Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:
Num comentário ao post de 25 de janeiro de 2013, do coronel José Canavilhas (clicar aqui, para consultar) informei que tencionava, na primeira oportunidade, visitar o Museu da Guerra Colonial.
A oportunidade surgiu estas férias, pelo que tive o prazer de, recentemente, visitar o museu, na companhia de 5 familiares (nenhum deles militar). Todos, sem exceção, gostaram da visita, pelo que passei a considerar (apesar da escassez da amostra) que o museu era suscetível de ser atrativo para um público mais vasto do que o militar.
O presente post pretende apresentar uma breve descrição do Museu, que nos causou uma impressão francamente favorável, contribuindo assim para uma merecida divulgação deste Museu, através deste Blogue.
Trata-se de um Museu, feito com meios relativamente modestos, de entrada gratuita, onde me pareceu clara a preocupação de mostrar ao visitante, de forma interessante, alguns aspetos relevantes da Guerra Colonial. É também um Museu em evolução no sentido da sua expansão.
O Museu, não foi criado para apresentar uma coleção de material previamente recolhida, como sucede em muitos outros museus, mas assumidamente para dar corpo ao projeto de “ Guerra Colonial uma história para contar”. Neste caso o contar a história passou a ser o essencial e, com isso, a visita ganhou outra coerência e interesse.
O projeto surgiu no Externato Infante D. Henrique de Ruilhe, em Braga, com a participação de alunos e professores, dentre os quais se destaca o Dr. António Lajes, diretor científico do Museu.
A criação do Museu resultou de uma parceria entre o Externato Infante D. Henrique, a Associação dos Deficientes das Forças Armadas e a Câmara Municipal de Famalicão.
O Museu está situado na freguesia do Ribeirão, a cerca de 6km do Centro de Famalicão, e é constituído por duas grandes salas.
Na primeira sala (uma parte da qual é apresentada na figura) é apresentada uma desenvolvida cronologia da Guerra Colonial, uma descrição dos Movimentos de Libertação nos 3 Teatros de Operações, uma listagem dos militares mortos na Guerra Colonial, uma representação da Força Aérea bem como os seguintes temas:
- Embarque
- Operações Militares
- Dia- a- Dia
- Religiosidade
- Nativos
- Ação Psicológica
- Correspondência
- Horrores Ferimentos Guerra e Morte
- Fim do Império – 25 de Abril de 1974
- Anexo Militar (que funcionava na Rua de Artilharia 1 e era uma espécie de hospital de convalescentes resultantes da Guerra)
- ADFA
- Stress de Guerra
Em relação a cada um destes temas é apresentada uma fotografia bastante ampliada e um texto explicativo e, sempre que possível, documentação apropriada.
A segunda sala que, embora aberta ao público, neste momento ainda não se encontra concluída, contem uma representação da Força Aérea (que inclui um helicóptero Alouette 3 e um paraquedas aberto pendente do teto) e o material de Transmissões que foi recebido por doação, conforme se indica no post de 25 de janeiro deste ano. Este material está apenas exposto, aguardando a sua etiquetagem, que nos afirmaram estar em preparação.
Há assim, presentemente, um claro contraste entre as duas salas. Na primeira sala predominam os elementos gráficos (fotografias alusivos e textos explicativos do respetivos temas), na segunda predomina a apresentação do material sem textos explicativos.
Ou seja enquanto que na primeira sala se procura seguir o projeto para o qual surgiu o Museu “A Guerra Colonial uma história para contar” e isso é traduzido nas narrativas que se apresentam para cada um dos temas, na 2ª sala, a história não está ainda contada pois apenas temos o material exposto.
No caso das Transmissões tenho esperanças que não se fique pela simples etiquetagem dos equipamentos expostos, mas se conte a história da evolução notável que se verificou nas transmissões de campanha e permanentes do Exército na Guerra Colonial e da importância que essa evolução teve na condução operacional e logística da guerra.
Para além do interesse da visita, que assinalámos, é importante realçar o mérito da ideia, que me parece exemplar, de fazer um museu para contar a história da Guerra Colonial e levar a ideia até ao fim, apesar da modéstia dos meios disponíveis.
De assinalar também que o aparecimento deste primeiro Museu sobre a Guerra Colonial é também valorizado por surgir em Portugal que não tem ainda qualquer Museu dedicado exclusivamente à Grande Guerra , aos Descobrimentos, à Guerra da Restauração, ou até à História do Exército…