Autor : Coronel Engº de Transmissões CARLOS ALBERTO FALCÃO

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho pretende dar uma descrição dos órgãos de transmissões existentes neste período na Guiné, e bem assim referir os nomes dos oficiais que exerceram o comando nos órgãos atrás referidos. Far-se-ão algumas considerações em relação às condições de propagação existentes naquela zona do globo, e as opções que se tomaram, a nível das transmissões de campanha, no sentido de tentar melhorar a ligação entre as diversas unidades.

Abordar-se-á o facto de já naquela altura existirem interferências nas nossas ligações por parte do inimigo. Falar-se-á do início da formação da Companhia de Transmissões. Referir-se-á a maioria dos equipamentos existentes, tanto nas transmissões permanentes como nas de campanha. Por último, descrever-se-ão as rendições dos oficiais que comandaram os vários órgãos de transmissões.

2. ÓRGÃOS DE TRANSMISSÕES EXISTENTES

Os órgãos de transmissões existentes eram os seguintes: Comando das Transmissões, Destacamento do Serviço de Telecomunicações Militares e Pelotão de Reabastecimento e Manutenção de Material de Transmissões.

2.1 COMANDO DAS TRANSMISSÕES

Este órgão era constituído pelo Comandante das Transmissões, assistido por uma Secretaria chefiada por um furriel e tinha dois cabos escriturários. O autor foi nomeado para esta comissão de serviço na Guiné em virtude de ter havido uma reestruturação deste comando, tendo-lhe sido acrescentada uma Secção de Operações e Informações com a seguinte constituição: 1 Capitão de Engenharia (Tm ) / 1 Furriel de TPF (Telegrafia Por Fio) / 1 Furiel de TSF (Telegrafia Sem Fio).

A esta secção compete elaborar as ITTm (Instruções Tácticas de Transmissões), as IPTm (Instruções Permanentes de Transmissões) as NEPTm (Normas de Execução Permanente de Transmissões). Quando o signatário se apresentou neste comando já existiam as ITTm e as NEPTm. As ITTm eram alteradas de três em três em três meses.

O Comandante das Transmissões, na altura da chegada do signatário à Guiné, era o Major de Engenharia (Tm ) Gonçalo Nuno de Albuquerque Sanches da Gama.

Autor da Foto: Maximino Guimarães Alves
1º Cabo Radiotelegrafista do STM
Comissão na Guiné: 07-10-1972 a 26-08-1974
Quartel na Guiné: Agrupamento de Transmissões

2.2 DESTACAMENTO DO STM

Este destacamento encontrava-se na área do Quartel-General, num edifício à direita do edifício do comando, para quem estava, do interior, virado para a porta de armas do aquartelamento. Possuía vários compartimentos onde se encontravam o gabinete do comandante, a central telefónica, os equipamentos de feixes hertzianos, as posições das estações diretoras das redes internas, uma oficina de manutenção e reparação de equipamentos e um depósito de material.

O centro de mensagens encontrava-se no edifício do comando do Quartel-General. Em frente ao edifício do destacamento encontrava-se uma torre metálica triangular com as antenas dos equipamentos de feixes hertzianos e mastros TU-150 com os dipolos das redes internas. Este destacamento possuía um centro emissor em Antula que ligava com Lisboa. Possuía ligações em feixes hertzianos com Mansoa e outras localidades da Guiné.

Possuía também redes internas que ligavam o Quartel-General em Bissau com a sede do Agrupamento situado em Bafatá e às sedes de todos os Batalhões. Quando o signatário chegou à Guiné, estas redes eram as seguintes: Rede Norte, Rede Leste e Rede Sul.

A Rede Norte estava muito congestionada, pois, além da estação diretora, tinha mais seis postos. Assim, esta rede foi dividida, ficando a Rede Norte com três estações dirigidas e uma nova Rede Oeste também com três estações dirigidas. Para o efeito, foi criada em Bissau mais uma posição de estação diretora.

Bissau possuía também uma rede telefónica automática, tendo já alguns cabos enterrados.

Este destacamento era comandado pelo Capitão de Engenharia (Tm ) José Eduardo Roquette Morujão.

2.3 PELOTÃO DE REABASTECIMENTO E MANUTENÇÃO DE MATERIAL DE TRANSMISSÕES

Este pelotão encontrava-se fora do recinto do Quartel-General, mas a pouca distância deste, e situava se nas suas traseiras. Estava instalado num edifício tipo barraca JC. Possuía vários compartimentos onde se encontravam o gabinete do comandante, uma secção de cargas, uma oficina de material de TPF, uma oficina de material de TSF e um depósito de material. Este órgão efetuava a manutenção do material de transmissões de campanha existente na Guiné.

