Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:

Elvas, desde o princípio do século XIX (1810-1811), dispunha de uma estação visual terrestre, integrada na rede Lisboa – Almeida, que tinha uma ligação de Santarém para Elvas.

Quando no Exército, em 1873, foi reintroduzida a telegrafia elétrica (depois da extinção do Corpo Telegráfico em 1864), montaram-se duas redes telegráficas militares no país: uma na cidade de Lisboa, com 13 estações e outra em Elvas. A diferença foi que na rede de Lisboa se utilizaram telégrafos Morse e na de Elvas telégrafos Breguet. De assinalar que no Exército, nesta altura, além da capital apenas Elvas tinha  telegrafia militar.

No entanto, Elvas, em 1880, tinha importância não só nas comunicações militares, como referimos, mas também nas civis. Com efeito, embora no país houvesse cerca de 400 estações telegráficas civis, apenas 6 funcionavam em regime permanente (Lisboa, Porto, Viana do Castelo, Foz Côa, Elvas e Vila Real de S.º António). As outras, ou fechavam ao sol posto, ou às 9 da noite.

Quando o major Bon de Sousa, em 1880, foi nomeado para Diretor do Serviço Telegráfico Militar recebeu como missão recuperar a rede de Elvas, que incluía a ligação forte da Graça – Praça de Elvas.

O Forte da Graça e a cidade fortificada de Elvas (fotos Google)
O Forte da Graça e a cidade fortificada de Elvas (fotos Google)

O general Governador militar insistia na necessidade da ligação do Forte da Graça à Praça de Elvas “visto que o mau trânsito que há da Praça para o Forte da Graça, onde têm que ir frequentemente ordenanças de cavalaria”…[1]

Eis como Bon de Sousa, na Informação que referimos no post de 21 de Dezembro de 2012, relata este problema e as precauções que tomou para a sua resolução:

“Fui a Elvas…, e ali soube que o fio que liga a Praça de Elvas ao Forte da Graça partira em consequência de não conseguir resistir à forte tensão a que estava sujeito, por ter uma tiragem de 1.500 m, pouco mais ou menos. Preciso, para poder informar V.Ex.ª, a distância exata entre a Praça e o Forte da Graça para poder calcular a tensão tanto no ponto mais baixo da trajetória como nos pontos de apoio, a fim de verificar se é possível uma só tiragem com fio de aço de 3 mm de diâmetro.

Julgo conveniente a substituição do sistema Breguet pelo de Morse, e uma vez que sejam substituídos parece-me da maior conveniência que os aparelhos sejam fabricados em ordem a poderem ser aproveitados para o serviço militar.”

Desta intervenção de Bon de Sousa parecem ser de realçar os seguintes pontos:

  • A preocupação de cálculo da tensão no fio, para definir o diâmetro a usar. Recorda-se que Bon de Sousa. não era um oficial de Engenharia mas sim de Infantaria, autodidata.
  • A preferência que atribui ao sistema Morse em relação ao Breguet é corrente na altura, graças á sua maior fiabilidade e velocidade de tráfego.
  • A preocupação de escolher equipamentos que permitissem a sua utilização também em campanha, insere-se no princípio fontista  de que “as transmissões permanentes deveriam, em caso de guerra, estar preparadas para aguentar o “primeiro embate”.

[1] A. do Paço, Comunicações Militares de Relação em Portugal, pág. 39.

1 comentário em “Ligação telegráfica entre o Forte da Graça e a Praça de Elvas

  1. Em relação a este post convém esclarecer, em abono da verdade, que a excelente montagem fotográfica, que muito o valoriza, foi feita pelo coronel José Canavilhas, a meu pedido, como tem acontecido em muitos outros casos.

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