Breve crónica bibliográfica sobre o livro As Transmissões Militares – da Guerra Peninsular ao 25 de Abril publicada na Revista Militar (RM 2489/2490, de Junho/Julho de 2009).

Esta História da Arma de Transmissões foi escrita “a várias mãos” pela Comissão da História das Transmissões, constituída “ad hoc” em 2003, pela iniciativa do General Amadeu Garcia dos Santos.

Os elementos da Comissão, e outros militares da Arma, pesquisaram, recolheram e analisaram documentos, observaram testemunhos, depoimentos e materiais, de que resultaram o seu registo em base de dados e a obra, que se divulga e enaltece junto dos leitores da Revista Militar.

Os trabalhos da Comissão realizaram-se de acordo com as normas do Arquivo Histórico Militar, aspecto relevante que só foi possível com a colaboração, desde o início, do Tenente-Coronel de Artilharia, Aniceto Henrique Afonso, historiador, na altura Director do Arquivo.

No Prólogo a Comissão salienta como dever cívico a preservação da memória, apresentando-se, também, como protagonista da história militar de Abril: “(…). Guardou-se a distância que confere mais objectividade. E nessa espera fomo-nos pacificando e entendendo melhor. Participámos na Guerra Colonial e fomos capitães de Abril. E alguns foram-no também de Novembro. Com Abril fomos libertadores. Com Novembro fomos pacificadores. Somos todos camaradas de armas. Da Arma de Transmissões.” Antes, na sua Abertura, o coordenador dos trabalhos, TCor Aniceto Afonso, talvez pressentindo críticas por haver outros assuntos, outras experiências e outros saberes a merecer divulgação, salienta, referindo-se à disponibilidade que sentiu na Comissão. “(…). Também se propõe trazer outros participantes que renovem a equipa, lançar pontes para novas gerações, transmitir uma mensagem de ligação permanente entre velhos e novos. No fundo, estão prontos para valorizar a experiência e o saber, para participar na afirmação e prestígio da sua Arma, para continuar a servir, na medida das suas capacidades, o Exército e as Forças Armadas.”

A edição da obra esteve a cargo da Comissão Portuguesa de História Militar com apoio da Fundação Portugal Telecom, constando da seguinte organização: Agradecimentos. Abertura. Prólogo. As Transmissões Militares – Antecedentes Históricos; das Comunicações Medievais à Primeira Unidade de Transmissões de Campanha (1884), “Em 1884, Fontes Pereira de Melo, completou a execução do projecto que anunciara no ‘Relatório às Cortes’ de 1874. Com a reorganização do Exército chamada fontista, de 1884, foi criada a Companhia de Telegrafistas, integrada no Regimento de Engenharia, instalado no Quartel dos Quatro Caminhos (hoje ocupado pelo Regimento de Transmissões)”. Da Primeira Guerra Mundial à Entrada na NATO. Da Entrada na NATO à Guerra Colonial. Período da Guerra Colonial, 1961-1975; salientando-se, O Estado Português da Índia, Angola, Moçambique, Guiné e Timor. Vultos Relevantes; apresentando Augusto César Bom de Sousa, Tenente-General (1832-1905), oriundo da Arma de Infantaria, mas com grande parte da sua carreira dedicada às Transmissões; Manuel Afonso do Paço, Tenente-Coronel (1895-1968), curso de Administração Militar da Escola de Guerra, nessa especialidade prestou serviço no Batalhão de Telegrafistas onde se envolveu em trabalhos de vulto, e pioneiros, na área das Transmissões: Mário Pinto da Fonseca Leitão, Coronel de Engenharia (1912-2003), “A sua intervenção foi decisiva na expansão que o Serviço de Telecomunicações Militares veio a ter, a partir de 1960, na preparação para a guerra colonial através do planeamento, organização, aquisição do material e dotação das delegações do STM enviadas para as colónias.” As Transmissões Militares – Do 25 de Abril ao 25 de Novembro. As Transmissões Militares – No Período de 1976 a 2000; referindo-se, Reestruturação da Arma de Transmissões, Depósito Geral de Material de Transmissões (DGMT), Projecto, Desenvolvimento e Produção de Equipamentos, Serviço de Telecomunicações Militares (STM), Semanas da Arma de Transmissões, Academia Militar, O Jantar do Ceptro – Tradição Académica da Arma de Transmissões, Centro de Instrução de Guerra Electrónica, Batalhão de Transmissões de Campanha, Integração do Serviço de Informática do Exército, Escola Militar de Electromecânica, Regimento de Transmissões (Porto) – Escola Prática de Transmissões (Porto), Companhia de Transmissões da 1ª BMI, Conselho da Arma de Transmissões, Brigada de Telegrafistas, A 2ª Geração NATO, Estação Ibéria NATO, Cooperação (BTm4 – ONUMOZ, CTm5 – UNAVEM, MINURSO, cooperação com a Guiné-Bissau), Outras Operações, Museu das Transmissões. Directores, Comandantes e Chefes. Cronologia. Lista de siglas utilizadas e Bibliografia e Fontes.

O livro (302 páginas) por certo resultou de trabalho coerente, persistente e de reconhecido âmbito de ciência histórica da actualidade, constituindo-se excelente obra de estudo e consulta, proporcionadora de continuada investigação. As descrições que envolvem protagonistas ainda de excelente vigor intelectual e físico, nomeadamente Período da Guerra Colonial, do 25 de Abril ao 25 de Novembro e de 1976 a 2000, podem causar críticas ao relevarem ou esquecerem, acontecimentos e pessoas importantes ao mundo das Transmissões Militares Portuguesas, daqueles períodos, mas fica raro registo de pormenor que proporciona desafios a outros militares, que se revelem investigadores, como se diz na Abertura.

Ao General Garcia dos Santos, autor principal do Projecto e seu coordenador, a Empresa da Revista Militar agradece o exemplar da obra enviado e felicita o General e a Arma de Transmissões pela realização deste exemplar trabalho inovador e oportuno.

Coronel António de Oliveira Pena

Sócio Efectivo da Revista Militar

Pelo Cor Oliveira Pena. Ler aqui.

1 comentário em “Crónica na Revista Militar – As Transmissões Militares da Guerra Peninsular ao 25 de Abril

  1. O livro foi lançado em finais de 2008.. No seu magnífico texto de abertura Aniceto Afonso exprime a ideia de que se pretendia “deixar a um público tãio alargado quanto o tema o permite, uma obra de qualidade e, esperamos todos, de referência,” Afirmava a seguir a disponibilidade da Comissão para “aprofundar estudos que ficaram incompletos”.

    Nos quatro anos volvidos após o lançamento ao livro, enbora se mantenha a disponibilidade da Comissão, não recebeu, até agora, nenhum contributo que leve a aprofundar estudos considerados incompletos.

    A minha esperança é que o Blogue possa dar lugar a testemunhos importantres e esclarecedores .

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