As suas instalações eram manifestamente insuficientes para a manutenção dos equipamentos. Tinha também um jeepão, uma viatura de 3/4 de tonelada. Este pelotão era comandado pelo Tenente de Manutenção de Material Elétrico e Eletrónico Cabrita do Rosário, do Quadro do Serviço de Material.

3. DIFICULDADES NAS LIGAÇÕES

3.1 DAS NOSSAS TROPAS

A zona equatorial onde se encontra a Guiné é de muito difíceis comunicações, alem de ter uma estática imenso ruído. Os operadores rádio chegavam a apanhar faíscas nos ouvidos, por intermédio dos auscultadores, caso o rádio não tivesse uma ligação à terra adequada. Este facto foi comprovado pessoalmente pelo signatário.

Dado não haver na Guiné grandes meios com os quais se pudessem fazer instalações de terra para os postos rádio, teve que se encontrar uma solução que ultrapassasse esse facto. Assim, fez-se um acordo com o Batalhão do Serviço de Material para que cedesse às Transmissões todos os radiadores danificados, pertencentes a viaturas que tivessem sido sujeitas ao rebentamento de minas por parte do inimigo.

Esses radiadores tinham o seu interior feito em cobre, o que proporcionava uma excelente terra. Havia ainda um problema que fazia com que houvesse dificuldades acrescidas nas ligações de campanha fixas entre Batalhões e Companhias.

Estas ligações eram feitas pelos Emissores/Recetores /GRC – 9, cuja antena era em L invertido e com a baixada em fio de cobre nu. Esta baixada, ao sair para o exterior, a partir do compartimento onde estava instalado o rádio, tocava na parede ou na janela do edifício onde se encontrava esse compartimento. Esse facto originava que houvesse uma ligação à terra, passando a ligação a efetuar-se em más condições ou não se efetuar de todo.

Dado não haver na Guiné isoladores apropriados para resolver esse problema, teve mais uma vez que se encontrar uma solução que ultrapassasse esse inconveniente. A solução encontrada constou da utilização de garrafas de cerveja a que se tinha cortado o fundo, fazendo-se uma sequência alternada de junções fundo a fundo e gargalo a gargalo, permitindo assim que o fio de cobre nu, ao passar no seu interior, ficasse completamente isolado.

Acresce a isso o facto de os Batalhões e as Companhias estarem a distâncias muito curtas entre si, o que, para o material rádio utilizado, que trabalhava em AM, tornava a ligação muito difícil. Efectivamente, a gama de frequências e potências utilizadas fazia com que estas unidades se encontrassem na zona de sombra umas em relação às outras.

Além disso, das 18H00 às 06H00 era extraordinariamente difícil estabelecer ligações. Assim, teve que se tentar soluções alternativas, recorrendo-se aos poucos rádios que se possuía, funcionando em VHF/FM. Com as poucas antenas RC-292 existente tentou-se efetuar ligações entre os vários aquartelamentos utilizando-se os ER AVP- 1 e AN/PRC – 10.

Solicitou o Comando das Transmissões à Direção da Arma de Transmissões o envio de 90 antenas RC-292, que já eram feitas em Portugal no Centro Técnico Hospitalar, mas elas só chegaram no fim da comissão do signatário. Assim, tiveram de ser executadas antenas daquele tipo utilizando os recursos locais. Seria fastidioso descrever aqui a sua execução, mas pode-se dizer que funcionavam muito bem, tendo a altura de 12 metros, mais altas 3 metros que as RC-292 de origem, aspecto muito importante neste tipo de ligação. Foram também utilizadas nesta banda de frequências antenas direcionais AN / 266 em V invertido, que tinham sido feitas em Angola.

3.2 INTERFERÊNCIAS PRODUZIDAS PELO INIMIGO

Os Sitreps dos Batalhões eram recebidos regularmente no Comando das Transmissões e analisados pela sua Secção de Operações e Informações. Desses Sitreps constavam repetidas vezes descrições de interferências por parte do inimigo nas redes daquelas unidades.

Os postos empasteladores inimigos já tinham uma potência relativamente elevada, porque havia relatos das redes das nossas unidades terem ficado completamente impedidas de comunicar. Tais relatos eram descritos na íntegra em notas que o Comando das Transmissões enviava permanentemente à Direção da Arma de Transmissões em Lisboa, solicitando o envio de material de Guerra Electrónica, nomeadamente radiogoniómetros.

