Post do Cor Aniceto Afonso recebido por msg:

ANTECEDENTES DO 9 DE ABRIL   (III)

Introdução

A zona da frente, onde estavam instaladas as Companhias, os Batalhões e as Brigadas, era servida por uma complexa rede de comunicações, com base em linhas de cabo enterrado, aéreo ou estendido à superfície. Uma legião de guarda-fios e sinaleiros percorriam os campos, lançando, substituindo ou reparando as linhas. Deste trabalho não estavam isentos os próprios telegrafistas, que faziam experiências de ligações, quer através das linhas, quer através de outros meios, como a telegrafia ótica. Os “alicates”, assim chamados pela tropa combatente, eram vistos com simpatia pois bem se sabia que as comunicações podiam salvar vidas ou resolver situações difíceis. André Brun, em “A Malta das Trincheiras” descreve-os desta maneira:

Os alicates são uma seita dentro da malta das trincheiras. São senhores que sabem ler e escrever, que estiveram várias semanas em escolas a aprender a linguagem do pica-pau, o traço-traço-ponto-traço. Não cavam, nem dão tiros, não vão às patrulhas e nos dias de reserva ou de apoio andam pelo campo aos molhinhos fazendo uns aos outros sinais com espelhos e bandeirinhas. No entanto, se os rancheiros de oficiais são mal vistos e os impedidos pouco considerados, uma estima amistosa liga os lanzudos àqueles camaradas de alicate à cinta, porque deles depende e da agilidade dos seus dedos um auxílio oportuno da artilharia e é pelos cordéis que eles estendem que se pedem as represálias e circulam todas as queixas contra o rancho que se demora, todas as reclamações contra o rhum que falta.

É desta intrincada rede de linhas, estendidas por toda a zona de ação das unidades e comandos, que Soares Branco continua a ocupar-se nesta parte do seu relatório, referindo as linhas de cabo isolado, as comunicações óticas, a TSF e TPS e ainda os pombos-correio.

Soldados e oficiais

Antes de continuarmos a análise do relatório de Soares Branco gostaríamos de transcrever um excerto do relatório da Repartição de Instrução e Organização elaborado pelo major Henrique Pires Monteiro, já anteriormente referido. O relatório tem a data de 31 de dezembro de 1917, mas não deixa de ser um ponto de vista com interesse para o que vai passar-se nos meses seguintes e também no dia 9 de abril. É uma opinião frontal que espelha de algum modo uma forma de estar que mergulha num passado distante e na conceção de uma sociedade pouca atenta às mudanças do mundo na transição do século XIX para o século XX. Destacamos o seguinte trecho:

O soldado português é, como talvez nenhum outro, bom, fácil de persuadir, de dirigir, de comandar, inteligente, pronto a aprender quanto se lhe ensina, mas necessita o seu espírito irrequieto de sentir o exemplo do chefe ou instrutor, exige o seu temperamento que a instrução seja variada, que os superiores lhe demonstrem o seu desvelo pelo serviço.

O oficial e o graduado, salvo exceções honrosíssimas para o Exército Português, não possuem a arte de comandar, não têm as qualidades indispensáveis a um bom instrutor. Defeitos ancestrais, mas indubitavelmente vícios de educação e erros de instrução, suscetíveis de remédio. A minha opinião é insuspeita porque como professor da Escola de Guerra tenho quota-parte de responsabilidade na seleção dos futuros oficiais e à referida Escola cabe a principal culpa na constituição dum corpo de oficiais incapaz, na sua maioria, de se interessar pela profissão que escolheu.

Soares Branco nunca faz referência a qualquer comportamento de pouco interesse dos seus oficiais, antes pelo contrário, mas as palavras de Henrique Pires Monteiro também não são dirigidas aos oficiais especialistas, como eram os responsáveis pelo Serviço Telegráfico. Elas também não visam as pessoas em particular, mas sobretudo o sistema de ensino militar que deveria ter o objetivo de preparar os oficiais para comandar as suas tropas em ambientes difíceis, incluindo em teatros de guerra.

