Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:
Os primeiros telégrafos que apareceram teriam sido inventados por Eneias[1], que em 350 AC escreveu um livro de estratégia militar, A Arte da Guerra, parte do qual chegou aos nossos dias, mas não a que contém a descrição deste telégrafo.
A descrição do telégrafo de Eneias – o telégrafo hidráulico – foi feita pelo historiador grego Políbio (200-118AC) dois séculos depois.
Convém acrescentar que o telégrafo se destinava a melhorar a indicação dada pelas almenaras que era de que “havia qualquer problema grave” mas sem dizer mais do que isso.
Segundo Políbio o que o telégrafo de Eneias permitia era dar informações pré determinadas como: “a primeira: A Cavalaria chegou ao país, a segunda: a infantaria pesada, a terceira: a infantaria leve armada, a quarta: infantaria e cavalaria, a quinta: navios, a sexta: milho e outras”.[2]
Na figura mostra-se o telégrafo hidráulico que era utilizado, juntamente com a sinalização por um facho que vemos na mão esquerda do operador.
O sistema compreendia dois recipientes de barro iguais colocados um no remetente outro no destinatário e que eram inicialmente cheios de água.
No interior de cada recipiente era colocada uma rolha de cortiça com uma haste saliente, como se vê na figura. Á medida que se retirava água do recipiente a haste descia e permitia assinalar uma das “informações predeterminadas” assinaladas na haste pelo seu número.
Para se transmitir a mensagem era preciso assegurar o sincronismo da abertura e fecho das torneiras na estação emissora e na recetora.
Para isso o operador da estação emissora ao mesmo tempo que abria a torneira mostrava o facho. O recetor abria imediatamente a torneira do seu recipiente. Quando chegava ao nível correspondente à “informação predeterminada” que se pretendia transmitir o operador baixava o facho, que era o sinal para o operador da estação recetora fechar a torneira e perceber qual era o número da informação pré definida.
Mas não se ficaram por aqui as realizações de Eneias ligadas às transmissões, narradas por Políbio, como é o caso da célebre “tabela de Políbio”. [3]
Esta tabela além de permitir reduzir o número de fachos necessários para transmitir as letras do alfabeto, constituiu um dos primeiros sistemas de cifra utilizados.
A tabela que permite representar as letras através de números é, por exemplo, a seguinte:
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
|
1 |
a |
b |
c |
d |
e |
2 |
f |
g |
h |
ij |
k |
3 |
l |
m |
n |
o |
p |
4 |
q |
r |
s |
t |
u |
5 |
v |
w |
x |
y |
z |
Cada letra é representada por dois números, representando o primeiro a linha e o segundo a coluna. Por exemplo h é representado por 23 e r por 42.
[1] PEHRSON, Gerald j Holzman Bjorn, The Early History of Data Networks, 1994, pág.29, que mos explica que este Eneias não tem nada a ver com a Eneida de Virgílio.
[2] Isto é a tradução integral que não é muito percetível, Presumo que “Infantaria pesada” signifique que se avistou a sua aproximação…
[3] Políbio parece ter sido o narrador e não o autor.