Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:
Numa altura em que vários elementos da CHT estudam no AHM documentos relativos à participação das Transmissões no CEP, na Flandres, parece oportuno referir aqui a interessante obra “As origens da Grande Guerra”, recentemente publicada, da autoria nosso amigo Coronel David Martelo, também ligado à CHT pois tivemos o gosto de ouvir a apresentação que fez, na EPT, do livro “As Transmissões Militares, da Guerra Peninsular ao 25 de Abril”.
O livro, cuja leitura foi para mim extremamente aliciante, é dedicado às origens da Grande Guerra, procurando transmitir ao leitor, segundo o autor revela, abundantes elementos para que lhe permita encontrar, por si, uma resposta á pergunta de quem foi o responsável ou os responsáveis pelo eclodir do conflito.
Aqui interessa-nos assinalar a forma como David Martelo apresenta a importância que foi atribuída às Transmissões no conflito e que o torna, possivelmente, o único historiador português que não se esqueceu de assinalar a importância das Transmissões no conflito.
Os leitores que julguem, também por si, as transcrições das pág. 38, 39 e 40 do livro, a propósito da importância dos avanços tecnológicos nas guerras:
“Depois perceberam que não podiam sustentar guerras prolongadas, pelo que qualquer campanha deveria ser conduzida com grande precisão e rapidez. Para este duplo fim, a utilização do telégrafo e do caminho-de-ferro era essencial. O telégrafo permitia o rápido fluxo de ordens, informações e pedidos, tornando a ação de comando muito menos dependente do acaso. O caminho-de-ferro, por seu turno, imprimia às movimentações de tropas uma rapidez nunca antes possível. O general Helmuth von Moltke, apoiado no seu superiormente preparado Estado-Maior, foi o responsável pela introdução destes meios de planeamento e na conduta das grandes operações de guerra, e, o que é de realçar, sempre numa perspetiva ofensiva. Foi ao ponto de estabelecer no quadro orgânico do seu Estado-Maior uma repartição específica para o emprego dos meios ferroviários e outra para se ocupar da utilização do telégrafo.
Cita ainda um regulamento alemão de 1889, no qual von Moltk escreveu na abertura: …”Todavia os progressos tecnológicos, a existência de meios de transmissões mais fáceis de operar, novos armamentos, em suma, a existência de circunstâncias complexamente novas, hão de prevalecer…“
Apenas duas observações:
As Transmissões na Grande Guerra não foram apenas baseadas no telégrafo, porque se seguiu, na Grande Guerra, o chamado princípio de sobreposição de meios. Assim usaram-se, além do telégrafo elétrico, que era o meio dominante no início do conflito, mas que na certa altura foi ultrapassado pelo telefone, mais fácil de operar. marcaram a sua presença na guerra, a telegrafia visual, as lanternas de sinais, o pombo-correio, a T.S.F:, a Telegrafia pelo solo e o fullerfone para tornar as comunicações telefónicas mais seguras.
A leitura do livro do Cor Martelo poderá contribuir para dar um excelente enquadramento aos elementos que se disponham a estudar a brilhante atuação que as Transmissões tiveram na Grande Guerra e que é muito pouco conhecida.
Excelente artigo,
Eu sou um investigador independente e o meu trabalho é focado no período de 1914 – 1918
Tenho procurado informação sobre transmissões e aproveito para agradecer a disponibilização dos conteúdos que têm agraciado o vosso site.
Ao vosso dispor,
Carlos Alves Lopes