Linhas de cabo isolado

Temos vindo a acompanhar o relatório do capitão Soares Branco como documento fundamental para compreendermos o trabalho realizado pelo Serviço Telegráfico no campo de batalha. O autor procura neste capítulo apresentar os trabalhos efetuados no seu âmbito, nos meses que precederam a Batalha de La Lys. Mais uma vez apresenta a ideia geral das comunicações estabelecidas, no que respeita às linhas de cabo isolado:

Os traçados aéreos normalmente tinham os seus postes extremos nos comandos das Brigadas ou Grupos e para além destes postes um complicado feixe de cabos estabelecia as ligações para os coman­dos inferiores.

Logo na 1ª linha, 12 postos telefónicos de SOS constituíam a rede mais avançada do sistema.

Cada posto que servia uma ou mais companhias informaria por intermédio do Comando daquelas o Batalhão da iminência dum ataque.

Vinte e quatro estações telefónicas de comando de Companhia es­tavam instaladas normalmente na linha B, possuindo comunicações por telefone com os postos de SOS e por telefone e fullerfone com as com­panhias contíguas e com o Batalhão ao qual eram sempre ligadas por duas linhas uma das quais chamada omnibus tinha em derivação os telefones do Batalhão e das suas companhias.

Ao comando do Batalhão, além das linhas das suas companhias e dos batalhões contíguos, afluíam duas linhas por traçados diferentes da respetiva Brigada, as linhas das Baterias em apoio do sector, etc..

O número de estações de Batalhão existentes era de 12.

No comando das Brigadas além das linhas dos seus Batalhões davam entrada as duas linhas telefónicas e telegráficas da Divisão, as das Brigadas contíguas, do Comando do Grupo de Artilharia, do Grupo de Me­tralhadoras, da Companhia de Sapadores Mineiros, etc..

Independente deste sistema geral, e a cargo das secções de sinaleiros da artilharia, espalhava-se por toda a frente a rede de comunicações da artilharia.

Uma série de postos de observação, que no sector Português se elevou a mais de vinte, constituía a linha avançada de observação e correção de efeitos de tiro. Três centrais de postos de observação coletavam as comunicações destes para os Grupos e Baterias; muitas vezes as próprias Baterias possuíam também ligações diretas para os postos de observação de que normalmente faziam uso. (…)

Ao passo que, a não ser para casos de SOS, todas as comunicações na rede da infantaria eram feitas por meio do fullerfone, na artilharia era corrente o uso do telefone. (…)

Fácil é avaliar da complexidade do sistema e do trabalho que have­ria em o manter em bom estado, sabendo-se que o número de telefones e de fullerfones em uso para além das Brigadas e Grupos era cerca de 500, e que o dispêndio de cabo desde maio a novembro de 1917 foi de 400 km, e desde novembro aos fins de março igualmente de outros 400 Km, não contando 200 milhas de fio aéreo de ferro zincado que, nas zonas à retaguarda das Brigadas, a Companhia de Telegrafistas do Corpo havia montado.

Comunicações óticas

As comunicações óticas presentes na Grande Guerra provinham da sua renovada importância depois da utilização do código morse, embora de forma geral tenham funcionado como ligações de reserva, em especial para o caso de os cabos telegráficos e telefónicos serem destruídos pelos bombardeamentos.

Como Soares Branco nos transmite, estas comunicações tinham várias limitações, em especial pela configuração do terreno e pela possibilidade de o inimigo poder intersectá-las com facilidade.

Num terreno tão plano como aquele em que estavam fixadas as nossas posições dificilmente era possível estabelecer uma conveniente rede ótica em toda a frente, e esta circunstância agravava-se ainda mais durante o verão pela fácil interseção das comunicações pela folha­gem das árvores.

Infelizmente as comunicações só poderiam ser recíprocas quando dirigidas paralelamente à frente e quando assim não sucedia só o posto mais avançado podia ser transmissor, pois de outra forma, dada a orografia do terreno, o inimigo intersetaria todos os despachos.

Em virtudes destas dificuldades foram apenas estabelecidas algumas ligações, tendo sido feitos exercícios.

