O tenente-general António Avelino Pereira Pinto nasceu em Sabrosa em 1929 e faleceu em Lisboa em 2010. Depois de completar três anos de preparatórios de Engenharia ingressou na Escola do Exército em 1951, concluindo o curso de Engenharia Militar em 1955. Foi promovido até tenente-coronel na Arma de Engenharia e a coronel já na Arma de Transmissões.
Ao longo da sua carreira prestou serviço na Escola Prática de Engenharia, no BTm3, no Batalhão de Telegrafistas, na DAT, na EPT, no DGMT e no Instituto de Altos Estudos Militares. Depois de promovido a brigadeiro desempenhou o cargo de Diretor da Arma de Transmissões (1975-1983), e como tenente-general exerceu as funções de Quartel-Mestre-General (1983), Comandante da Academia Militar (1984-1987) e Inspetor-Geral do Exército (1987-1988). Transitou para a situação de reserva em 1988.
Logo após o tirocínio na Escola Prática de Engenharia, ainda como tenente, frequentou nos Estados Unidos da América um curso destinado a oficiais superiores, do âmbito da Companhia de Transmissões Divisionária americana, que em Portugal viria a constituir-se como BTm3 da Divisão NATO, onde prestou serviço.
Cumpriu comissões de serviço em Angola (1961-63) e em Moçambique (1968-70), tendo neste último território sido o comandante das Transmissões da Operação Nó Górdio (1970), uma grande operação, das raras em que a Arma de Transmissões esteve diretamente envolvida.
Após o 25 de Abril de 1974 passou por algumas dificuldades de adaptação, logo superadas com a coordenação de uma bem-sucedida operação logística integrada no processo de Dinamização Cultural, em que estiveram empenhados 500 trabalhadores da fábrica Guérin, na Beira Baixa.
Promoveu a reforma da Arma de Transmissões, antecipando-se ao processo de reforma que o Exército levou a cabo, através do estudo “Reflexões sobre a Problemática da Arma de Transmissões” (1976), distribuído a todos os seus oficiais e sargentos, e aprovado pelo Conselho da Arma. Na sua direção foi lançado um fórum anual designado “Semana da Arma de Transmissões”, cujos objetivos foram fixados numa diretiva técnica, tendo-se realizado desde 1980 a 2001.
Ainda como diretor da Arma de Transmissões teve um papel fundamental na colaboração com a indústria nacional, apoiando a conceção e fabrico de equipamentos de telecomunicações e a investigação e desenvolvimento em áreas de ponta tecnológica, como circuitos híbridos (protocolo com o INETI) e circuitos impressos de dupla face, desenvolvidos no próprio DGMT, que colocou à disposição da indústria nacional.
Por todas estas razões o período da sua direção da Arma ficou conhecido como o “período de ouro” da Arma de Transmissões.
Escreveu os textos: “Contribuições para o Estudo das Transmissões para a Guerra Subversiva” (1963) e “Contribuição para o Estudo da Logística de Transmissões” (1971), sendo este a base teórica para a reforma da logística na Arma de Transmissões.
Foi membro da Ordem dos Engenheiros tendo exercido a profissão em regime liberal, nomeadamente na área da pré-fabricação, onde concretizou, tecnicamente, o projeto “Ovo de Colombo” (conceção de blocos/tijolos de encaixe às quatro faces) da autoria de um empresário que mereceu a Medalha de Ouro da Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
Mais tarde, na situação de reserva, dirigiu o Gabinete de Obras Públicas do Polo Tecnológico do Lumiar (1990-1993) e foi presidente do Conselho Fiscal das empresas SISTEL e EID. Participou, também, em atividades de caráter cívico, cultural e religioso, ocupando a presidência de várias associações, nomeadamente da Associação dos Doentes da Próstata, de que foi fundador.
Na fase final da sua vida integrou a Comissão da História das Transmissões, tendo sido um ativo colaborador, deixando escritos de grande valor como “Novos contributos para a Elaboração da História das Transmissões Militares em Portugal” (2005) e “Das Minhas Memórias Militares (1970-1983)” (2009).
Durante a sua carreira foram-lhe concedidos 14 louvores individuais e atribuídas as seguintes condecorações: Ordem Militar de Avis em 1971, três medalhas de Serviços Distintos, Mérito Militar, Comportamento Exemplar e as medalhas comemorativas das campanhas de Angola e de Moçambique.
O tenente-general Pereira Pinto fez uma exemplar carreira no Exército e na Arma de Transmissões, desempenhando um papel ímpar num tempo de grandes mudanças em Portugal e num período de profundas adaptações técnicas, logísticas e de organização, de que se apercebeu em tempo, teorizou e concretizou no seu âmbito, tornando-se um vulto incontornável na História das Transmissões Militares.
Extrato do Livro:
DCSI, 2023. Arma de Transmissões – 50 anos “Por Engenho e Ciência”, Vol. II, pp 350 e 351