1. Organização
1.1 Escalão
Destacamento do Serviço de Telecomunicações Militares (STM)
O Comandante do Destacamento do STM (CAPITÃO) era simultaneamente Subchefe da Delegação do STM, reportando por isso ao respectivo Chefe de Delegação, função esta que o Comandante das Transmissões do Comando Territorial Independente da Guiné (CTIG) exercia cumulativamente (Major (Eng.) Pires Afonso e, na parte final, Major (Eng.) Silva Ramos).
1.2 Dependências
A dependência do Chefe da Delegação do STM do (CTIG) em relação à Chefia do Serviço de Telecomunicações Militares em Sapadores/Lisboa era puramente técnica. A prática do Chefe da Delegação (que raramente intervinha nos problemas técnicos do Destacamento do STM) era veicular os assuntos para Lisboa pelo canal de comando, na sua capacidade de Comandante das Transmissões.
1.3 Dispositivo
Em Bissau e dentro da área do QG/CTIG ficavam instalados os vários órgãos que integravam o Destacamento (Comando, Depósito, Centro Receptor, Oficinas de HF, VHF, TPF / Central Automática), Oficinas Auto e Eléctrica.
Distando cerca de 2 ou 3 Km do QG, em Antula, situava-se o Centro Emissor para as comunicações com a Metrópole.
Distribuídos pelo território existiam órgãos (Centros de Tm) na dependência directa do comando do Destacamento, instalados em apoio das unidades de escalão Batalhão ou equivalente (como era o caso dos chamados COP – Comandos Operacionais, de comando de Major/Tenente-Coronel escolhidos pelo General Spínola, que criou este tipo de unidade para uma melhor cobertura operacional).
Os Centros de Tm do STM junto dos referidos Batalhões e COP’s garantiam a ligação destes com o QG em Bissau. O escoamento aprontado do tráfego de mensagens pelas redes de HF constituía a principal prioridade.
Dispunhamos, inicialmente, de 3 redes, que depois passei a 4 para diminuir o n.° de postos por rede. Para além de um Agrupamento (em Bafatá), dos Batalões e dos 2 ou 3 COP, cito de memória, locais onde havia Centros de Tm, na dependência técnica do Destacamento do STM (normalmente, de comando de Furriel Miliciano), apoiando as respectivas unidades instaladas: Bafatá, Bolama (Centro de Instrução), Buba, Bula, Catió, Farim, Mansabá, Mansoa, Nova Lamego, S. Domingos, Teixeira Pinto e Tite.
Em determinada altura o Comando Chefe determinou ao QG/CTIG o levantamento de um inquérito para apuramento de grandes atrasos que se verificava no trânsito das mensagens, mesmo para as de maior prioridade. Depois de uma acareação exaustiva ficou demonstrado à saciedade que os atrasos das mensagens não ocorriam nas Redes do STM, mas antes fora do percurso à nossa (STM) responsabilidade.
Nota: Em Buba uma praça radiotelegrafista foi ferida numa coxa quando estava no seu posto de trabalho, por ocasião de uma flagelação ao aquartelamento levada a efeito pelo In.
2. Pessoal
Oficiais:
Comandante do Destacamento — Capitão João Afonso Bento Soares
Adjunto — Tenente Francisco Morais Assis (houve em simultaneidade um outro oficial, Tenente Carlos da Costa Araújo, que houvera sido evacuado para a Metrópole, mas depois regressou ao CTIG, tendo, a instâncias minhas, voltado para o Destacamento, embora o lugar já estivesse preenchido pelo Tenente Assis, que entretanto fora “apanhado” em Bissau quando por ali fez escala com destino a Timor, para onde realmente fora mobilizado.
Apoio técnico TPF – Alferes Miliciano Pina Bastos / Apoio técnico TSF; Alferes Miliciano Quintas; Alferes Miliciano Bono Paula.
Sargentos Radiomontadores:
1.º Sargento Vaz/ 1.º Sargento Alpalhão/ 1.º Sargento Diogo/ 2.º Sargento Pereira/ 2.º Sargento Valadas/ 2.º Sargento Grossinho/ 2.º Sargento Vilhena/ Furriel Miliciano Alves/ Furriel Miliciano Lindolfo/ Furriel Miliciano Zica.
Sargentos T. S. F.:
1,º Sargento Liberal Silva e depois o 1.º Sargento Matos Fernandes os quais trabalharam na chefia da Secretaria do Destacamento/ 2.º Sargento Arcângelo/ 2.º Sargento Eufémio/ 2.º Sargento Melo/ 2.º Sargento Valente/ 2.º Sargento Pestana/ 2.º Sargento Palmeiro/ Furriel Mil Palma/ Furriel Mil Ferreira/ Furriel Mil Romão F. Gomes/ Furriel Mil Simões Gomes/ Furriel Mil José Ramos/ Furriel Mil Pinheiro/ Furriel Mil Vasco Grou/ Furriel Mil Santos/ Furriel Mil Ferrada/ Furriel Mil Rigor Ramos/ Furriel Mil Carlos Alberto/ Furriel Mil Espinheira Gomes/ Furriel Mil Guerreiro/ Furriel Mil Fernando Almeida/ Furriel Mil Brito/ Furriel Mil Pires Lavado/ Furriel Mil Afonso Lopes.