Para que o pessoal estivesse apto a automaticamente saber empregar as comunicações óticas, logo que as comunicações telefónicas fossem cortadas, suportes fixos de madeira foram mandados colocar nos locais onde deviam funcionar as lanternas com dispositivos especiais improvi­sados para aquelas ficarem logo devidamente orientadas.

Em nota (…) de 26 de fevereiro foi determinado às Divisões que, além dos exercícios de transmissões óticas que tinham lugar em certas noites da semana, experiências fossem feitas supondo interrompidas to­das as comunicações telefónicas e que apenas podia funcionar a rede ótica. 

Comunicações pela TSF

As comunicações por TSF, que durante a Grande Guerra conheceram notável incremento, nunca estiveram completamente operacionais na zona portuguesa. Soares Branco procura explicar as razões que impediram o serviço destas redes de responder com eficácia quando foi necessário. Ao ler o seu relatório fica-se com a ideia de que o sistema era de difícil utilização tanto pelos equipamentos, demasiado pesados e sensíveis, como pelo seu manuseamento, que implicava o uso de sistemas codificados e em cifra. As comunicações por TSF são abordadas juntamente com a TPS, transmissão pelo solo, a que já fizemos específica referência.

As comunicações por TPS e por TSF dia a dia tomavam um maior desenvolvimento principalmente desde que se conseguira simplificar os aparelhos e dar-lhes condições de mobilidade e fácil montagem.

O facto de nunca ter sido possível conseguir que o Exército Bri­tânico fornecesse camion para carregamento de acumuladores, nem box-car para transporte de pessoal, prejudicou sempre notavelmente a regu­laridade deste serviço que somente durante o último período da estada na linha da 1ª Divisão incorporada no XI Corpo, funcionou regularmente.

A instalação dos diferentes postos em obediência ao prescrito no plano de defesa só se fez muito tarde.

De facto, algum material não foi fornecido quando requisitado e a falta de bons abrigos que levaram muito tempo a ser construídos, e não em número suficiente, concorriam notavelmente entre outras causas para a morosidade das instalações.

Foi na 1ª quinzena de março que o sistema ficou concluído, mas apesar disso muitos abrigos eram ainda de fraquíssima resistência. (…)

O sistema, embora somente satisfatório para os sectores de Fauquissar, Chapigny e Neuve Chapelle, carecia de ser devidamente experimentado no seu funcionamento pelos diferentes comandos. (…)

Os postos de comando das Brigadas e da Village Line nunca chegaram a ser feitos acarretando como consequência o não estabelecimento da TSF.

Exposta esta questão ao comando, foi por este enviado às Divisões a 12 de fevereiro (…) ordem para a fixação urgente dos locais e construção dos postos de comando das Brigadas, a fim de poderem ser estabelecidas as respetivas ligações.

Tal nunca chegou a ter realização prática conveniente e na manhã de 9 de abril talvez ainda fosse possível descobrir em alguns pontos como em Loreto Road (…) amarradas a um poste as linhas de ca­bo que o Serviço Telegráfico da 1ª Divisão fizera construir desde os Batalhões até aos locais que o plano de defesa escolhera para postos de comando, mas que nunca foram ocupados.

Por fim resolvera este serviço dar ordem à TSF para que mon­tasse as estações perto dos então comandos de Brigada e foi só na primeira quinzena de março que tal se conseguiu.

Mas como os despachos deviam ser somente transmitidos em cifra este problema veio juntar-se ao de ordem simplesmente técnica.

A cifra

Apesar da importância que a utilização de sistemas de cifra ia adquirindo, o seu uso não era fácil no campo de batalha. Todos os contendores empregavam esforços imensos para penetrarem nas comunicações inimigas e intersetarem o seu tráfego. Mas o emprego destes sistemas pelas unidades operacionais não se adaptava à urgência que quase sempre era exigida às comunicações. Soares Banco tinha a perfeita noção destas dificuldades e procura fazer um retrato fiel de como tal serviço se processava e da impossibilidade do seu funcionamento de rotina.

É um inextrincável labirinto o processo de cifras e códigos do Exército Inglês.

