Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:
Este Museu foi inaugurado pelo rei D. Manuel II, em 27 de setembro de 1910, cerca de uma semana antes da implantação da República, e na comemoração do primeiro centenário da Batalha do Buçaco, que se deu no decurso da 3ª Invasão invasão francesa e constituiu a maior batalha que se verificou em território nacional. (1)
Nesta batalha, as tropas do exército anglo-luso, comandadas pelo general inglês Arthur Wellesley, futuro duque de Wellington, ocupando uma posição de terreno favorável, nas alturas da serra do Buçaco, enfrentaram o exército francês, comandado por Massena, vindo de Almeida e Viseu e infligiram-lhe uma clara derrota, das primeiras sofridas pelas tropas napoleónicas, até aí consideradas invencíveis. (2)
O Museu é relativamente pequeno mas contém o precioso espólio recolhido da Batalha. Nas comemorações do bicentenário da batalha, em 2010, o Museu sofreu uma importante remodelação, desta vez inaugurada pelo presidente da Republica Cavaco Silva.
Tive ocasião de visitar o Museu uns anos antes, o que me permitiu apreciar o enorme salto qualitativo que o Museu deu com a remodelação que o tornou francamente mais interessante para quem o visita.
Com efeito o Museu, antes de 2010, era apenas una colecção importante de material de guerra, equipamentos, estandartes, insígnias, uniformes e documentos da época.
Hoje é muito mais do que isso. A diferença fundamental é que, para além das colecções apresentadas houve a grande preocupação de as enquadrar na história da época, através de meios audiovisuais, acionados pelos visitantes, caso o pretendam fazer.
Acontece que estes vídeos estão muito bem feitos, e são apresentados pelo coronel de Infantaria reformado e historiador Américo José Fernandes Henriques. Os temas à disposição do visitante, para além da descrição da batalha, são, entre outros, a narrativa dde cada uma das 3 invasões, a logística das forças anglo-lusas e dos franceses e o importante papel da guerrilha, coordenado pelo exército anglo-luso,na luta contra os franceses.
De realçar que o coronel Henriques é um excelente comunicador, os textos usam uma linguagem acessível, são relativamente breves, fáceis de entender e interessantes.
Há também à disposição do visitante descrições do funcionamento das principais armas utilizadas na época, apresentadas em televisores pequenos junto aos equipamentos expostos.
Permito-me destacar duas maquetes sobre os principais ataques desencadeados na batalha pelas tropa francesas na Batalha e ainda uma peça de artilharia e a sua guarnição, que se apresenta na gravura junta.
Em resumo as modificações feitas no Museu do Buçaco em 2010, nas comemorações do bicentenário da Batalha que consistiram, fundamentalmente, na conjugação da colecção valiosa colecção existente no Museu com o vector história (muito bem assumido pelo cor Henriques) que lhe deu outra dinâmica e interesse.
A visita ao Museu torna-se assim francamente agradável e instrutiva, notando-se perfeitamente o esforço feito para a tornar perceptível a qualquer visitante interessado, pelo que recomendo francamente a visita a quem o possa fazer.
Mas, para mim, a passagem por este Museu fez-me pensar que muitas das numerosas colecções visitáveis que existem nas unidades do Exército só ganhariam se fossem complementadas com uma narrativa histórica, com a qualidade da que o coronel Henriques introduziu no Museu Militar do Buçaco.
(1) Os efetivos envolvidos eram 65.050 franceses, contra 52.272 do exército anglo-luso, dos quais 25.429 eram portugueses e 26.843 ingleses
(2) Os franceses tiveram 4.486 baixas, incluindo cinco generais. Os Aliados tiveram 1.252 mortos e feridos durante esta batalha, que é considerada um modelo defensivo.
Julgo que deveria estar “infligiram” em vez de “infringiram”. Um pequeno lapso, talvez.
Surpreende-me que o meu comentário tenha sido eliminado e a sugestão não aceite. Para que não restem dúvidas, agradeço o favor de conferierem:
Infligir ou infringir?
Estas duas palavras existem na língua portuguesa e estão corretas. São palavras com significados diferentes, devendo ser usadas em situações diferentes. O verbo infligir se refere ao ato de aplicar um castigo, uma pena, causando dano, prejuízo ou sofrimento a alguém. O verbo infringir se refere ao ato de transgredir, desobedecer, desrespeitar alguma lei, regra ou ordem.
O seu anterior comentário não foi eliminado, simplesmente ainda não tinha sido aprovado, por o responsável ter estado fora, sem acesso ao computador. A “sugestão” foi portanto logo aceite. Lapsos acontecem constantemente (ver “conferierem”). Mas obrigado por estar atento e procurar ajudar, apesar de não ser necessária a explicação.
O meu “lapso” (leia-se erro de ortografia/gralha) foi cometido numa noite de insónia, salvo erro às 3 e meia da manhã. Foi imediatamente notado, mas, ao contrário do outro, não tinha possibilidade de correcção. E não havendo mais diligências a efectuar…