As comunicações na Divisão de Instrução, nas manobras de 1916 

Aniceto Afonso
Jorge Costa Dias

5. As comunicações na Divisão de Instrução – Preparação

5.1 Organização e tarefas
As comunicações nas manobras da Divisão de Instrução em Tancos foram asseguradas pelos militares da Companhia de Telegrafistas por Fio (TPF) e da Companhia de Telegrafistas sem Fio (TSF) do Batalhão de Telegrafistas de Campanha e pelos militares da Companhia de Telegrafistas de Praça.

A Divisão tinha, ao nível do Quartel-General, o Chefe do Serviço Telegráfico, Cap. Soares Branco, nomeado em Fevereiro de 1916.
E como unidades de transmissões das tropas divisionárias:
Uma Secção de Telegrafistas por Fios (TPF)
Uma Secção de Telegrafistas sem Fios (TSF).
Os seus efetivos eram os seguintes:
Secção de TPF – 2 oficiais, 12 sargentos e 92 cabos e soldados;

1 AA secção teleg TPF digitalizado 001(mobilizada)
Secção de TSF (operando apenas um equipamento) – 2 oficiais, 3 sargentos e 26 cabos e soldados.

2 AAsecção telegr TSF digitalizado 001(mobilizada)
Ao nível das unidades operacionais e de apoio existiam como elementos de ligação: Telefonistas, Telegrafistas, Sinaleiros e Estafetas, sendo estes ciclistas ou motociclistas.

Quadro responsáveis pelas comunicações DI mobilizada 001

O total do efetivo de comunicações na Divisão de Instrução foi de 824, entre oficiais, sargentos, cabos e soldados.

Vejamos agora o mapa de uma parte da zona onde se realizaram as manobras e se instalou o Comando da Divisão e onde se distinguem as localizações do hospital, da zona de Aringa e do quartel-general.

AA e JCD, As comunicações na Divisão de Instrução V1
Os exercícios utilizaram as estações da rede civil de telégrafos existentes na região.

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As estações telegráficas militares estavam ligadas à estação civil mais próxima e era através da rede civil que se ligavam entre si. Notar que a estação militar de Tancos se ligava à estação civil da Barquinha.

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5.2-Instrução de comunicações – trabalhos prévios

O Quartel-General da Divisão instalou-se em Tancos em 5 de Maio de 1916.
As ligações permanentes existentes eram manifestamente insuficientes, pelo que antes de se iniciarem as manobras agendados para 6 de Junho foi necessário preparar as ligações entre Tancos e Lisboa e entre as forças estacionadas, a fim de garantir o êxito das manobras.
A estação militar de Tancos encontrava-se na Escola de Aplicação de Engenharia (EAE) e ligava-se à estação da Barquinha de dia, e de noite às estações militares de Santarém e Abrantes.
Dado o aumento de tráfego previsto a Direção dos Correios e Telégrafos (DGCT) deu ordens para que as estações civis da Barquinha e Santarém passassem a serviço permanente e que a de Santarém centralizasse o tráfego entre Tancos e Lisboa.
Para ultrapassar as dificuldades foram efetuadas as seguintes ligações:
• Ligação direta a Lisboa por Aringa-Entroncamento-Linha 24 (civil)- Lisboa
• Ligação a Lisboa pela linha Tancos-Barquinha-Linha303-Santarém-Lisboa
• Estabelecimento de uma linha telefónica Tancos–Entroncamento para a Direção de Etapas, com estação intermédia na Barquinha;
• Ligações aos comandos de forças que viriam a constituir-se: Brigadas de Infantaria e Comandos da Artilharia e Cavalaria;
• Linha telegráfica e telefónica para o Casal do Relvão, na zona dos fogos de guerra.
As construções efetuaram-se a uma velocidade de 1 a 2km por dia, devido a terem que ser substituídos quase todos os postes do traçado militar.
A 12 de junho estes trabalhos estavam concluídos.

Para além das linhas, também foram montadas algumas estações, que recebiam, transmitiam e distribuíam o tráfego de comunicações proveniente e destinado às unidades e órgãos da Divisão.
A estação do Quartel-General da Divisão, que era uma estação telegráfica e telefónica, tinha ligações telegráficas a Lisboa (via Entroncamento) e ao casal do Relvão (fogos de guerra); e tinha ligações telefónicas a:
• Estação Militar de Tancos
• 1ª BI (nas casas da Cavalaria)
• Comando Artilharia (no Casal do Pote)
• 2ª B.I. (na entrada da carreira de tiro de Constância)
• Fogos de Guerra (no Casal do Relvão)
• Regimento Cavalaria (Fonte Santa)
• Estação da Barquinha
• Direção de Etapas (Entroncamento)
• Chefe do Estado Maior (no Comando)
• Comando Engenharia e Serviço Telegráfico (na secretaria do Comando)

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A estação militar de Tancos, já existente, tinha uma ligação telegráfica direta à estação telegráfica civil da Barquinha e tinha as seguintes ligações telefónicas:
• Estação do Quartel-General
• Batalhão de Pontoneiros (no Quartel do Batalhão)
• Companhia de Sapadores Mineiros e Ambulância nº2 (na Feiteira)
• Serviços Administrativos (no refeitório)
• Escola de Aplicação de Engenharia
• Ambulância nº1 (Hospital Militar)

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A estação telefónica dupla na Barquinha (civil e militar) estava equipada com um comutador suíço, que possibilitava as mudanças de linhas.

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As ligações telegráficas e telefónicas montadas para a Divisão de Instrução ficaram asseguradas como consta do esquema elaborado na época.

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