Sargentos da Oficina Eléctrica: 1.º Sargento Guerreiro e 2.º Sargento Margarido.
Sargentos da Oficina Mecânica Auto: 2.º Sargento Pastor e Furriel Miliciano Vítor Jesus Joaquim.
Sargentos da Oficina T.P.F: 2.º Sargento Cotrim/ 2.º Sargento Eugénia/ Furriel Mil. Costa/ Furriel Mil. Ferrão/ Furriel Mil. Almeida Fernandes/ Furriel Mil. Rodero.
Sargentos de Centro de Mensagens: 2.º Sargento Caldas/ 2.º Sargento Mil, Afonso/ Furriel Mil. Mário/ Furriel Mil. Domingues/ Furriel Mil. Gapo/ Furriel Mil. Galamba/ 1.º Cabo Carlos Pinheiro
Sargentos Tm Infantaria: Furriel Mil. Azevedo (chefe do Depósito) e Furriel Mil. Silva.
O Destacamento do STM era uma unidade de rendição individual, pelo que nem todo este pessoal existiu, em simultaneidade, durante os 2 anos em apreço (1968-70). Havendo embora áreas carentes de técnicos (como por exemplo técnicos habilitados para fazer emendas em cabos) pode dizer-se que os recursos humanos eram razoavelmente satisfatórios para o apoio das Transmissões Permanentes ao CTIG.
3. Material e Apoio Logístico
O material do STM era fundamentalmente Rádio e TPF:
- No material rádio havia 1 MARCONI 3,5 KW e 1 MARCONI 1KW para as comunicações com Lisboa;
- As 4 redes HF eram equipadas com Emissores/Receptores diversos, de que recordo os MARCONI H-4000; os KAAR e alguns STANDARD ELECTRIC (Equipamentos de média potência 75 a 100 W), além de alguns AN/GRC-9;
- Havia ainda E/R TR-28 e receptores PEDERSON;
- Também garantíamos uma ligação do QG em Bissau para Cabo Verde (Equipamento de 500 W -?-);
- Dispúnhamos das correspondentes Antenas – Rômbicas, Diedros, Dipolos e RC-292;
- Quanto ao material TPF conseguia manter-se satisfatoriamente a rede de cabos (enterrados e auto-suportados). A Central Automática, de que já não recordo as características, era um ponto fraco, havendo avarias com alguma frequência.
O apoio logístico de Lisboa era lento e difícil pois o material era escasso, face aos vários Teatro de Operações a apoiar. No domínio das Transmissões Permanentes foi, no entanto, possível cumprir a missão, pois os técnicos de manutenção rádio eram bastante competentes, compensando de alguma forma a escassez de equipamentos.
4. Dois Apontamentos
A – Chamadas para a Metrópole
Registo que era muito apreciado pela comunidade militar, nomeadamente o pessoal que vinha do interior do território (“mato”) até Bissau, um serviço que no Destacamento se proporcionava aos fins-de-semana: Ligação telefónica para a metrópole (Unidade de Telegrafistas em Sapadores), onde as chamadas eram encaminhadas para os telefones dos familiares, mediante um esquema devidamente autorizado a nível da Chefia do STM em Lisboa.
B – A Press Lusitânia
Recordemos que naqueles tempos, não havia ainda telemóveis e, pela Rádio, apenas se ouviam algumas notícias em Onda Curta, mas sempre com má qualidade e normalmente a horas impróprias. Eram, por isso, muito apreciadas as notícias que nos chegavam diariamente a Bissau, expedidas de Lisboa, para todo o mundo, em Morse pela Press Lusitânia.
Acontecia que no Destacamento do STM do CTIG procedíamos à sua recepção, interpretação, impressão e à sua posterior divulgação pelas Secções do QG e pelas Unidades Militares de Bissau. Para tanto, constituiu-se uma equipa pluridisciplinar sediada no Centro de Mensagens (CMgs). O seu chefe, 2º Sargento Caldas da Silva, tratava da Expedição pois dispunha, criteriosamente, das viaturas e estafetas do CMgs. Para a recolha, em concreto, do material para a Folha de Notícias, tínhamos o radiotelegrafista IRINEU que era um especialista altamente qualificado para cumprir esta missão, pelo que se encarregava, diariamente, desse serviço.
Este radiotelegrafista tinha uma capacidade de recepção muito acima da média e era extremamente dedicado ao serviço. Notável e imprescindível era, também, o trabalho e a dedicação do 1º cabo Carlos Pinheiro que se encarregava da interpretação de toda informação noticiosa recolhida e a passava à máquina em folhas de stencil que depois colocava no duplicador Gestetner, procedendo à sua impressão.
Na manhã do dia seguinte, à medida que o serviço o permitia, ia-se fazendo a distribuição. Deste modo, o Destacamento do STM, colaborava na difusão das notícias do mundo junto das outras Unidades Militares, um serviço pelo qual nos era testemunhado um grande apreço.
Barcarena, 9 de Dezembro de 2006 (revisto em Outubro de 2024)