Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:
5º Período (1939 -1961) A II Guerra Mundial e o pós-guerra
Portugal manteve a neutralidade na II Guerra Mundial, o que não impediu que se tenham tomado medidas defensivas para o caso de um eventual envolvimento no conflito, entre as quais se destacam a defesa de costa nos portos de Lisboa e Setúbal, a defesa Antiaérea da cidade de Lisboa, bem como o reforço dos Açores, que, naturalmente implicavam a montagem de sistemas de apoio de transmissões. De referir que, no final da Guerra, depois do acordo das Lajes, receberam-se quantidades apreciáveis de material de transmissões Inglês
Mas no período que estamos a considerar, os aspetos que consideramos mais marcantes para a evolução das transmissões militares verificaram-se no pós-guerra, na década de 50, e foram, na área das Transmissões Permanentes, a criação do STM, e na das Transmissões de campanha, a criação do BTm3, em Tancos, integrado na 3ª Divisão, também conhecida por Divisão NATO.
A criação do STM, em 1951, representou a revitalização das Transmissões permanentes do Exército que permitiu a restruturação da rede radiotelegráfica existente no Continente e ilhas e a renovação do seu equipamento.
A criação do BTm3 representou também um enorme salto nas Transmissões de Campanha do Exército, visto que o Batalhão, graças ao apoio militar americano, com material relativamente recente e pessoal bem instruído e treinado, as transmissões, na 3ª Divisão, passaram a funcionar, como já não acontecia há décadas.
Em relação aos equipamentos utilizados na Divisão, entre as inovações verificadas destacam-se: o aparecimento dos feixes hertzianos, que dispensavam a construção de linhas em ligações essenciais da Divisão, os teleimpressores de campanha, que davam outra velocidade na transmissão de textos longos, e os rádios VHF de frequência modulada que permitiam melhorar sensivelmente as comunicações em fonia. As transmissões de campanha, na 3º Divisão, diferenciavam-se das da guerra anterior por não disporem de meios óticos nem pombos correios, havendo, contudo, uma grande dotação de meios rádio em todos os escalões e mantendo-se os telefones e o uso da telegrafia.
Em relação à Grande Guerra, o salto qualitativo das transmissões de campanha que se verificou, na II GM com o BTm3, tem uma diferença substanciai. Com efeito, enquanto que, na IGM as transmissões de campanha só foram verdadeiramente operacionais durante a guerra, o BTm3 manteve-se operacional como uma unidade de referência das transmissões de campanha praticamente até à Guerra Colonial.
Estes dois saltos qualitativos: nas transmissões Permanentes, com a criação do STM e nas Transmissões de Campanha, com a criação do BTm3 tiveram como consequência que no final da década, quando em 1958, se passou a dar prioridade à Guerra Colonial, houvesse pessoal preparado e treinado para planear e executar umas transmissões para um tipo de guerra completamente diferente.
Ao major Costa Paiva coube a execução do planeamento do apoio das transmissões para a guerra, que previa, para as transmissões Permanentes a expansão do STM para as antigas colónias e, para as de Campanha a aquisição de material moderno, que a verba atribuída não permitiu adquirir.
Isto deu lugar a que no início da luta armada, em 1961, o STM já estivesse representado em Angola com uma delegação, antecipação que também se viria a verificar na Guiné e Moçambique.
Deste período interessa sobretudo acentuar que sem a modernização das Transmissões verificadas no início das década de 50 com a criação do STM e do BTm3, dificilmente as Transmissões na Guerra Colonial poderiam ter a surpreendente atuação que tiveram.
Senhor MGen Pedroso Lima
Como o o Senhor refere, a década de cinquenta é extraordinariamente importante para as nossas comunicações militares. Portugal pela primeira vez estará equipado com aparelhos modernos e de comprovada fiabilidade. Na década seguinte, durante o conflito colonial, veríamos alguns desses mesmos aparelhos em todas as frentes de combate, o que comprova a sua excelente construção.
Nos anos cinquenta muitos militares portugueses vão ao estrangeiro para aperfeiçoar diversas especialidades e receber cursos sobre radios específicos.
Em trinta anos, de tudo o que temos lido sobre este interessantíssimo tema e de tudo o que sabemos ter havido de material nas nossas “fileiras” durante essa época, leva-nos, modestamente, a advogar totalmente a sua opinião.