo os efectivos do 8T4 possam passar a falar regularmente com as famílias em Portugal em condições a estabelecer.

A fase seguinte a curto prazo, será manter as ligações entre Maputo e a Região Sul da País, após o que estará montado o «esqueleto» completo da rede de telecomunicações que permitirá à Operação das Nações Unidas em Moçambique (Onumoz) um perfeito domínio a nível das comunicações.

No entanto os militares portugueses são dos mais mal instalados em Moçambique. Numa visita ao acampamento da Matola verificou-se que, contudo, o moral das tropas é elevado e que a situação está em vias de ser ultrapassada. O comandante da Unidade, tenente-coronel Pinto de Castro, disse que as dificuldades foram originadas pelo facto de o local atribuído pela Onumoz para a instalação do contingente ser provisório e não dispor das mínimas condições básicas.

O 8T4 foi instalado provisoriamente num terreno baldio situado a cerca de 10 quilómetros de Maputo, sem infraestruturas sanitárias de qualquer tipo. A expectativa de mudança de local atrasou a instalação final do aquartelamento, com reflexos na comodidade das tropas.

As Nações Unidas comunicaram oficialmente ao Comando do Batalhão de Telecomunicações (BT4) que este local de acantonamento, inicialmente provisório, passou a ser definitivo. Isso permitirá aos militares lusos organizarem melhor, do ponto de vista profissional, o cumprimento da missão.

Ao contrário dos soldados de outras nacionalidades estacionados em Moçambique. os «portugueses» alugam do seu próprio bolso os quartos de hotel para poderem tomar banho, comerem em marmitas militares por falta de pratos, mas cumprem rigorosamente a missão para qua foram destacados.

Em contrapartida, a alimentação dos efectivos do BT4 é de boa qualidade. Os homens encaram as actuais dificuldades com um certo humor e a máquina nas telecomunicações internas da Onumoz está practicamente instalada.

Algum até já começaram a alugar casas na periferia do acampamento militar por ser mais cómodo do que viver em tendas de campanha superlotada e onde a capacidade para seis pessoas chegou, no início, a ser estendida a 16 homens.

A explicação é que, na expectativa de mudarem de local, os soldados do BT4 acharam ser um desperdício de energias descarregar todo o material dos contentores para, logo de seguida, terem de voltar a «encaixotar» os equipamentos.

Os homens do Batalhão português, que levaram alimentação congelada para 21 dias, estão a gastar estas reservas enquanto esperam por reabastecimento logístico da ONUMOZ. Quarta-feira almoçaram «frango à Monchique», mas há alguns dias a refeição foi «bacalhau à lagareiro».

Após definição de que o actual local do acampamento será o definitivo, o único problema passou a residir na expectativa de que as Nações Unidas, entidade responsável pela tarefa, proceda à construção das infraestruturas sanitárias básicas no terreno onde as tropas estão acampadas.

«Nós não estamos chateados por estar aqui, afinal esta é a nossa vida como militares. Precisamos é de condições sanitárias para não virmos a enfrentar problemas de doenças», disse um oficial do BT4.

O Batalhão de Telecomunicações português inclui alguns militares jovens, mas a maioria dos seus oficiais e sargentos especialistas já cumpriu missões em África e tem por isso uma desafogada capacidade de «adaptação ao terreno».

A Unidade possui cerca de 130 homens em Maputo, 80 na Beira, 80 em Nampula e pequenos destacamentos de especialistas em Inhambane, Tete e Chimoio para apoiar os Batalhões de Infantaria da Itália e do Botswana.

No acampamento militar, oficiais, sargentos e soldados lavam as suas marmitas depois de terminada a refeição e confundem-se no refeitório improvisado sob uma grande tenda de campanha. A comida é igual para todos e o próprio comandante do Batalhão, tenente-coronel Pinto de Castro, almoça com as tropas.

Apesar de terem chegado há mais de 15 dias atrás, o pão que comem é ainda do que veio congelado de Portugal a fruta comprada localmente e o vinho, em pequenas embalagens, é distribuído individualmente às refeições.

A água que bebem é engarrafada, mas é distribuída gratuitamente às horas de refeição, depois disso tem de ser paga ao custo de 65 escudos por cada garrafa de litro e meio, num País onde o calor abrasa.

Por enquanto os homens ainda não começaram a receber correio da família através do sistema militar. Também não podem telefonara para casa diretamente do acampamento, ao contrário dos soldados italianos que podem fazê-lo durante seis minutos por semana, gratuitamente e por via satélite.

O campo é iluminado por geradores transportados de Portugal, mas a água tem de ser carregada duas vezes por dia em carros cisterna do Batalhão de muito longe. A quantidade é insuficiente para possibilitar que todos tomem banho no mesmo dia em condições desejáveis.

Face às dificuldades relativas do campo, há oficiais, sargentos e praças do BT4 hospedados nem permanência em hotéis da Cidade de Maputo, mas a expensas próprias. Aos fins de semanas, usufruindo de dispensa, muitos dos efetivos do Batalhão hospedam-se temporariamente na cidade.

Isto não é um caso de espantar. Os 53 soldados militares japoneses adstritos à Onumoz estão todos hospedados no Hotel Polana, o melhor da cidade, pagando do próprio bolso e certamente sentindo mais leve o peso da missão.

O BT4 está a desempenhar em Moçambique aquela que é considerada a maior participação lusa num contingente multinacional de paz. O material em uso é inteiramente de fabrico nacional e de tecnologia avançada.

O investimento em equipamento foi superior a um milhão de dólares e a missão do BT4 é classificada em Portugal como um «investimento» no campo das Telecomunicações Militares portuguesas pela sua envergadura.”

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