Autor – Tenente-General ANTÓNIO AVELINO PEREIRA PINTO

a) Transmissões de Campanha

1) Pessoal

Do antecedente havia, integrada no Batalhão de Engenharia de Moçambique, no seu escalão recuado em Lourenço Marques, uma Companhia de Transmissões comandada pelo Capitão Mateus da Silva que tinha 3 subalternos alferes milicianos, um dos quais chefiava um pequeno Destacamento do STM (Serviço de Telecomunicações Militares).

Integrado nessa Companhia havia um Pelotão de Reabastecimento, Manutenção e Material de Transmissões chefiado pelo Ten SM Sepúlveda e que pertencia a uma Companhia de ReabMat Tm sedeada em Nampula sob o comando do Cap SM Teixeira de Carvalho e tendo como seu adjunto o Tenente do Serviço de Material Birrento.

A partir de Junho de 1968 foi criado o BTm2 sob o Comando do Ten Cor Ivan Serra e Costa, que desempenhava também as funções de Comandante Tm da Região Militar de Moçambique (RMM) e, por isso, se situava em Nampula onde se encontrava o QG RMM, pelo que delegou o comando do BTm2 no Maj Pereira Pinto – que fora substituir o Cap Mateus da Silva — até que o BTm2 fosse transferido para Nampula, onde se estava a edificar o seu futuro aquartelamento.

No Btm2 havia, como 2.0 Cmdt, em exercício, o Cap Oliveira Pinto e como Cmdt da Comp Tm o Cap Alcide de Oliveira e mais 4 Alf milicianos um dos quais chefe da Contabilidade e os outros, um do Destacamento do STM e dois da Comp Tm. O chefe da secretaria era o Ten QSGE Campos que tinha como adjunto 0 1.0 Sarg Costa.

Em Nampula como adjunto do Cmd Tm estava o Maj Pinto Correia e tinha a assessorá-lo o Cap Amaral Marques e, a chefiar o Destacamento do STM de Moçambique, o Cap Cunha Lima.

Até Julho de 1970, o Ten. Cor Serra e Costa veio a ser rendido pelo Ten.Cor João do Rio Carvalho Frazão, o Maj Pinto Correia pelo Maj Simões, o Maj Pereira Pinto pelo Maj Garrido Batista, e o Cap Amaral Marques pelo Cap Veríssimo da Cruz.

O pessoal existente satisfazia as missões que cabiam às Tm e era de boa qualidade.

O Btm2, logo que se constituiu recebeu como sua missão principal ministrar a de instrução de formação de praças de Tm da RMM e a IAO às praças e ainda aos quadros de Tm que chegassem da Metrópole, ainda que integrados em Batalhões e Companhias que aportassem a Lourenço Marques, e viessem com destino às zonas operacionais no norte, pois as suas Unidades seguiam por mar e posteriormente em colunas para o local que lhes estivesse designado no dispositivo e esse pessoal de Tm era enviado 10 dias depois de avião para as suas Unidades.

2) Material

O material lá existente era ainda o AN/GRC-9, o AN/ PRC-IO, o AVP-I, o CHP-I, 0 DHS-1, alguns poucos TRT e RF-301 A, mas a distribuição normal para as unidades era à base de CHP-I e DHS-I em muito deficientes condições. Só já em Julho de 1970, em plena Operação NÓ GORDIO, começaram a chegar os primeiros Racal TR-28 fabricados na Africa do Sul que não foi já possível distribuir às forças empenhadas, a utilizar os CHP-I.

A situação em material de campanha era efectivamente muito má, pois os CHP-1 e os DHS-I tinham um alto grau de inoperacionalidade pelo que, para a montagem da operação NÓ GORDIO, foi necessário em pouquíssimo tempo recondicionar muitas dezenas de equipamentos e encontrar soluções de emergência, com base em pilhas secas 211 Tudor, para suprir a falta de baterias de cádmio-níquel que se encontravam inutilizadas.

