Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:

Os historiadores, dentro da sua função de procurar afincadamente a compreensão do passado, há muito que se têm dedicado ao tema das responsabilidades pela eclosão da Primeira Guerra Mundial. Ainda recentemente saiu, entre nós, o excelente livro de David Martelo, “As origens da Grande Guerra” a que já nos referimos no post de 28 de Fevereiro deste Blogue.

DiplomaciaTambém Henry Kissinger (que, como eu, não é historiador) no seu  livro “Diplomacia” se refere a este tema da seguinte forma curiosa :

“Durante décadas, os historiadores têm vindo a debater sobre a quem deve recair a responsabilidade na eclosão a Primeira Guerra Mundial.

Porém nenhum país pode ser individualmente responsabilizado por esta louca precipitação para a catástrofe.

Todas as grandes potências contribuíram com o seu quinhão de estreiteza de vistas e irresponsabilidade e fizeram-na com uma despreocupação jamais possível no futuro, assim que a catástrofe que tinham forjado entrasse para a memória coletiva europeia.

Tinham esquecido o aviso de Pascal nos Pensées (se é que alguma vez chegaram a conhecê-lo): “Corremos imprudentemente para o abismo depois de termos colocado algo à nossa frente que nos impede de o vermos”.

Kissinger explica, assim, a fatal decisão das grandes potências europeias por não terem sabido respeitar os ensinamentos de Pascal, não sendo capazes de se aperceber de “algo que tinham à frente dos olhos (e que eles próprios criaram) e não os deixava ver”.

A sua repartição das culpas pelas grandes potências europeias, julgo ser hoje consensual. De assinalar que ultrapassa a ideia de que a justiça é feita pelos vencedores, e portanto os culpados acabam por ser sempre os vencidos.

No entanto, em minha opinião, Kissinger não explica, como procuraria fazer qualquer historiador, como surge a “venda nos olhos” das grandes potências, nem quando surgiu, nem porquê o atentado de Serajevo provocou o eclodir da Grande Guerra quando em muitos outros casos anteriores, até mais significativos, isso não aconteceu.

São boas questões que a leitura recente do livro e “O século XX” de Martin Gilbert (1º volume), que está a ser distribuído com o “Expresso”, me ajuda a responder em próximo post,  pois embora não seja historiador sinto-me, de certa maneira, obrigado a tentar faze-lo, neste Blogue, como membro da CHT.