Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:

No Museu Bordalo Pinheiro, em Lisboa, visitei uma exposição temporária, dedicada á obra de Menezes Ferreira (1889-1936), integrada na evocação da participação portuguesa na Grande Guerra.

Menezes ferreira, capitão de artes
Menezes Ferreira, capitão de artes

Trata-se de um artista pouco conhecido e a exposição, anuncia o Museu, é inédita. Pela minha parte, sobre a Grande Guerra, apenas conhecia os trabalhos de Sousa Lopes (1879-1944).

João Guilherme de Menezes Ferreira foi aluno do Colégio Militar (aluno nº 132 de 1900, tendo mais tarde escrito “As tradições do Colégio Militar”), militar de carreira, foi um republicano convicto, participou na revolução de 5 de outubro de 1910 e, durante a Grande Guerra, fez parte da primeira força expedicionária enviada para Angola, comandada por Alves Roçadas, onde combateu na batalha de Naulila. Depois esteve em Tancos, na preparação do CEP, no chamado “milagre de Tancos”, esteve integrado num Batalhão do CEP como tenente e capitão de metralhadoras e, depois da batalha de La Lys, participou na reorganização do que restava do CEP.

O lanzudo da Luiza (metralhadora Lewis)
O lanzudo da Luiza (metralhadora Lewis)
La Couture no 9 de Abril, Um posto de Honra
La Couture no 9 de Abril, Um posto de Honra

Depois do 28 de maio de 1926 envolveu-se numa conspiração contra o novo regime tendo sido castigado com alguns meses de suspensão.

Na exposição, organizada pelo Museu Bordalo Pinheiro, apresentam-se alguns trabalhos deste artista militar inspirados na sua experiência vivida, durante a guerra, na frente angolana e europeia.

Como artista destacou-se no desenho, caricatura, por vezes humorística e na pintura, na parte final da sua vida. Menezes Ferreira foi membro fundador da Sociedade de Humoristas Portugueses, presidida pelo seu amigo Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro (artista e filho do mestre Rafael)

Escreveu algumas publicações que ilustrou com mestria. Uma delas foi o livro “João Ninguém, soldado da Grande Guerra”, que publicou em 1921. Não se trata, segundo o autor, de um trabalho de história, mas de um relato do quotidiano do soldado português na Flandres, escrito em linguagem acessível, para um público vasto, incluindo crianças.

Este livro está acessível na Net e pode ser consultado aqui. Tive ocasião de o ler, o que me levou a estar de acordo com o historiador David Castaño, que prefaciou uma edição recente deste livro e que afirmou ser o livro “um excelente ponto de partida para todos aqueles que pretendem conhecer melhor este período da história contemporânea.”

As imagens anteriores e as que se seguem, de algumas das excelentes ilustrações do livro, pretendem mostrar a sua qualidade:

Uma visão de Aire Sur La Lys
Uma visão de Aire Sur La Lys

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3 comentários em “Menezes Ferreira e a Grande Guerra

  1. Apenas duas observações sobre este post.
    A primeira para informar que, para mim, o maior interesse deste post resulta da qualidade das imagens apresentadas e inseridas no texto, o que se deve inteiramente ao coronel Canavilhas, que as selecionou e inseriu no texto, com a sensibilidade e gosto que se conhece. Mesmo em relação ao texto ele propôs algumas achegas que o valorizaram.
    O seu a seu dono.
    Para o caso de este post despertar o interesse pela obra de Menezes Ferreira informo que a exposição temporária continuará patente ao público, no Museu Bordalo Pinheiro até 23 de Novembro.

  2. Agradeço ao Dr. Alpuim Botelho, mais esta gentileza, a juntar à de ter sido o grande responsável pelo gosto que tive em conhecer a obra de Menezes Ferreira, por me ter convidadado e feito uma visita guiada à exposião temporária do Museu Bordalo Pinheiro, que dirige.
    A respeito do “João Ninguém” aproveito para referir que o livro se encontra exposto na excelente exposição relativa à Grande Guerra, patente ao público na Assembleia da República, e que tive o prazer de recentemente visitar..

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