O alfabeto Morse, tal como era ensinado em 1935 aos Telegrafistas:

Note-se a “localização” do código internacional para português, com a definição de letras do alfabeto como é, ç, ã, ó, ou mesmo ch.

E como era ensinado a partir dos anos 60 do séc passado:

Hoje, o alfabeto Morse internacionalmente seguido é o seguinte:
codigo-morse-int

3 comentários em “Alfabeto Morse

  1. Entendo que estas pequenas coisas que para nós, por estarem tão próximas, parecem não ter interesse nenhum, são na realidade de valor inestimável para quem procure saber como as coisas se passavam nos tempos em que nós vivemos Esta preocupação de ir pondo a salvo tudo que possa vir a ter interesse para os historiadores futuros e até, porque não, para fazer justiça ao presente, é a todos os títulos louvável. Ainda bem que a liderança do blogue e este interesse por tudo que constitua herança nossa, estão centrados numa mesma pessoa. Parabéns Canavilhas.

  2. A inclusão no Blogue da Comissão de História das Transmissões de posts muito simples, como este do coronel Canavilhas recordando-nos o alfabeto Morse, tem a vantagem de apresentar um convite implícito a quem se disponha a contribuir “para a pesquisa e divulgação de temas e documentos relativos a Transmissões”, de acordo com os objetivos da CHT.

    Pela minha parte vou procurar dar a minha contribuição, tanto mais que reconheço a oportunidade do tema, visto que o uso do alfabeto Morse na Arma, atualmente praticamente em extinção, teve períodos áureos nas Transmissões que convém recordar e, eventualmente, dar a conhecer ao pessoal mais novo.

    Passemos então a descrever , de uma forma breve a evolução, e a importância que teve o uso do alfabeto Morse, desde a sua introdução em Portugal até ao presente.

    Em 1855, dentro da política fontista de fomento do país, foi inaugurada a rede telegráfica elétrica nacional, a qual se foi desenvolvendo progressivamente nos anos seguintes. Ao Corpo Telegráfico, que operava a rede de telegrafia ótica existente, foi atribuída a missão de operar a nova rede de telegráfica, que se ia construindo à medida que se desativava a rede ótica. Esta situação durou até 1864, quando o Corpo Telegráfico foi extinto e seu pessoal foi integrado numa organização civil , precursora dos CTT, que passou a assegurar o serviço telegráfico.

    De notar que, nesta rede embora inicialmente se usassem dois equipamentos diferentes (Morse e Breguet) dos quais apenas o primeiro usava o código Morse, a certa altura o equipamento Morse passou a ser o único utilizado, dada a sua maior fiabilidade. Antes do telefone, o telégrafo elétrico foi, assim na segunda metade do sec XIX, o grande meio de comunicação de mensagens e no qual o uso do alfabeto Morse era indispensável..

    No Exército, depois da extinção do Corpo Telegráfico em 1864, nove anos depois foi criada também por iniciativa do Ten Gen Fontes Pereira de Melo, a primeira rede telegráfica elétrica militar, em 1873. Esta rede foi guarnecida inicialmente por sargentos, instruídos previamente no uso do código Morse pelos Telégrafos do Reino.

    A utilização do código Morse vai acentuar-se com os meios de campanha que Bon de Sousa introduziu nas redes permanentes (semáforos óticos, heliógrafos e lanternas) na operação dos quais se emprega também o código Morse.

    É no século XIX que se verifica, assim, a criação de uma especialidade nas Transmissões –a de telegrafista – que se torna essencial para a eficiência do serviço e que constituia uma elite dentro da Engenharia, para o que contribui a sua maior literacia e o fato de sendo bons profissionais nesta especialidade tinham um emprego civil praticamente assegurado, após a passagem à disponibilidade ,

    Ainda no século XIX, em 1884, na reorganização Fontista do Exército, foi criada a primeira unidade de transmissões de campanha . que prepara a utilização em campanha da telegrafia morse, que se iria verificar na IGM.

    Antes há a assinalar a criação, pela reforma do Exército republicana de 1911, do Batalhão de Transmissões de Campanha. Foi com a mobilização do pessoal desta unidade e da Companhia de Telegrafistas de Praça que se constituíram as unidades de Tm empenhadas na Flandres em África.

    De acentuar que no princípio da IGM o telégrafo elétrico por fios era o meio de transmissões mais utilizado mas em 1916, quando Portugal entrou em setor na Flandres o telefone já o ultrapassara. Mesmo assim julgo que se pode dizer que a importância do uso do código Morse na IGM foi essencial.

    Depois da Primeira Guerra Mundial com o desenvolvimento da TSF e a montagem nas Transmissões Permanentes da rede rádio telegráfica Militar, o seviço em grafia continua a ser essencial para o funcionamento da rede,

    O grande salto das Transmissões de Campanha, depois da IGM; vem com a constituição do BTm3. A grafia existia, nas redes de AM da Divisão de ligação com as principais unidsades de manobra) mas era francamente suplantada pelo uso de redes em fonia em FM, em praticamente todos os escalões.

    Antes da Guerra Colonial estive na Índia, onde verifiquei que o uso da grafia era absolutamente essencial pois era a única forma possível de comunicar em AM, dado os ruidos existentes.

    Na Guerra Colonial a Ligação com os Teatros e dentro de cada um deles as ligações em grafia continuara a ser esenciais e a ser utilizadas.

    Penso que é a seguir ao 25 de Abril e á descolonização que o código Morse deixa de praticamente de ser utilizado.

    Em síntese podemos dizer o seguinte:

    • O código Morse foi utilizado pelo Exército ao longo de 120 anos, sendo a sua importância significativa e por vezes essencial.
    • Deu um contributo importante para o funcionamento das Transmissões na IGM, na Guerra Colonial. no funcionamento das Transmissões Permanentes na Medtrópole e nas antigas Colónias.
    • Levou à criação de especialidades próprias (telegrafistas e, mais tarde radiotelegrafistas), de qualidade, que marcaram a própria Arma e a projetaram na sociedade civil.

  3. Mesmo depois do 25 de Abril, houve uma excelente utilização do alfabeto Morse para a transmissão dos resultados das eleições nos distritos de Bragança e Viana do Castelo, depois da extinção da unidades militares nestas cidades. Para o efeito foram deslocados equipamentos rádio para os respectivos Governos Civis, comunicando com a EPTm/RTm (em Lisboa), os quais foram brilhantemente operados por Sargentos radiotelegrafistas.

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