Post do Cor António Pena, recebido por msg:
A mobilização, como tenente, para a Companhia de Reabastecimento e Manutenção de Material de Transmissões do BTm 361 de Angola (todos os oficias da companhia eram do ramo elétrico, radioelétrico e eletrónico do Serviço de Material) decorreu normalmente. A CRMMTm tinha a seu cargo a logística do material de campanha, sendo comandada por um capitão, havendo a Delegação do STM, que tinha a seu cargo a logística das transmissões permanentes, chefiada por um capitão da Arma de Engenharia. No dia da apresentação o comandante do Batalhão, tenente-coronel Eng Mário Leitão (mais tarde promovido a coronel), determinou que o tenente Pena assumisse a responsabilidade pela manutenção de todo o material de transmissões da Região Militar de Angola, ou seja, das Transmissões de Campanha e Permanentes.
Durante a complexa acumulação aconteceu o assumir duma tarefa, recordada anualmente nas “comemorações do BTm361”, cumprida por forma a ser por mim considerada a mais eficaz das realizadas ao longo do percurso de trabalho iniciado aos 18 anos e que ainda (aos 76) continua.
Num dia de 1966/67, o comandante, coronel Mário Leitão, deu-me a ler uma carta da empresa de cervejas CUCA, onde se convidavam as unidades militares aquarteladas em Luanda (Marinha, Exército e Força Aérea) a participar num torneio de futebol de cinco (futsal). O Batalhão não dispunha de equipa organizada, nem ambiente propício à prática desportiva regular, mas o comandante determinou que o Batalhão participasse.
Na sequência daquele conhecimento perguntei se era para preparar um sistema de relatos que chegasse a todas as estações do STM e oficinas avançadas de Angola – nada disso, vamos preparar uma equipa que represente as Transmissões ao mais alto nível, ficando o tenente Pena, desde já, responsável par essa tarefa. No dia seguinte, logo a seguir ao toque de sentido a anunciar a disponibilidade do comandante (na altura morava no aquartelamento), demonstrou-se que os afazeres (responsável por toda a manutenção) e ausência de prática desportiva, aconselhavam a nomeação de outro oficial/sargento, mas o comandante insistiu na escolha.
De imediato assumiu-se a tarefa e convidou-se para o desafio o sargento Oliveira que foi vital para se conseguir sucesso: primeiro lugar no campeonato; primeiro lugar na disciplina (fair play) e primeiro lugar na participação da assistência (postura, quantidade e frequência) – o Batalhão de Transmissões ganhou as três taças em disputa. O comandante assistiu fardado (nº1 e bastão), acompanhado do cão da unidade, a todos os jogos, havendo larga participação de oficiais, sargentos, praças e familiares.
As fotografias mostram o entusiasmo daquela noite, não havendo propositadamente legendas para procurar que haja feedback a exigir mais explicações.
A seguir à entrega das taças, a equipa, num jeepão aberto, passou pela avenida onde morava, pararam e aclamaram, tive de aparecer à varanda [comigo em Luanda estavam a mulher (professora de ensino secundário contratada pelo Ministério do Ultramar) com direito a transporte para os pais, os três filhos e colaboradora doméstica].
Dos pormenores que permitiram o sucesso, destacam-se:
- Escolha imediata dos colaboradores destacando-se o sargento Oliveira.
- Constituição de duas equipas (A e B) e respetiva inscrição.
- Facilidades em escalas de serviço e reforço de alimentação.
- Equipamento das duas equipas com o melhor que se conseguiu arranjar no mercado local.
- Embora não entendido na técnica futebolística procurou-se que o Oliveira insistisse em três aspetos: evitar faltas porque irritavam os árbitros e causavam mau ambiente; procurar que se fizessem passagens para espaços vazios e que a devolução da bola, pelo guarda-redes, fosse rápida para explorar o contra-ataque.
- Antes de cada jogo fazia-se aviso individual, por escrito, sobre o encontro daquela noite e havia o cuidado de conseguir viaturas para transportar todas as praças que desejassem assistir aos jogos.
Eu, como amante do Desporto, principalmente Futebol tenho de dar os PARABÉNS a esta cronologia. Joguei Futebol federado, participei em muitos jogos e torneios de futsal mas, tenho um prazer enorme de, ter defendido as cores do BTM2 em Nampula entre Nov/70 até Dez/72. Mais uma vez, PARABÉNS a este recordar, mesmo não sendo a minha ex-Unidade.
Esta evocação demonstra que qualquer tarefa, assumida com entusiasmo, dedicação e competência,será sempre coroada de exito.
Este post tem a virtude de, no blogue, pela primeira vez abordar o tema da participação desportiva nas unidades de Transmissões.
O episódio do torneio Cuca de futsal relatado parece mostrar o empenhamento do TCor Leitão, comandante da unidade, na vitória no torneio, a ponto de nomear um imprevisível oficial para o efeito e que levou a carta a Garcia.
