Crónica bibliográfica publicada na Revista Militar em Abril de 2011 sobre o livro ‘Bicentenário do Corpo Telegráfico 1810-2010‘ :
O autor Major-general António Luís Pedroso de Lima e os restantes elementos que integram a Comissão de História das Transmissões Militares fazem reflectir, nesta monografia, o decisivo contributo do Exército para o esforço de modernização do País no Século XIX, no domínio das Transmissões.
A estrutura adoptada para o tratamento do Tema é particularmente interessante, pois sistematiza a evolução do conhecimento na área em apreço e o desenvolvimento das tecnologias e das práticas que o vão objectivando, enquanto resposta à mutação do ambiente político-militar envolvente. Os meios surgem, com clara racionalidade, numa estreita relação com os fins, emprestando, assim, um conteúdo útil a uma importante vertente da Estratégia com que o País responde aos desafios com que se foi confrontando ao longo do Século.
O surgimento, desenvolvimento e extinção do Corpo Telegráfico – a primeira estrutura militar de Transmissões em Portugal – são-nos descritos em quatro capítulos, em cada um dos quais os dispositivos, os procedimentos e os normativos interagem com as organizações que lhes emprestam conteúdo e com os homens que os desenvolvem e que asseguram a sua operação.
Paralelamente, as biografias que nos vão sendo apresentadas ajudam-nos a compreender o desempenho dos mais expressivos impulsionadores e responsáveis pela concepção, instalação, operação e manutenção do sistema de transmissões português, pondo em realce o saber, o inconformismo, o espírito de sacrifício e a capacidade para fazer acontecer que caracterizaram os pioneiros da Arma de Transmissões.
Um profundo e competente estudo faculta-nos a descrição e o detalhe de equipamentos e a apresentação de tábuas, códigos, desenhos, esquemas e documentos que vão sendo, criteriosamente, incluídos no corpo dos capítulos ou em anexos.
A monografia que nos interpela leva-nos a reconhecer que, para além do engenho, os homens que serviram no Corpo Telegráfico nos legaram um magnífico exemplo de serviço à comunidade com capacidade de inovação, sentido de responsabilidade, espírito de sacrifício e perseverança. Esta capacidade, este espírito no servir, está bem sintetizada na divisa que o Regimento de Transmissões, legítimo herdeiro das tradições do Corpo Telegráfico, ostenta com natural orgulho – “Sempre Melhor”.
Pela sua natureza e pelo valor do seu conteúdo, a Revista Militar está grata pelo importante contributo que vem acrescer o acervo do seu património.
Tenente-general João Carlos de Azevedo de Araújo Geraldes
Vogal Efectivo da Direcção da Revista Militar
Ref.ª: Geraldes, João Carlos de Azevedo de Araújo. Bicentenário do Corpo Telegráfico 1810-2010‘. Revista Militar, n.º 2511, Abril de 2011. Ler original aqui.
Apenas algumas observações acerca deste excelente texto e do próprio livro:
A primeira é para manifestar a minha esperança e o meu gosto pessoal de poder ler mais textos do general Geraldes neste Blogue. Preencheu lugares importantantes dentro e fora da Arma e nesta foi protagonista de mudanças sobre as quais não há qualquer testemunho. O seu seria importante porque foi o ùltimo oficial oriundo de Engenharia a desempenhar as funções de Diretor da Arma de Transmissões e o primeiro Diretor dos Serviços de Transmissões e muito ajudaria a compreender este período.
O segundo ponto é para acentuar o interesse actual deste livro para a CHT uma vez que se está a tratar do módulo respeitante ao Corpo Telegráfico na Coleção Visitável do RTm.
O terceiro é para lembrar que pelo facto de ter sido publicado este livro a CHT, por intermédio do Costa Dias, tem continuado a investigar sobre o Corpo Telegráfico, nomeadamente em relação ao “Livro Mestre”.