Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:
7º Período (1974 -1985) 25 de Abril
A preparação das Transmissões para o 25 de Abril, feita nas vésperas do golpe militar, fundamentalmente por razões de segurança, resumiu-se essencialmente à construção do cabo telefónico que ligava o quartel da EPT à Pontinha, onde se situava o PC e era indispensável à sua operacionalidade, e à execução do Anexo de Transmissões, elaborado pelo tenente coronel Garcia dos Santos, onde se apresentava o planeamento do apoio de transmissões.
Na execução da operação, as forças militares utilizaram o material disponível, nomeadamente o TR-28 , também utilizado pelas forças governamentais e brilhante em África mas manifestamente inadequado para a operação, pelo que o Anexo de Tm estabelecia que as colunas que se deslocavam para os seus objetivos fossem acompanhadas por viaturas civis, com oficiais, trajando civilmente, encarregados de fazer a ligação com o PC, através da rede civil (não havia ainda telemóveis), em caso de necessidade.
Embora as transmissões no 25 de Abril tivessem contribuído claramente para o sucesso da operação, com destaque para a escuta às transmissões governamentais, feita pelo pessoal da EPTm, o sistema montado, nas unidades intervenientes, em nada diferia do utilizado em África.
No PREC, que se seguiu, verificou-se a intervenção técnica importante de oficiais da Arma em várias empresas em dificuldade (RTP, CTT, TLP, Radio Renascença, DDP e RDP), nas campanhas de dinamização cultural e, posteriormente no sistema montado para o 25 de Novembro, de novo liderado pelo tenente coronel Garcia dois Santos
A seguir a este período agitado, em 1976, antecipando-se alguns anos á remodelação do Exército, a Arma impulsionada pelo seu Diretor, brigadeiro Pereira Pinto, aproveitou para se reorganizar, com a concordância e apoio do EME.
As implicações desta reorganização nos sistemas de Transmissões Permanentes e de campanha do Exército foram muito vastas.
Nas Transmissões de Campanha, a reorganização incluía a ambiciosa criação de um Batalhão de Transmissões de Campanha, que não se concretizou, apesar de aprovada pelo Estado Maior que, contudo, apoiou francamente a aquisição do material necessário para a sua concretização.
O Diretor da Arma impulsionou um vasto programa de aquisição de material de transmissões de campanha não só para o Batalhão a criar, mas para reequipar todo o Exército. Teve o mérito e a coragem de acreditar que a Arma tinha capacidade técnica de liderar um processo desta dimensão apenas com recurso à indústria nacional.
A verdade é que, quer a nova geração de eletrotécnicos da Arma, quer a indústria nacional, para surpresa de muita gente, conseguiram levar o processo até ao fim.
Foi neste contexto que se seguiu a produção de uma série de equipamentos de campanha com a colaboração da indústria nacional, o primeiro e o mais conhecido de todos foi o P/PRC-425, o conhecido “Centrel” que, ainda hoje, decorridas mais de duas décadas, continua ao serviço no Exército. Seguiram-se, entre outros, as montagens veiculares, o vastíssimo projeto das cabines, o P/VRC-301, a recuperação dos FM-200, o PRC-501, o P/BC-101 e as centrais telefónicas digitais de campanha.
Embora o material não tenha servido para o BTm a criar acabou por ser usado para equipar o BTm4, em 1993, na primeira unidade portuguesa a participar em missões de paz, no âmbito da ONU, em Moçambique e mais tarde, em 1995 na CTm5, em Angola. Estas duas unidades eram equipadas com material de Transmissões na sua grande maioria fabricado em Portugal.
No conjunto de oficiais engenheiros eletrotécnicos que, pela sua preparação técnica, tornaram possível o processo de cooperação com a indústria nacional é justo destacar o tenente coronel Rodrigo Leitão.
Mas para além deste enorme salto que se deu nas transmissões de campanha verificou-se, a partir de meados da década de 80, um processo que provocou uma enorme transformação nas transmissões permanentes e que se prolonga até hoje. O grande protagonista deste processo foi o coronel Cruz Fernandes. O seu projeto – o SITEP – consistiu na passagem do sistema analógico, nitidamente ultrapassado, para o digital.
Envolvia a aplicação de verbas elevadas e constituía uma aposta ambiciosa numa considerável melhoria da qualidade do sistema que mereceu a aprovação primeiro do Diretor da Arma general Pinto Correia e depois do general Firmino Miguel, então Vice Chefe do EME.
Todo o processo foi viabilizado numa reunião, convocada pelo EME , em que o coronel Cruz Fernandes defendeu o que chamou “o projeto da sua vida” e convenceu o general Firmino Miguel, mesmo com a clara oposição de todo o seu estado Maior.
O futuro viria a dar razão ao acerto desta decisão.