Na telegrafia e telefonia ordinária com o emprego do fullerfone cujo princípio consiste em transmitir as mensagens pelo acústico de forma que a corrente exterior do circuito seja contínua e a pulsação só tenha lugar ao chegar às estações recetoras conseguira-se evi­tar a fácil interseção pelo inimigo dos despachos.

A adoção das chamadas posições Calls para identificar as diferen­tes estações e postos as quais apenas dependiam das coordenadas da referência do mapa e eram independentes da unidade que os ocupasse tinha sossegado a Intelligence Britânica acerca do receio de que do inimigo fosse sabido o dispositivo de tropas e as suas rendições.

Mas todas as mensagens de TSF ou TPS eram fatalmente intersetadas pelas estações alemãs. Nessas circunstâncias inventaram diferentes cifras para a transmissão dos despachos, das quais as mais importantes eram o B.A.B. code, o Playfair cypher e o Field cypher.

Ao pessoal de TSF das estações e postos era obrigatório a conversão em Playfair ou Field Cypher dos despachos enviados pelo comando logo que estes fossem entregues em linguagem clara.

Infelizmente sucedia sempre assim e a cifração demorava muito tempo, outro tanto sucedendo à receção do despacho para o decifrar, o que por vezes era até muito difícil por quaisquer erros de transmissão ou receção.

Mas os Comandos, acostumados a fazer uso do telefone transmitindo ou recebendo informações rapidamente, quando este meio lhes faltava, ou esqueciam os restantes, ou se impacientavam cedo pelas demoras que fatalmente devia haver sobretudo em despachos trocados pela TSF.

A falta de hábito, portanto, de se servirem deste meio de comunicação e o pouco treino que ao pessoal telegrafista o serviço dava, fo­ram causas do emprego improdutivo que a TSF e TPS teve em 9 de abril como veremos.

Quando nos primeiros dias de março, a 2ª Divisão foi severamen­te experimentada pelos ataques inimigos sobretudo no sector de Chapigny, deu-se o facto de durante três horas terem sido interrompidas as comunicações telefónicas com Laventie, haver já ali montada uma estação de TSF e nunca esta ter sido usada para comunicar com a Divisão.

Em 12 do mesmo mês era transmitida às Divisões uma série de or­dens relativas à defesa nas quais se incluía no seu artigo 6º a necessidade para os comandos de ensaiar amiúde novos meios de comunicação como fossem sinais óticos, TSF, pombos correios, etc.

Na 2ª quinzena de março a partir da ofensiva alemã do Somme foi recebida ordem para que todas as estações de TSF passassem a intersetar os despachos transmitidos pelo inimigo, só devendo ser empregada na troca de mensagens ou casos muitos urgentes de ordem tática.

Essa circunstância interrompendo o funcionamento do serviço veio a ter depois funestas consequências e acabou de convencer os comandos da pouca utilidade desses postos que não mais lhes serviam nas suas relações habituais.

As constantes explorações que a estação diretora fazia, as di­rigidas tiveram também de cessar e o pessoal entregue a si próprio certamente esmoreceu no zelo pelo serviço.

Para maior erro e complicação de chamadas inventou o GHQ um novo sistema de indicativos que grande confusão estabeleceu nas re­lações entre os postos, os quais em pouco tempo tinham mudado várias vezes de indicativos os quais por último formados de três letras eram idênticos às Stations Code Calls que também tinham sido mandadas adotar nos postos telefónicos em vez das Positions Calls.

A iminência do perigo decuplicava as precauções, e estas eram em tão grande número, que, desorientando o pessoal, se convertiam em outras tantas causas de êxito para o inimigo.

Pombos-correio

A utilização dos pombos-correio na Grande Guerra já foi amplamente abordada nas nossas páginas. Eles desempenharam um importante papel no transporte de mensagens logo desde o início da guerra, primeiro no Exército Francês e logo de seguida também nas grandes unidades britânicas.

Um pombal móvel no R. E. Signals Pigeon Camp, Setembro 1917. © IWM (Q 29539)

Em relação à frente portuguesa, Soares Branco aborda a questão no seu relatório, explicando com brevidade a forma como se fez o seu uso.

