Post do MGen Pedroso Lima, recebido por msg: 

Há poucos dias tive o gosto de ver o filme “As linhas de Wellington”, que começou a ser filmado pelo conceituado realizador chileno Raul Ruiz, que morreu em 2011, sem ter completado o filme, o que coube à sua companheira Valéria Sarmiento, também realizadora.

Do filme que foi designado “linhas de Wellington” em vez de Linhas de Torres Vedras, como seria normal, por se considerado um título mais apelativo a um público internacional, apenas nos interessa aqui sublinhar uma curta referência que apresenta à telegrafia visual nas Linhas de Torres Vedras.

Com efeito, depois da Batalha do Buçaco em setembro de 1810, as tropas anglo-lusas retiraram para sul, refugiando-se nas Linhas de Torres Vedras, preparadas em segredo, juntamente com muitos portugueses que acompanharam as tropas na sua retirada, ao mesmo tempo que se praticava  nesta área uma política, imposta por Wellington, de terra queimada, extremamente dolorosa para os portugueses e que se destinava a dificultar o abastecimento do exército francês que foi surpreendido pela enorme  valor do obstáculo que constituíam as Linhas.

Telégrafo de bolas inglês

A curta cena que aparece no filme diz respeito à mensagem recebida no QG de Wellington, informando que os franceses chegariam às Linhas de Torres no dia seguinte. Ao mesmo tempo aparece o telégrafo de bolas (montado e operado pela marinha inglesa) e a imagem de um óculo.

A este respeito convém lembrar que  estudos mais recentes demonstram que a rede telegráfica montada pelos ingleses nas Linhas de Torres com os telégrafos de bolas  da marinha inglesa foi duplicada com telégrafos portugueses, operados por militares portugueses do Corpo Telegráfico por ordem de Wellington, por temer que os marinheiros ingleses, por uma questão salarial, apoiada pelo Almirantado, deixassem de dar apoio às Linhas de Torres.