No âmbito das celebrações dos 800 anos da conquista da cidade de Lisboa aos mouros (14 de Maio de 1147), realizaram-se em 1947 diversas comemorações, com larga adesão popular, de que se destacam:
– um grande cortejo histórico pelas ruas da capital, com direcção do cineasta e dramaturgo Leitão de Barros, no dia 6 de Julho (cortejo que foi depois repetido a 20 de julho, aquando da visita de Eva Peron a Lisboa), com a participação de representações de todos os territórios ultramarinos que Portugal possuía à época (nesta ocasião, Antonio Lopes Ribeiro realizou para a CML um raro documentário, a cores, que pode ser visto aqui).
– e uma Feira de Amostras, integrada nas mesmas comemorações e realizada nas instalações de Palhavã da Feira Popular (nos terrenos onde hoje se localiza a Fundação Gulbenkian):
O Ministério da Guerra, como outros ministérios, construiu de propósito nas instalações da Feira um pavilhão, onde o público podia observar diversos equipamentos, materiais e actividades do Exército:De destacar, os equipamentos de Transmissões na altura em uso pelo Exército e que eram fabricados nas OGME – Oficinas Gerais de Material de Engenharia (sobretudo telefones e indicadores telefónicos, mas também aparelhagem de laboratório, material rádio e aparelhos ópticos):
Fontes das imagens: Fundação Gulbenkian e Fundação Mário Soares
Bom trabalho, A prova dos nove da preparação e formação que temos tido, e que revela também “amor à arte”
O post do coronel Canavilhas parece demonstrar que, em 1947, se dava relevância suficiente aos equipamentos de transmissões fabricados pelas OGME, para os expor ao público na Feira Popular.
Num país “essencialmente agrícola”, com uma industrialização muito atrasada, não era de estranhar que este fabrico de equipamentos pelas OGME fosse considerado relevante à escala nacional.
É consolador verificar que esta coleção de equipamentos apresentados em 1947 se encontra (julgo que na totalidade) preservados e integrados na Coleção Visitável do RT.
No entanto, por mais que procurasse não consegui encontrar qualquer documento que “contasse a história” da notável capacidade das OGME naquela época nem dos seus protagonistas, sem dúvida pioneiros do ramo de Manutenção das transmissões.
É uma lacuna grave dos meus conhecimentos. Agradeço desde já a algum membro da CHT ou visitante deste blogue que tenha a amabilidade de transmitir alguma luz sobre esta matéria, para mim obscura.