Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg:

Como tenho afirmado, considero importante a experiência que vai sendo adquirida na remodelação da Coleção Visitável do Regimento de Transmissões com vista a encarar a cooperação, que compete à CHT realizar, na constituição do Núcleo de Transmissões do Museu de Elvas.

É, no fim de contas, uma forma de aplicação do princípio de “aprender a fazer museus, fazendo”, tal como praticámos em relação à História.

Com efeito, partiu-se do princípio de que a realização de uma obra mais limitada, visto que na CV do RT apenas se pretendia que dissesse respeito às Transmissões Permanentes, ajudaria a realizar a obra de âmbito muito mais vasto que era a do Núcleo de Elvas, em que se apresentavam Comunicações Permanentes e de Campanha.

Havia uma inovação importante que se pretendia implantar na CV do RT que era considerar que a base do projeto de remodelação consistia em que a CV era feita para “contar aos visitantes a história das Transmissões Permanentes do Exército”. Assim, para cada um dos diferentes períodos em que foram divididos os 200 anos de história que se pretende contar (de 1810 à atualidade), havia que elaborar previamente a respetiva “visita guiada”.

A finalidade da CV era permitir que o visitante aprendesse a evolução das Transmissões Permanentes. Os objetos expostos permitiam ilustrar a história que a CV pretendia contar. Nela não tinham cabimento outros objetos que nada tivessem a ver com essa história ou cuja utilização nem sequer fosse conhecida.

Na visita que fizemos ao atual Museu Militar de Elvas tivemos ocasião de confirmar a viabilidade deste conceito não só porque a visita guiada  ao Museu, realizada pelo TCor Ribeiro foi essencial para a compreensão da exposição, como também este oficial me comunicou a sua opinião favorável ao conceito que lhe expus e que estava a ser adotado na CV do RT.

Recentemente tive oportunidade de expor a um familiar e amigo, familiarizado com a área dos Museus, o problema básico que consiste em sabe qual o critério que se deve adotar para que uma peça seja exposta no museu, e se considerava válida a nossa ideia de expor os objetos no sentido de melhor “contarmos a história que pretendermos transmitir aos visitantes”.

A resposta foi francamente positiva. Aconselhou-me também a leitura de uma publicação do Conselho Internacional de Museus (ICOM), da UNESCO, com sede em Paris,  “Conceitos Chave de Museologia”, de André Desraillees e François Mairesse, 2010.

Dessa publicação limitamo-nos a transcrever algumas passagens que nos parecem suficientes para validar a nossa tese:

  • “Os objetos expostos devem considerar-se menos como coisas, do ponto de vista da sua realidade física, do que como entes de linguagem… Numa exposição os objetos são utilizados como signos do mesmo modo que as palavras num discurso…” (pág.63)
  • “Desde o momento que os objetos se consideram elementos de linguagem permitem construir exposições-discurso…(pág.64)
  • “O objeto não é para nada verdade de nada; polifuncional primeiro, polisémico depois, só faz sentido se posto num conceito (Hainard,1984) (pág.65)

Inserir os objetos expostos no discurso da Visita guiada que orienta a exposição é, assim, a sua necessária contextualização.