Julgo que muitos outros casos houve que realçam a importância que o comando atribuía à prática desportiva como fator de coesão da sua unidade, mas penso que mais do que a vontade do Comando foi determinante para o sucesso a adesão do pessoal ao desafio lançado.
Dentro desta perspetiva há muita história por contar da participação desportiva protagonizada por muitos dos leitores deste blogue, que o queiram e tenham gosto em fazer. No fim de contas a base do sucesso em muitas das competições desportivas esteve na capacidade que houve em trabalhar em equipe para produzir um resultado de qualidade.
Pela minha parte estive numa unidade de Engenharia, em 1961, o Destacamento de Engenharia da Índia. Era uma unidade que tinha a psicologia que se vê nos grandes clubes do futebol, na atualidade, que é a ideia de “que sempre que a equipe entra em campo é para ganhar. E o DEI tinha esse espírito e o respetivo proveito. Claro que também me senti na obrigação de dar o meu contributo e entrei no campeonato de ping-pong, e fiquei em 2º lugar em singulares e em primeiro em pares, em parceria com o alferes miliciano Mendonça, eletrotécnico.
Como comandante do Regimento de Transmissões vim a criar na unidade as “manhâs desportivas”, às quintas-feiras, nas quais participava, pois acreditava que a prática desportiva beneficiava a coesão da unidade, ou seja o “espírito de equipe”, sempre presente no desporto.
Seguindo as pisadas do Administrador do Blogue, atrevo-me a desafiar os visitantes a dar ao Blogue o presente de Natal que seria contar a história da atividade desportiva que protagonizaram nas Transmissões.
Esse post esta muito interessante, relata um fato que foi muito importante naquela epoca , pois ninguem podia imaginar uma participação desportiva nas unidades de Transmissões,mais por fim deu certo, conheço um dos responsáveis pelo sucesso missão, o sr coronel António Pena que tenho como meu amigo e que admiro como pessoa e foi pela sua boca que ouvi essa historia pela primeira vez, estão de Parabéns..
Parabéns, avô. O espírito de liderança e de empreendedorismo, assim como o gosto pelo convívio e pela organização começaram bem cedo e continuam ainda hoje. Devem ter sido bons tempos que aí se viveram.
Delicioso! Obrigado por partilhares essa excelente recordação. E aqui se compreende de onde vem a tua sabedoria sobre liderança e motivação!
Um abraço e boas festas!
A atitude do Coronel de Engenharia Mário Leitão, Comandante do BTm361, foi a mais nobre, tendo como base a defesa do prestígio da sua unidade, assumindo-a como operacional e preparada fisicamente para os desafios propostos ao Quartel-General do Comando Territorial de Angola. A certeza que o Comandante tinha sobre o êxito dos militares que desempenhavam a sua missão no Batalhão e, especificamente, do seu Tenente Pena, hoje Coronel [TecnManTm (SitRef)], mas por ser Doutorado em Ciências da Comunicação ainda dá aulas no Ensino Universitário. A empresa CUCA – Companhia União de Cervejas de Angola, SARL, a laborar, desde 1947, tinha relacionamento estreito com o desporto. desde 07 de maio de 1954, com a criação do seu Grupo Desportivo. O “Futebol de Salão” foi eleito modalidade preferencial, no início a única modalidade desportiva preferida pelos angolanos, permitiu um processo de relações humanas efetivo entre as diversas populações, tendo sido objeto de aplausos ao longo dos anos 60, pelo menos até à Grandiosa Final de 1972. Neste contexto surge o convite de participação nos torneios de 1966 a 1968 sendo que a população de Angola sempre acarinhou os contingentes militares arregimentados, para cumprir as suas missões de defesa. A empresa CUCA foi nacionalizada pelo Governo de Angola em 26 de Maio de 1976.
Já tinha lido este post e observado a vivacidade das fotografias e, tal como escreve o João, meu sobrinho, começou bem cedo o teu espírito de liderança e gosto pela organização. Parabéns! Continua.
Grande esforço, bela capacidade de realização! O António Pena igual a si mesmo!…
Parabéns amigo Pena. Uma publicação muito interessante para a história das Transmissões, onde está patente a sua capacidade organizativa e de fazer bem. Aqui também está presente um homem que deu muito às Transmissões o Cor Mário Leitão. Fica aqui demonstrado a capacidade dos homens da Manutenção que muito contribuiram para a formação da Arma de Transmissões, principalmente aqueles que incorporados em Batalhões operacionais combateram nas várias frentes da guerra colonial. Os homens da manutenção sempre foram os parentes pobres da Arma de Transmissões os seus conhecimentos são importantes para enriquecer um futuro livro que eu daria o título ” As Transmissões na Guerra Colonial”.
Viegas de Carvalho (TCor na Ref)
Sou dos que reconhece a capacidade do pessoal de Manutenção e o valioso contributo que deram para o funcionamento e prestígio das Transmissões. Pouco se tem escrito sobre isso, e é, para mim, uma pena que a história da Manutenção esteja por escrever.