Tais pedidos nunca foram satisfeitos, tendo-se a impressão, no Comando das Transmissões, que a Direção da Arma de Transmissões da altura estava completamente a leste do que se estava a passar nos vários teatros de guerra.

4. COMPANHIA DE TRANSMISSÕES

Sensivelmente a meio da comissão do signatário, recebeu o Comando das Transmissões a informação de que ia ser mobilizada para a Guiné uma Companhia de Transmissões, assim como o respetivo quadro orgânico.

Foram de imediato estabelecidas conversações com a Repartição de Pessoal do Quartel-General, a fim de mandar apresentar no Pelotão de Reabastecimento e Manutenção de Material de Transmissões todo o pessoal de transmissões das Armas que, por motivo de substituição de outro militar, tivesse ficado em rendição individual, em virtude da sua unidade ter regressado ao continente, e esse militar ainda não ter acabado o seu tempo de comissão.

Esse pessoal era controlado pelo signatário na Secção de Operações e Informações, tendo imediatamente sido elaboradas fichas de identificação individual para cada militar. Assim, quando o comandante da companhia nomeado chegou à Guiné, já dispunha de um pequeno núcleo de pessoal para arranque da companhia.

5. GESTÃO DAS CARGAS

Como é do conhecimento geral, os Batalhões vinham formados da metrópole com o Comando e CCS e 3 Companhias. Regra geral, esses Batalhões eram desmembrados quando chegavam à Guiné, ficando na prática desfeitas as dependências, principalmente logísticas, das Companhias em relação aos Batalhões. Mesmo quando um Batalhão não se desmembrava, as Companhias não tinham contacto por via terrestre com o Comando do Batalhão, ou porque a picada que os ligava estava geralmente minada, ou porque esta passava perto dum acampamento dos terroristas.

Assim, a cadeia logística Pelotão de Reabastecimento e Manutenção de Material de Transmissões Batalhão – Companhia estava completamente impossibilitada de funcionar. Portanto, as Companhias estavam impedidas de enviar para reparação ou evacuação os equipamentos de transmissões às oficinas da Companhia de Comando e Serviços do Batalhão.

Pelos mesmos motivos, não podiam receber por intermédio do Batalhão os equipamentos que lhes eram fornecidos. Em face desta realidade, foi decidido que as Companhias ficassem independentes para efeitos de cargas e manutenção, correspondendo-se diretamente com o Pelotão de Reabastecimento e Manutenção de Material de Transmissões.

No período em questão, o dispositivo estava sempre a alterar-se, não havendo dia nenhum em que pelo menos uma Companhia não mudasse de localização, deixando de depender dum Batalhão para depender doutro. Mais uma razão, a acrescentar às anteriores, para a independência das Companhias no aspecto de cargas. Assim, as Companhias só dependiam dos Batalhões para efeitos operacionais.

Contudo, essas mudanças constantes obrigavam a exaustivas conferencias de cargas entre as Companhias que se rendiam. Para aliviar o peso dessas conferencias de cargas, dividiu-se o material, embora todo ele de campanha, em dois tipos diferentes, pois tinham duas finalidades distintas:

5.1 CARGA REGIONAL

Quando duas Companhias trocavam de aquartelamento, havia material que ficava em permanência no mesmo, sempre com a mesma finalidade, qualquer que fosse a Companhia que lá estivesse aquartelada. Essa era a carga regional e constava do seguinte material: E/R AN/GRC-9, E/R AN/PRC-10, ANTENA RC-292 (de origem ou improvisada), Mastros para Antenas Dipolo, Carregador de Baterias, Baterias, Comutador Telefónico e Telefones BLC-63.

5.2 CARGA OPERACIONAL

Esta carga era constituída pelo material de transmissões, para efeitos operacionais, que a Companhia recebia no início da sua comissão e o conservava até ao fim. Constava do seguinte material: E/R DHS-1, E/R CHP-1, E/R AVP-1, E/R ONKYO e E/R HITACHI.

Assim, na transferência de cargas entre unidades militares, a única carga que era transferida era apenas a carga regional, diminuindo em muito o peso burocrático desses procedimentos.

6. MATERIAL

6.1 TRANSMISSÕES PERMANENTES

6.1.1 REDES EXTERNAS

Nas ligações com Lisboa existia no Centro Emissor do Destacamento do STM um emissor RCA de 100 W com um amplificador de 1 KW. Supõe-se que também existia um emissor MARCONI HS-31 de 3,5 KW, além de outros equipamentos.

