Manuel Afonso do Paço nasceu em Outeiro, Viana do Castelo e faleceu em Lisboa.
Foi mobilizado para a Grande Guerra em 1917 como aspirante a oficial miliciano de infantaria, combateu na batalha de La Lys em 9 de abril de 1918, como alferes do 4º Grupo de Metralhadoras Pesadas, tendo sido aprisionado pelos alemães e libertado em 28 de dezembro.
Após regressar a Portugal, no início de 1919, prestou serviço na GNR durante cerca de dois anos e depois ingressou na Escola de Guerra, tendo concluído o curso de Administração Militar em 1923, já promovido a tenente miliciano. De seguida foi colocado na Escola Prática de Administração Militar com o posto de alferes do Quadro Permanente, conservando a patente de tenente miliciano.
Em 1925 iniciou um longo período de 28 anos como professor do Instituto Profissional dos Pupilos do Exército (IPPE), acumulando com outras funções até 1951.
Nesse mesmo ano foi colocado na Inspeção do Serviço Telegráfico Militar como Tesoureiro, tendo iniciado “a colheita de elementos para a história dos serviços a seu cargo”, visando estudar “a evolução das comunicações militares de relação em Portugal, que estava ainda por fazer”.
Em setembro de 1926 foi colocado no Regimento de Telegrafistas, recém-criado e instalado no quartel da Cruz dos Quatro Caminhos, em Lisboa, que em 1940, no mesmo local, passou a Batalhão. Em ambas as Unidades desempenhou as funções de Tesoureiro, até 1946, e depois foi chefe da Contabilidade do Batalhão de Telegrafistas durante três anos.
Após breves passagens pela Direção do Serviço de Administração Militar (1949-1951) e pelo IPPE (em exclusividade de funções), foi promovido a tenente-coronel em 1953, tendo sido colocado no Secretariado-Geral da Defesa Nacional, como vogal efetivo da Comissão de História Militar.
As mais de duas décadas em que trabalhou ao lado dos telegrafistas contribuíram para reforçar o seu empenho e entusiasmo pela investigação histórica sobre as transmissões militares. O livro “As comunicações militares de relação em Portugal” (Lisboa, 1938), em que descreve detalhada e ilustradamente a história “dos Serviços Telegráfico e Rádio-Telegráfico de Guarnição, dos Pombais Militares e do Serviço Óptico” constitui uma obra fundamental e única para o conhecimento das realizações dos pioneiros das transmissões no nosso país.
Estudou Filologia Românica na Universidade de Lisboa e dedicou-se essencialmente à História e à Arqueologia, tendo sido membro de 14 instituições, portuguesas, espanholas, francesas, inglesas e alemãs, onde frequentou cursos e foi consultor e conferencista.
No âmbito da Arqueologia, que constituiu a sua verdadeira paixão desde 1929, efetuou diversas investigações ao longo do país, que o projetaram internacionalmente e o colocaram na lista dos arqueólogos mais conceituados do seu tempo. Ficaram célebres as escavações arqueológicas do Campo de São Jorge, onde se deu a batalha de Aljubarrota, que desvendaram o modo como a batalha decorreu e foram objeto de várias exposições e conferências no país e no estrangeiro.
Além de arqueólogo e historiador foi cronista de guerra, filólogo, etnólogo, antropólogo, numismata, epigrafista e filatelista.
Tem o seu nome em ruas e praças de várias localidades do país.
Foi agraciado com as seguintes condecorações: Cruz de Guerra de 2ª classe, Ordem Militar de Avis (grau Cavaleiro), Medalha de Prata de Serviços Distintos com Palma, Medalha de Comportamento Exemplar do Corpo Expedicionário Português e Medalha da Vitória.
Extrato do Livro:
DCSI, 2023. Arma de Transmissões – 50 anos “Por Engenho e Ciência”, Vol. II, pp 346 e 347