3) Organização Territorial

A RMM tinha o seu QG em Nampula e tinha 4 zonas operacionais:

  • Zona Norte com actividade operacional intensa com sede em Nampula, por sua vez dividida em três Sectores, Niassa com sede em Vila Cabral, Cabo Delgado com sede Porto Amélia e o de Marrupa com sede em Marrupa;
  • Zona de Tete com importante actividade operacional;
  • Zona Territorial do Centro com sede na Beira, sem actividade operacional significativa;
  • Zona Territorial do Sul, com sede em Lourenço Marques e sem actividade operacional.

A unidade de Tm, que passou a ser um Batalhão, que se destinaria a garantir a actividade operacional de apoio ao Cmd RMM quando fosse transferida para Nampula logo que completado o seu aquartelamento, limitava-se a fazer um apoio de retaguarda, quer do ponto de vista logístico, quer de instrução.

As ligações fixas quer à Metrópole, quer entre Comandos avançado e recuado, respectivamente em Nampula e Lourenço Marques, e destes para as sedes dos Comandos de Sector e para alguns Batalhões, cabia ao STM.

Como acima se refere o Cmdt Tm só não comandava o Btm2 por inviabilidade dada o seu permanente distanciamento.

4) Emprego Táctico

A única intervenção operacional do BTm2, e mesmo assim, apenas pelo envio, para a operação NÓ GORDIO, de um Destacamento com efectivo de pelotão, mas chefiado por um Capitão – que foi o Capitão Cruzinha Soares recém-chegado – destinado e dimensionado para operar o Centro de Tm do Comando em Mueda, mais três postos fixos TSF, nos Comandos das forças instaladas, respectivamente em Miteda, Chagal e Nangololo. As ligações terra-ar eram realizadas com os AVP 1.

5) Apoio Logístico

Havia um órgão de reabastecimento e manutenção de chefia de Capitão sedeado em Nampula que provia às necessidades de apoio de 3.0 escalão de toda a zona operacional e que tinha um pequeno Destacamento em Lourenço Marques para satisfazer as poucas necessidades do Comando Territorial do Sul, e, principalmente, para servir de escalão de apoio, em reabastecimento do órgão avançado, aproveitando-se das possibilidades do mercado local e, por seu intermédio, do da Africa do Sul.

Já em 1970 se fez a tentativa de destacar uma oficina para um Sector que foi o de Marrupa.

Em termos logísticos como operacionais, por parte das Tm, a fase que se viveu de 1968/70, foi de muito difícil e era frequente ouvir-se referir que, dentre os três teatros de Guerra, as necessidades do de Moçambique eram as de última prioridade, havendo quem afirmasse que os CHP-I e DHS-I que foram para Moçambique teriam sido os rejeitados na Guiné.

Pelo menos em matéria de fornecimento de TR-28, foi de facto o último teatro a recebê-los, o que exigiu das Tm ter de cobrir a maior operação jamais levada a cabo pelo Exército Português, com CHP-I e DHS-I canibalizados e com uma alimentação de emergência e improvisada.

Apesar de tudo as Tm cumpriram com notável eficiência.

b) Transmissões Permanentes

1) Organização

O STM dispunha como se referiu anteriormente um Destacamento de escalão companhia, decomposto em dois órgãos, respectivamente o da chefia em Nampula e outro recuado em Lourenço Marques de comando de alferes miliciano.

Posto Rádio de Mocuba – Foto do ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do STM Sr. Antero Ferreira

Por outro lado, dispunha de secções chefiadas por sargentos radiotelegrafistas nos postos instalados nos Comandos de Sector operacional e comandos de zonas territoriais.

A dependência técnica deste Destacamento era da direcção do STM em Lisboa, embora em estreita coordenação com o Comando das Transmissões.

2) Pessoal

Já se referiu acima quais os oficiais. Relativamente aos sargentos apenas nos ocorre o 2.º Sargento Gil em Nampula.

3) Material

Porque me não coube qualquer missão ligada ao STM as referências que eu poderia fazer sofreriam de falhas que não desejo cometer ao pronunciar-me sobre este âmbito.

4) Logística

O STM tinha oficina própria com radiomontadores e mecânicos de teleimpressor Não poderei pormenorizar a sua composição e funcionamento pelas razões apontadas anteriormente.

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