Julgo que, com o atual alheamento do pessoal de Manutenção em apresentar o seu testemunho pessoal, sendo apenas o coronel Pena a exceção, não será de prever que a situação se modifique. O que inevitavelmente sucederá se não se fizer alguma coisa para que. coisas possam mudar. O única solução que vejo para este impasse é que o exemplo do coronel Pena frutifique e o pessoal de manutenção, enquanto o puder fazer, passe a apresentar o seu testemunho em posts neste Blogue.
Muitos parabéns, meu Caro Coronel António Pena!
A sua versatilidade e sucessos são uma fonte de inspiração!
Abraço
Parabéns Pena, pelo êxito obtido.Nessa altura,eu chefiava,em substituíção do capitão Oliveira Pinto,a Delegação do STM de Angola cujo pessoal tinha direito a certa independência em relação ao Batalhão,mas graças à liderança do ten.Pena,o STMA participou no torneio e nas comemorações dos seus memoráveis resultados.Obrigado Pena por nos fazer recordar bons momentos passados no Btm361.
Obrigada por partilhar esta história em que o meu avô Mário, pelo que parece, teve um papel importante. Também gostei das fotografias.
Parabéns Pena pelo excelente post, que demonstra bem a importância da liderança para se conseguir atingir os objectivos. Por certo que sem a liderança do “presidente” do “clube” (Cor Mário Leitão) e do “mister” (Ten António Pena) não teria sido possível a vitória. Infelizmente, actualmente escasseiam os líderes, em vários domínios, e os resultados (ou a falta deles) são bem evidentes. Quanto às brilhantes instruções tácticas e técnicas continuam bem actuais, mas alguns “misteres” esquecem-nas, ou não sabem como as fazer cumprir, certamente por incapacidades várias.
Sendo, para mim, indiscutível para a vitória do ATmA no torneio de futsal a exemplar liderança do coronel Leitão, incluindo o seu apoio e acompanhamento de todo o processo, julgo importante realçar também três aspetos essenciais:
O primeiro foi a decisão, ambiciosa mas viável, de escolher a participação da sua unidade no torneio de futsal para ganhar.
O segundo foi o acerto da escolha do tenente Pena e da forma como este correspondeu, a seu nível, inclusivamente escolhendo a dedo os seus colaboradores diretos, que, também eles, se revelaram excelentes líderes intermédios.
Por fim a qualidade dos executantes, os homens que, no terreno, envergaram a camisola da Unidade e que graças ao treino e motivação que adquiriram chegaram ao triunfo.
Tudo isto existia potencialmente no ATmA, porque não se fazem omeletes sem ovos; a liderança do coronel Leitão permitiu que os esforços de uma equipe criteriosamente escolhida se concretizassem, como pretendia.
Uma lição.
Como ex-militar das Transmissões, 1º.Cabo Radiot. do STM,, 080257/69, servi no AGTMS do CTIG, no Centro Recetor, em Bissau, também ex-praticante e, mais tarde, treinador de Futsal, congratulo-me por ter tido a oportunidade de comentar pessoalmente com o Sr. Coronel António Pena, a participação de uma equipa de futsal no torneio Cuca. Em Bissau e quando da criação do Agrupamento de Transmissões, em Nov.1971, também a nossa equipa de futebol de onze, competiu no torneio entre aquartelamentos do CTIG, sediados em Bissau.
Assim, comento este acontecimento, culminado com a vitória, como um registo de um evento do qual a família das Transmissões se deve orgulhar.
Parabéns Coronel António Pena.
Parabéns Professor Coronel António Pena, pela liderança e motivação à equipa. Só isto demonstra o quanto é importante dedicar-nos em algo que acreditamos e sem duvida o resultado é o melhor de tudo.
Um abraço
Meu caro professor Pena (permita-me que o trate da forma habitual a que academicamente a si sempre me dirigi), muitos parabéns pelas suas capacidades de gestor e motivador de pessoas, individualmente e em equipa. São estas qualidades que permitem explicar o seu êxito ao longo dos anos. Uma enorme força de carácter, perseverança e resiliência. Este relato que aqui narra, distante no tempo, mas com emoções atuais, é mais uma prova de que precisamos do seu exemplo para nos dar força num momento em que face às dificuldades, muitos desistem em vez de lutar.
Caríssimo Coronel Pena. Depois de ler com atenção o que escreve no seu post…não me resta qualquer dúvida: deveria ser já, proposto como Líder de Motivação e Disciplina da actual equipa de Jorge Jesus e seus pupilos!!!!!
Eu voto a favor!!!!!!!!!
Estive lá, na Cuca. Vi todos os jogos do Batalhão e outros. Vi muita pancadaria entre a PM, fuzos e comandos. Só quero fazer 1 pequeno reparo: Não era Futsal, era Futebol de Salão.