‘Post’ do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:

Um grande vulto das Transmissões Militares 

Conforme foi estabelecido, o Grupo Executivo da Coleção Visitável do RTm vai iniciar os trabalhos relativos à organização do 2º módulo da Coleção, respeitante ao período de 1873 a 1901.

A figura dominante deste período foi um distinto oficial de Infantaria que exerceu o cargo de Diretor do Serviço Telegráfico de Guarnição e de Pombais Militares do Continente, durante 21 anos, desde o posto de capitão (em 1880) até ao de general de Brigada em 1893, no qual se reformou, o que não impediu que continuasse a exercer as suas funções de Diretor até 1901.

Foi uma figura ilustre indiscutivelmente. O livro da CHT “ As Transmissões Militares…”, inclui-o naturalmente nos Vultos Relevantes das Transmissões. Aproveita-se para retificar o livro que a pág. 184 o promove indevidamente designando-o por Tenente-General, o que provavelmente até merecia mas nunca chegou a acontecer pois ficou-se pelo posto de general de Brigada.

Uma vez que o livro contem a sua biografia vamos apresentar aqui alguns extratos das suas ideias. Quanto a mim vale a pena ler porque mostram que Bon de Sousa estava profundamente convencido da importância das Transmissões para o Exército e da necessidade de umas Transmissões Permanentes de grande qualidade e preparadas para entrar rapidamente em campanha caso necessário.

Dizia ele que  “o telegrafista de guerra exige inteligência, robustez, atenção e abnegação…”

Mas vejamos como ele justifica a importância das Transmissões  que considera “praticamente desconhecidas” no nosso Exército:

“ Não só agora mas em todos os tempos, a melhor disposição das tropas e a mais difícil reunião delas no momento do conflito foi um dos principais dotes do general em chefe; mas essa reunião só pode ser rápida quando as comunicações sejam fáceis e ele possa também transmitir as ordens aos seus tenentes, ou seja para os movimentos estratégicos ou durante as operações taticas sobre o teatro de ação.” 

Ou ainda outra defendendo a excelência da preparação dos telegrafistas:

“É indispensável que o corpo de Transmissões existente em tempo de paz seja um núcleo apto para elevar-se ao pé de guerra, tendo antes da aplicação os principais elementos como são, sem dúvida, a instrução e a prática desenvolvidas a ponto tal que possa entrar imediatamente em operações sem carecer de aprendizagem, que nesta classe de serviço é inteiramente impossível, ou para melhor dizer impraticável, porque a telegrafia deve desde logo  preencher cabalmente e sem hesitação o fim da sua instrução.

Somos levados a pensar que a divisa “Sempre melhor” do RTm não podia estar mais de acordo com estas ideias.

De referir que o período de 1873 a 1901, em que Bon de Sousa foi a figura dominante, difere profundamente do período anterior (1810-1864) – o período do Corpo Telegráfico.

A diferença essencial é que no período do Corpo Telegráfico existia apenas uma tecnologia (até 1855 a telegrafia ótica e depois, até 1864, a telegrafia elétrica). Com Bon de Sousa, para além da telegrafia elétrica (que era a dominante), apareceram nas Transmissões Permanentes  a telegrafia ótica, por semáforos, os pombos-correios, os heliógrafos e as lanternas.

De realçar que Bon de Sousa estudou em pormenor os sistemas usados em campanha nos exércitos da época e, de acordo com as ideias que referimos, procurou que as Transmissões Permanentes estivessem aptas a entrar em rapidamente em campanha.

No princípio da Primeira Guerra mundial mantinha-se o conceito da sobreposição de meios que Bon de Sousa introduziu em Portugal.

1 comentário em “Augusto César Bon de Sousa (1832/1905)

  1. Como estão?
    Estou a contactar-vos para saber se nos museus acima referidos têm em exposição alguma das obras literárias do Exmo, Sr. Augusto C. Bon de Sousa.
    – ”Ante-Projecto de Organisação de Telegraphia Militar,1876”
    – ”Serviço dos Pombos-Correios nos Exércitos em campanha,1881”,
    – ”Projecto e instrucções para o estabelecimento de Pombaes Militares
    no continente de Portugal,1888”

    Cordialmente,
    Pedro J. P. Bento

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