No post “Os Pioneiros da TSF – Introdução”, já tinha feito referência à descoberta de Hughes, por ser minha intenção não o incluir nesta lista dos pioneiros da TSF. No entanto, pensando melhor, achei que tal seria injusto e, por isso, aqui fica a homenagem a tão ilustre inventor.
Hughes nasceu em Londres em 1831 mas emigrou apenas com sete anos, com a família, para os Estados Unidos. Regressou a Inglaterra em 1877, onde veio a falecer em 1900.
Era professor de música e executante de harpa, segundo a tradição da família. Não teria grande bagagem matemática, mas a sua intuição e curiosidade técnica levaram-no a invenções importantes, sobretudo no domínio das comunicações eléctricas.
Em 1855, ainda nos EEUU, inventou um telégrafo impressor, que permitia enviar mensagens, digitando em teclas, correspondentes às letras do alfabeto e outros símbolos gráficos, e receber mensagens escritas numa fita de papel. Tal invenção , que ficou conhecida como telégrafo de Hughes, foi de facto a invenção do teleimpressor ou telex, como ficou mais tarde conhecido.
Deu uma contribuição decisiva para a invenção do microfone de carvão.
Logo após o seu regresso a Inglaterra, em 1878, dedicou-se a tentar resolver o problema principal do telefone, que estava a dar os primeiros passos, e que era a fraca sensibilidade do microfone.
Os microfones usados nos primeiros telefones consistiam numa solução líquida que banhava um estilete metálico. Este estava ligado a uma membrana que ao vibrar, em função do som , fazia com que o estilete entrasse e saísse do líquido, fazendo com que a resistência de contacto entre o estilete e o líquido variasse ao mesmo ritmo.
Hughes experimentou substituir este sistema por um outro constituído por barras de carvão prensadas entre duas chapas do mesmo material, obtendo resultados muito melhores.
As suas experiências são paralelas às de Edison que acabou por descobrir e patentear o microfone de grânulos de carvão que foi usado nos telefones desde 1878 até à década de 1980
Foi enquanto trabalhava no aperfeiçoamento do microfone que Hughes observou que uma descarga eléctrica, sob a forma de faísca, provocava um ruído num telefone vizinho. Ele conhecia os trabalhos teóricos de Maxwell, publicados em 1865, que previam a existência das ondas electromagnéticas e admitiu que tais interferências fossem provocadas por essas ondas. Imaginou mesmo uma forma de transmitir sinais morse utilizando o que observara e tratou de demonstrar a sua descoberta a pessoas eminentes da época, entre elas William Spottiswod (presidente da Royal Society), Prof Huxley e Sir George Gabriel Stokes, transmitindo sinais até 460 metros de distância e evidenciando a variação da força do sinal com a distância. Hughes defendeu que os sinais transmitidos estavam baseados nas ondas electromagnéticas mas os seus pares consideravam que se tratava do fenómeno, já conhecido, de indução electromagnética. Como não os conseguiu convencer, recusou publicar qualquer trabalho sobre o assunto, vindo a fazer apenas menção dele numa carta de 1899.
Quando Hertz publicou os seus trabalhos, aceitou-os com humildade científica nunca questionando a atribuição da descoberta das ondas electromagnéticas a Hertz.
Se Hughes tivesse tido a ousadia de seguir em frente, mesmo contra a opinião dos seus pares, provavelmente hoje falaríamos das ondas “hughesianas” em vez de hertzianas.
Mais um excelente artigo. Gostei particularmente das “ondas hughesianas” 🙂
A não ser que vejas nisso inconveniente, vou colocar no final uma imagem do raro e belíssimos telégrafo de Hughes que faz parte da CV do RTm, tenho é que re-fotografá-lo primeiro.
A proposta do Canavilhas acho que faz todo o sentido, até porque é bastante diferente do da figura que consegui arranjar
Como já tive ocasião de comunicar pessoalmente ao autor, durante a gratificante visita que o General Comandane da Academia Militar nos proporcionou, parece-me importante destacar dois aspetos esenciais neste post;
O primeiro é o seu conteúdo que noticia o pioneirismo de Hughes na área da TSF que só não foi para a frente devido à incredulidade e oposição dos seus “amigos” se ter revelado mauis forte do que a peresistência de Hughes,
O segundo é a forma, dado que se notam evidentes progressois na escrita do MGen Carlos Alves, nomeadamente na sua capacidade de síntese, que estamos seguros não ficarão por aqui.