Post do Cor António Pena, recebido por msg:
Manuel Augusto nasceu em 29 de julho de 1932, tendo cumprido o Serviço Militar Obrigatório de 19 de março de 1953 a 15 de fevereiro de 1955. Aprovado no curso para Cabo da especialidade 698, Radiotegrafista, com 13,60 valores, foi promovido a 1º Cabo em setembro de 1953, sendo MV (média velocidade).
As recordações da vida militar são muitas, destacam-se: participação nas “manobras” de 1953 e 1954 em Santa Margarida; tempo do sim ou não para ser mobilizado para ir para a Índia Portuguesa; “boas vistas” das novas instalações, e não só, do Externato Casas de São Vicente de Paulo; disponibilidade para ajudar e amigável forma de tratar, dos oficiais e sargentos dos quadros permanente e complemento; camaradagem dos militares (praças) com quem mais convivia; a instrução da especialidade e o cuidado na apresentação geral da farda e das formaturas.
Nas “manobras” de 1953 prestou serviço na situação de adido no Regimento de Infantaria nº 10 (Aveiro) utilizando fonia e grafia no posto de rádio SCR 193 e nas de 1954, também como adido, no Regimento de Artilharia Pesada nº 3 (Figueira da Foz). Das duas diligências salienta-se o funcionamento perfeito do seu posto de rádio na primeira, merecendo louvor que não foi concedido a seu pedido (não queria dar nas vistas) e na segunda (1954 – RAP3) a carecada bem merecida quando, ao regressar do campo de manobras, simulou avaria no posto de rádio (reduziu propositadamente a potência do emissor) ficando fora da rede para ouvir um relato de futebol, parecendo-lhe ter sido um Benfica/Estoril.
Em 1954, quando a União Indiana desenvolvia esforços para ocupar a Índia Portuguesa, vivia-se nas unidades militares a espera de ser mobilizado. Desses tempos recorda o Salsinha e outros que foram para o Ultramar. A hora chegou e foi mobilizado para a Índia, mas o Gandhi, seu camarada de curso, ofereceu-se e partiu em seu lugar.
O quartel do Regimento de Engenharia nº 1 situava-se no Campo Grande onde hoje se encontra a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Na altura o aquartelamento da Pontinha era utilizado como Campo de Instrução havendo instalações para ficar, em especial durante a recruta.
A Instrução era rigorosa e muito bem orientada, rigor na aquisição de competências e aprumo militar em todos aspectos. Recorda a cuidada formatura quando em outubro de 1953 o Regimento participou na recepção ao Presidente da República, General Craveiro Lopes, quando regressou da visita à Grã-Bretanha.
Os oficiais que recorda com mais intensidade são o Comandante do Regimento, Coronel Luís de Moura e o Comandante de Companhia, Capitão Rogério Cansado, na altura oficial ligado aos Bombeiros. Nos sargentos lembra com satisfação um homem bom que era o 1º Carneiro, responsável pela Secretaria da Companhia de TSF. Também recorda como amigo das praças o Tenente de Engenharia Luazes, boa pessoa que ajudava quando era preciso.
O edifício do Externato Casas de São Vicente de Paulo, naquela altura dos arredores do Campo Grande ainda desafogados dava nas vistas pelo aspeto, tinha sido inaugurado pouco antes, e pelo seu ambiente humano envolver agradáveis representantes do sexo feminino.
Neste brevíssimo resumo dos dois anos de passagem pelo Exército no cumprimento do Serviço Militar Obrigatório, a terminar, o nosso 1º Cabo Radiotegrafista Manuel Augusto, considera que ao ter sido aprovado para uma Especialidade do seu agrado, tudo fez para aprender o máximo e viver o dia a dia com satisfação, salientando ter cumprido um dever que ainda hoje lhe parece que foi justo e de muita utilidade para a sua vida como cidadão.
– Em conversa com o coronel António Pena, que foi incorporado, como 2º Sargento Radiomontador, também na Arma de Engenharia, em 1954.
Paço de Arcos, 16 de novembro de 2014