Mário Pinto da Fonseca Leitão nasceu no Porto em 3 de setembro de 1912, filho de Orlindo Mendes de Carvalho Leitão, industrial de curtumes e de Alzira Ramalho Pinto da Fonseca.

Casado com Maria Helena Pinto Rosas teve nove filhos, tendo os quatro rapazes frequentado o Colégio Militar e optado pela carreira das armas, vindo dois deles a ser oficiais da Arma de Engenharia e os outros dois da Arma de Transmissões.

Depois dos estudos de instrução primária e secundária no Porto fez os preparatórios de engenharia na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e ingressou na Escola do Exército, onde terminou o curso de Engenharia Militar em 1937, com a mais alta classificação de sempre daquele estabelecimento de ensino militar, atingindo a média final de 17 valores.

Ao longo da sua carreira frequentou vários cursos de especialização na área das transmissões, destacando-se o curso NATO para oficiais de Transmissões e o curso Signal Message Supervisor, ambos na República Federal da Alemanha.

Tinha uma inteligência superior e tornou-se a figura mais marcante das transmissões militares da época, merecendo a inteira confiança do regime, não escondendo nunca a sua simpatia por Salazar, o que lhe deu uma influência e capacidade de atuação que se revelaram fulcrais para o desenvolvimento da Arma.

A sua intervenção foi decisiva no desenvolvimento e expansão que o Serviço de Telecomunicações Militares (STM) veio a ter na preparação para a guerra colonial, a partir de 1960, através do planeamento, organização, aquisição do material e dotação das delegações do STM enviadas para as colónias. Merece também especial referência a sua ação na automatização da rede telefónica de Lisboa, com a utilização de cabos enterrados, no sistema “duc-tube”, e na criação do Laboratório do STM, para ensaio e teste dos equipamentos adquiridos.

Em 1961, perante o início da guerra em Angola, o major Mário Leitão foi designado para a recuperação dos meios de transmissões de campanha disponíveis (material inglês da II Guerra Mundial), a enviar para Angola, o que levou à criação de uma oficina de manutenção de certa dimensão no DGMT, que representou o início da manutenção de apoio geral no Depósito. Na sua ida a Angola, no mesmo ano, integrado numa comissão designada pela Defesa Nacional, contribuiu para a solução do problema da ligação terra-ar.

Em 1962 e anos seguintes, como tenente-coronel, comandou o Batalhão de Telegrafistas e foi diretor do STM, o qual muito valorizou com a montagem dos primeiros feixes hertzianos. Promoveu a construção do Centro Nacional de Transmissões (CNT), no projeto do qual participou, do Centro Emissor Ultramarino (CEU), na Encarnação, Lisboa e do Centro Recetor (CR), em Alcochete, interligados por cabo (CNT/CEU) e por feixe hertziano (CNT/CR), o que permitiu estabelecer ligações radiotelefónicas e por teleimpressor com a Guiné, Angola e Moçambique.

Em 1966 foi comandar o Batalhão de Transmissões de Angola e teve influência na aquisição do emissor-recetor Racal TR28, que viria a ser o rádio portátil fundamental da guerra colonial. Foi no seu tempo que, no aquartelamento desse batalhão se construiu a capela, de desenho do então capitão José Maria Marques (o pintor José de Guimarães) e com a intervenção no cálculo do engenheiro Edgar Cardoso, antigo Diretor do Laboratório Nacional de Engenharia Civil.

Compatibilizou esta atuação, marcante para o desenvolvimento da Arma de Transmissões, com a responsabilidade de sustentar uma família numerosa, através de projectos na área da engenharia, primeiro no Instituto Pasteur de Lisboa e, em meados da década de 50, na fundação do Centro de Cooperação Técnica, empresa de referência na área das comunicações rádio e nos sistemas de som e de cinema e, mais tarde, no Centro Técnico Hospitalar, empresa importadora e fabricante de equipamentos hospitalares, cuja marca, CTH, perdurou.

Chegou a ser nomeado para o Curso de Altos Comandos, mas desistiu, através de uma declaração, de novembro de 1968 onde afirma:

“(…) declara, com o maior desgosto que, perante o atraso a que foi conduzido na sua antiguidade militar, não deseja frequentar o respectivo curso. No momento em que a Pátria atravessa considera que, enquanto a vida e a saúde lho permitam, continuará sempre a envidar os maiores esforços para procurar bem servir.

Passou à situação de reserva em 1968 e à situação de reforma em 1982 e mesmo afastado do serviço não deixou de colaborar com a Arma de Transmissões tendo desenvolvido e fornecido um mastro telescópico para antenas de VHF.

Foi agraciado com as seguintes condecorações:
– Ordem Militar de Cristo, grau Oficial;
– Ordem Militar de Avis, graus Comendador e Oficial;
– Medalhas de Ouro e de Prata de Serviços Distintos;
– Medalhas de Mérito Militar de 2ª e de 3ª classes;
– Medalha Comemorativa das Campanhas do Norte de Angola;
– Cruz de Primeira Classe de Mérito Militar com distintivo branco (Espanha).

Extrato do Livro:
DCSI, 2023. Arma de Transmissões – 50 anos “Por Engenho e Ciência”, Vol. II, pp 348 e 349