O serviço de pombos-correios era constituído por um antigo pombal fixo em Lacouture com cerca de 150 pombos, o pombal móvel nº 48 es­tabelecido em Huit Maisons e, mais tarde, na segunda quinzena de fe­vereiro, pelo pombal móvel nº 20, estacionado em St. Floris.

Desde janeiro que por ordem do GHQ o pombal móvel nº 48 fora re­servado para a criação, passando todo o serviço a ser feito polo pom­bal de Lacouture. A distribuição de pombos era normalmente feita por ciclistas às brigadas e batalhões em linha, à razão de dois pombos por cada comando, o que por vezes, se a situação tática o aconselhava, era duplicado.

O pessoal encarregado dos pombais era, como usualmente, parte do GHQ parte do serviço telegráfico do Corpo, havendo em cada secção de sinaleiros de brigada e grupo pelo menos seis homens com a especialidade de pombeiros. Os pombos que normalmente se conservavam em serviço na linha por períodos de 24 horas conduziam em tubos porta mensagens, presos a anilhas de alumínio fixas às pernas, os despachos escritos em papel muito fino e ao modo ordinário.

A velocidade do voo do pombo era grande e em dois minutos era possí­vel ser recebido numa brigada um despacho dum batalhão.

Mas, para que este meio de comunicação fosse prático, seria necessário que a situação dos pombais fosse diferente daquela encontrada pe­lo Corpo Português na sua entrada na linha. O pombal móvel nº 48 ne­nhuma razão havia para o deixar demasiadamente avançado e exposto, junto de uma das brigadas, mas o facto de ter sido reservado para a criação fez que a sua mudança para Lestrem só pudesse ter lugar em março, não tendo havido até 9 de abril tempo suficiente para a treinagem dos pombos. Mesmo assim e com o pombal fixo de Lacouture, se estivesse completo o troço de linhas enterradas Lacouture-Le Touret e Bout de Ville-Riez-Bailleul-Laventie, embora o bombardeamento de que foi alvo muito preju­dicasse o serviço, certamente algumas informações teriam chegado ao seu destino.

O pombal móvel nº 20 que anteriormente servira no 2º Exército, nas proximidades de Ypres, embora há mês e meio em St. Floris, não con­seguira ainda boa treinagem para os pombos. Destinado a fazer chegar das Divisões informações diretas para o Corpo, por ordem do GHQ o cabo inglês encarregado do pombal ensaiara no mês de março largar alguns pombos em Paradis. O desaparecimento de 23 deles deixou desolado o cabo inglês e mostrou a pouca velocidade de instrução para os antigos vete­ranos de Ypres, cinco dos quais se recebera comunicação que haviam merecido citações especiais em circular do Marechal French aos criadores de pombos em Inglaterra.

Conclusão

O Serviço Telegráfico do CEP adaptou-se com alguma facilidade às responsabilidades de apoiar uma grande unidade durante o período inicial da presença do Corpo de Exército Português na frente, entre novembro de 1917 e o início de abril de 1918. Soares Branco estudou a situação, descentralizou responsabilidades, conseguiu os apoios necessários, inspecionou os trabalhos, procurou resolver as dificuldades que foram surgindo. Mas o essencial da situação não dependia de si. Tudo acabou por se complicar à medida que se foi compreendendo que a continuação da ofensiva alemã da primavera se encaminhava para a zona do Lys e que todos constatavam a previsível debilidade operacional e em especial psicológica dos soldados e das unidades portuguesas.

Nos últimos dias de março e primeiros de abril, as ordens e contraordens foram constantes e não se chegou a estabelecer um dispositivo claro e concreto das forças, que permitisse aos sistemas de apoio planearam a sua ação. Foi o que aconteceu às comunicações que, apesar do enorme esforço e muita diligência com que o Serviço Telegráfico enfrentou a situação, não chegaram a funcionar como seria desejável quando foram mais necessárias. Sem que disso possa o Serviço ser responsabilizado.