O telégrafo português conhecido como telégrafo de ponteiro é um telégrafo ótico desenvolvido por Francisco António Ciera, em que há referência da sua existência em 1805, mas é numa sua carta de 1808 que explica o seu funcionamento e apresenta um desenho do telégrafo conjuntamente com os desenhos do telégrafo sueco Eldcrantz ( 1796) , inglês Murray (1795) e Francês Chappe (1793)
Citando o que escreveu:
“O português (que propus depois de ter examinados os apresentados e muitos outros ) tem uma só manivela ,com a qual se dá ao seu único ponteiro as inclinações 45⁰ em 45⁰a respeito do mastro vertical; de sorte que um só homem observa, faz os sinais e escreve, tudo a um tempo; pois tem a vista aplicada a uma luneta fixa ao mastro, move a manivela com a mão esquerda, ficando-lhe a direita livre para poder escrever em uma pedra convenientemente aplicada ao mastro para esse fim.”
Em relação ao seu funcionamento, escreve:
“À primeira vista parece impossível satisfazer a tudo somente com 8 sinais; consegui isto por meio d`hum diccionário que compuz – com bastante trabalho -, e que contem mais de 60.000 palavras e frases, cada huma das quais tem por expressão telegraphica huma combinação dos nº 1, 2, 3, 4, 5 e 6 tomados a dous, a três, a quatro, a cinco, a seis.”
A distância entre dois telégrafos não devia exceder 2,5 léguas (aproximadamente 15Km)
Em 1810 o Corpo Telegráfico é criado oficialmente, para o qual é nomeado Diretor, e é impresso o dicionário a que se refere, com o Título de TABOAS TELEGRAFICAS, na IMPRESSÂO RÉGIA e em que só constam cerca de 10 000 palavras.
Queria apenas acrescentar que existe uma versão diferente deste telégrafo de ponteiro e que foi apresentada por Raeuber (ver pág. 17 do livro Bicentenário do Corpo Telegráfico).
Esta versão tem na ponta um quadrado, o que nos parece permitir aumentar a sua visibilidade.
Desconhecemos se esta versão já era conhecida e usada no tempo de Ciera. Não nos podemos esquecer que o sistema português continuou em uso cerca de 50 anos depois da morte de Ciera.