6.1.2 REDES INTERNAS

Nestas ligações o Destacamento do STM utilizava E/R KAAR. Estes E/R eram de origem montados em barcos, utilizando antenas de L invertido. Assim, teve que ser alterada a sua impedância de saída para uma saída de 75 ohms, a fim de lhes poderem ser ligadas antenas dipolo.

Só existiam 13 E/R KAAR para 12 postos, o que era manifestamente insuficiente para assegurar o tráfego das redes sem soluções de continuidade, pois o tráfego era muito intenso e os Emissores/Receptores avariavam com alguma frequência.

Posteriormente estes E/R foram substituídos por E/R MARCONI H4000, de 100 Watt. Existiam também sistemas de feixes hertzianos que ligavam Bissau a Mansoa e a outras localidades da Guiné.

6.2 TRANSMISSÕES DE CAMPANHA

O material de transmissões de campanha de que os Batalhões e as Companhias dispunham era o seguinte: E/R AN/GRC-9, E/R AN/PRC-10, E/R DHS-1, ER CHP-1, E/R AVP-1, E/R ONKYO, E/R HITACHI. Os E/R ONKYO e HITACHJ não possuíam quaisquer características militares e trabalhavam na faixa de frequência atribuída ao serviço da Banda do Cidadão (26.960 MHz e 27,410 MHz).

Possuíam ainda comutadores telefónicos de campanha e telefones de campanha BLC-63. No capítulo da alimentação existiam os seguintes equipamentos: CARREGADORES DE BATERIAS PROTROM ML 36/20A (fabricados em Portugal pela Protrom-Projectos e Estudos de Electrónica, Lda), BATERIAS DE 12 V/180 Ah e BATERIAS DE 6 V.

A distribuição de E/R DHS-I e CHP-I estava muito desequilibrada, pois havia Batalhões que possuíam 18 E/R DHS-I e outros apenas 3. Foi feita uma redistribuição destes equipamentos, a fim de que as unidades tivessem o mesmo número de E/R, adequado tanto quanto possível às suas necessidades.

Também existiam muitos destacamentos de Batalhões e Companhias com falta de equipamentos de alimentação. Não raro era ver o pessoal a atuar o gerador manual GN-58 para que o E/R AN/GRC-9 funcionasse. Contudo, existiam no Pelotão de Reabastecimento e Manutenção de Material de Transmissões muitas baterias e carregadores. Foram imediatamente mandados fornecer esses equipamentos, a fim de que todos os destacamentos possuíssem uma alimentação adequada para os seus E/R.

Estabeleceu-se também um prazo de duração de dois anos para as baterias de chumbo. Ao fim desse prazo, uma unidade apenas tinha de entregar as baterias usadas no Pelotão de Reabastecimento e Manutenção de Material de Transmissões e receber outras novas, sem necessidade de elaborar qualquer auto de incapacidade.

No entanto, existia um problema complicado no que diz respeito à carga das baterias alcalinas que alimentavam os E/R DHS-1 e CHP-1 .O CARREGADOR DE BATERIAS PROTROM lvffL 36/20A era um retificador de meia onda, o que não trazia problemas às baterias de chumbo, mas as baterias alcalinas necessitavam de um carregador de onda completa, que não tivesse o ripple que a onda daquele carregador apresentava.

Assim, a Direção da Arma de Transmissões enviou várias UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO PROTROM UAL-36/14 que se ligavam aos PROTROM atrás mencionados e funcionavam como carregadores de onda completa. Os cabos para ligar as UAL às baterias eram insuficientes e danificavam-se muito. Assim, tiveram que se fazer cabos localmente. As bananas que existiam no mercado local eram de secção maior que os buracos que existiam nas baterias. Por este motivo, tiveram que ser limadas à volta de 400 bananas, primeiro que se fizessem os cabos de alimentação.

Em virtude da pilha de tensões múltiplas BA-279/U, que alimentava o E/R AN/PRC-10, ser de difícil aquisição e bastante cara, a Direção da Arma de Transmissões enviou umas unidades de alimentação com baterias alcalinas para alimentarem o referido E/R. Contudo essas baterias não funcionavam minimamente. Apesar disso, aproveitou-se o circuito electrónico dessas unidades de alimentação e foram postas a funcionar alimentadas a baterias de chumbo.

Mais uma vez se tornava muito fastidioso relatar aqui as adaptações que foram feitas para se conseguir alcançar o objetivo pretendido. Mas o importante é que assim se tornou possível montar uma rede fixa de campanha em VHF/FM entre os Batalhões, as Companhias e os Destacamentos, em sobreposição com a rede de Amplitude Modelada dos E/R AN/GRC-9.

