Memórias do major-general José Diniz da Costa sobre o processo de sustentação logística de teleimpressores electrónicos[1]

O Exército adquiriu inicialmente, à Siemens, teleimpressores eletrónicos T1000 para as transmissões permanentes (STM) e, posteriormente, T1000Z para a campanha. A mudança da tecnologia mecânica para a tecnologia digital nos teleimpressores obrigava a uma inovação profunda nos processos da operação, da logística, da manutenção e da formação.

Ao regressar em 1979 de um estágio na Siemens, em Munique, com muitas ideias e uma enorme vontade de inovar, encontrei como interlocutor, o Tenente-Coronel Rodrigo Leitão, com quem muito dialoguei e discuti e que, além da paciência de me ouvir, muito me incentivava. Considerando as características tecnológicas dos novos teleimpressores, designadamente a sua estrutura modular, concebemos uma linha estratégica assente nas seguintes ações: defender a manutenção dos equipamentos telegráficos, mesmo os de campanha, em Portugal e em instalações do Exército; instalar uma oficina centralizada no DGMT, não só para a manutenção dos teleimpressores de campanha (T1000Z) como os das transmissões permanentes T1000); dotar a oficina de capacidades idênticas às das oficinas da Siemens, em Munique; criar um novo perfil de formação técnica para os sargentos técnicos de manutenção de teleimpressor.

Começámos por conceber a instalação de uma oficina de manutenção no DGMT que satisfizesse a classificação de segurança exigida pela NATO para o T1000Z, definimos uma lista de equipamentos de teste e uma bancada inovadora que servisse para todo o tipo de oficinas de electrónica da Arma. Com recurso a um modelo de bancada desenvolvido em revista que me foi disponibilizada pela Siemens em Munique, projetou-se uma nova bancada de acordo com as boas práticas ergonómicas.

Ao longo do tempo, após me afastar da área dos teleimpressores, pude constatar que o projeto que ajudei a delinear com o Tenente Coronel Rodrigo Leitão deu os seus frutos:

– A oficina centralizada no DGMT serviu para a manutenção de apoio geral dos equipamentos do STM (T1000) e da campanha (T1000Z) e permitiu uma redução de pessoal. Deve-se aqui referir o importante papel desempenhado pelo sargento de manutenção de Tm António Cravinho na consolidação do processo de manutenção e como, durante muitos anos, o responsável técnico pela oficina de teleimpressores;

– Os cursos de manutenção de teleimpressores electrónicos foram criados e posteriormente integrados nos cursos de manutenção dos técnicos da Arma de Tm;

– O modelo de bancada oficinal criado em 1980, ainda hoje equipa as oficinas de electrónica da Arma de Transmissões.

[1] Diniz de Costa – O teleimpressor da mecânica à eletrónica, Ciclo de Conferências “Ciclo de Conferências “I Semana da Arma – 2.º Vol.”, Escola Prática de Transmissões, Porto, março de 1980; Memórias, mail de 21Nov2020