Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:
Como referimos em post recente, Bon de Sousa aplicou às Transmissões Permanentes do Exército o princípio corrente nas transmissões de campanha dos exércitos da época da sobreposição de meios de transmissões.
Entre os vários meios que introduziu encontra-se o telégrafo ótico, que a partir de 1855 tinha sido progressivamente abandonado em Portugal, face às indiscutíveis vantagens do telégrafo elétrico.
É curioso verificar que os telégrafos usados por Bon de Sousa eram ainda mais simples que os telégrafos usados pelo Corpo Telegráfico, desenvolvidos por Francisco Ciera que pretendia que fossem os telégrafos mais simples que existiam na época.
A maior simplicidade dos novos telégrafos óticos introduzidos por Bom de Sousa resulta de utilizarem o código Morse (que só necessita de dois tipos de sinais – o ponto e o traço) enquanto que os telégrafos de Ciera usavam 6 sinais deferentes para a transmissão da mensagem, o que obrigava a maior complexidade.
Tratava-se de dois telégrafos óticos de madeira, que segundo Afonso do Paço, um dos quais “era composto por um mastro de 9 a 10 m de altura e 0,20 m de grossura no pé, com dois braços móveis um dos quais é pintado de vermelho que se colocam perto da extremidade superior. Os sinais executavam-se com estes dois braços fazendo-os mover por meio de adriças, até formarem com o poste ângulos retos e de 45º graus combinados. Estes movimentos davam o ponto e o traço do alfabeto morse.” (Ver a fig 2ª)
O segundo é descrito assim: “O outro telégrafo tinha em substituição dos braços um disco de zinco pintado de vermelho de um lado e de branco no outro que dava meia volta completa para mostrar qualquer das cores para representar o ponto e o traço.” (Ver a fig 1ª)
Em Janeiro de 1884 foi ensaiado o projeto de um posto semafórico, indicado o peso provável e altura para ser vista bem ao longe , por não haver óculos que permitissem ver aparelhos daquele tamanho.
Foram instalados telégrafos na Penha de França (onde se encontrava a Direção do Serviço) e em vários quartéis – Castelo de S. Jorge, da Graça, dos Quatro Caminhos (no local do atual RTm), Vale do Pereiro, Campolide e Monsanto.
Havia alguma dificuldade na utilização destes equipamentos não só pelo peso dos mastros (70kg) mas também por serem cansativos de operar.
Não conseguimos obter qualquer notícia sobre a duração ao serviço destes telégrafos.
Penso poder acrescentar-se mais uma vantagem aos telégrafos que usavam o código Morse: com o Morse pode-se transmitir um texto e lê-lo directamente; com o telégrafo de Ciera era preciso recorrer a um código. De facto os sinais transmitidos eram palavras ou números, cujos significados se encontravam escritos num código. Essas palavras/números funcionavam como chaves de descriptação.