6.3 VIATURAS TSF

Foram recebidas na Guiné 7 viaturas WILLYS TSF. Estas viaturas possuíam, entre outro, o seguinte material: E/R FBU-340 M, de 40 W, E/R para ligar com as unidades locais, QUADRO DE CARGA DE BATERIAS, MASTROS para as antenas , Essas viaturas iriam passar a ser as viaturas dos Comandos Operacionais ( COPS ).

Esses COPS agregavam a si várias Companhias, as quais dependiam deles operacionalmente, criando um sector numa determinada zona em que se tornasse necessário. Esses COPS eram normalmente comandados por um oficial com a patente de major, dispondo também de pessoal de transmissões.

7. MANUTENÇÃO

7.1 TRANSMISSÕES PERMANENTES

O Destacamento do STM lutava com falta de sobresselentes. Os feixes hertzianos avariavam com certa frequência, sendo por isso difícil mantê-los a funcionar sem interrupções no serviço.

No que diz respeito aos E/R KAAR, a tarefa era ainda mais complicada. Só existia 1 equipamento de reserva para 12 estações rádio espalhadas por toda a Guiné, e várias vezes foi necessário deitar mão dos E/R AN/GRC-9, a fim de manter as redes internas do Destacamento do STM em funcionamento.

7.2 TRANSMISSÕES DE CAMPANHA

Neste caso, o problema era bastante mais preocupante. Não existia aparelhagem de medida nem em qualidade nem em quantidade . O amplificador QR-TA-IA, do E/R AN/GRC-9, tinha uma potencia de saída de 70 W. Não existia qualquer aparelhagem de medida para verificar a sua potência de saída. Assim, a aparelhagem de medida improvisada constava duma lâmpada incandescente de 75 W que se colocava ao pé da antena do referido amplificador. Caso os filamentos se tornassem razoavelmente incandescentes, considerava-se que o amplificador estava em boas condições.

No que toca a sobresselentes, as requisições enviadas à Direção da Arma de Transmissões não eram minimamente satisfeitas. Assim, houve frequentes vezes que proceder à canibalização de equipamentos para pôr outros a funcionar. Contudo, os maiores problemas eram levantados pelos E/R DHS-1 e CHP-1. Estes E/R vinham com erros de concepção nos seus circuitos. Devido a este facto, foi necessário fazer 9 alterações aos circuitos de todos os E/R existentes na Guiné, as quais, ainda por cima, não ocorreram todas ao mesmo tempo.

A acrescer ainda a estas deficiências, estes E/R apresentavam soldaduras secas, o que fazia com que, ao menor solavanco que se desse na viatura onde eram transportados, deixassem de funcionar. Assim, para evitar que estes ER, depois de reparados fossem enviados às unidades e deixassem de funcionar devido a estarem sujeitos ao transporte em viatura, foi resolvido fazer um teste aos equipamentos, com os meios locais, antes de os enviar às unidades depois de reparados.

Os E/R eram colocados no jeepão do Pelotão de Reabastecimento e Manutenção de Material de Transmissões, e este andava cerca de uma hora numa picada próxima, a fim de que os E/R fossem sujeitos a vários saltos bruscos da viatura, resultantes das más condições em que se encontrava a picada. Quando regressavam ao pelotão, eram testados novamente. Os que se encontravam em funcionamento eram enviados às unidades. Os outros voltavam para a oficina, repetindo-se o processo até não apresentarem deficiências.

8. RENDIÇÕES

8.1 COMANDO DAS TRANSMISSÕES

1967 – O Major de Engenharia ( Tm ) Sanches da Gama foi rendido pelo Major de Engenharia ( Tm ) Pires Afonso

1969 – O Major de Engenharia ( Tm ) Pires Afonso foi rendido pelo Major de Engenharia ( Tm ) João António Duarte da Silva Ramos. O signatário foi rendido pelo Capitão de Engenharia ( Tm ) Francisco António Frade

8.2 DESTACAMENTO DO STM

1968 – O Capitão de Engenharia Roquette Morujão foi rendido pelo Capitão de Engenharia ( Tm ) João Afonso Bento Soares

8.3 PELOTÃO DE REABASTECIMENTO E MANUTENÇÃO DE MATERIAL DE TRANSMISSÕES

Não pode o signatário precisar por quem foi rendido o Tenente Cabrita do Rosário

8.4 COMPANHIA DE TRANSMISSÕES

Embora não se trate de uma rendição, mas sim de uma nomeação para o comando de uma nova unidade a criar na Guiné, se refere aqui que o oficial em questão era o Capitão de Engenharia ( Tm ) Lino José Góis Ferreira.

LISBOA, OUTUBRO 2006

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