Como não tive possibilidade de estar presente nas comemorações do dia da Arma deste ano, em que foi apresentado o livro “42 anos e Escola Prática de Transmissões Honra e Valor”, só tive oportunidade de ler o livro a partir do final semana passada, graças à gentil oferta do Coronel Ribeiro, atual Comandante do Regimento de Transmissões no Porto, que muito agradeço.
Trata-se de uma obra notável, que considero de referência na área da historiografia das Transmissões militares e que jugo da maior importância para a Arma de Transmissões pela potencialidades que revela e perspetivas que suscita.
EPT livroEm primeiro lugar a obra tem uma conceção profundamente original e de grande oportunidade, dado que, em 2013, as Escolas Práticas das Armas foram abolidas e concentradas em Mafra na Escola das Armas.
Para quem esperava uma História da EPT (Porto) o título “42 anos de Escola Prática” é enigmático, pois a EPT (Porto) começou em 1977 e acabou em 1913, apenas teve 36 anos de vida. O livro porém inclui no conceito de Escola Prática de Transmissões as duas unidades que tiveram esse nome, primeiro em Lisboa de 1971 a 1977 e depois no Porto de 1977 a 2013. Ou seja a Escola Prática começou em Lisboa e acabou no Porto.
Contudo, vai mais longe, incluindo os antecedentes da Escola Prática, quando as suas funções eram desempenhadas pela Engenharia em Tancos, na EPE; e uma cuidada referência aos antecedentes históricos da valências de Instrução, Transmissões Permanentes, Transmissões de Campanha e Investigação e Desenvolvimento que a acompanharam a Escola Prática durante as quatro décadas de existência
Uma obra monumental e de grande qualidade. Não é, nem pretende ser, uma história completa da Arma, pois não refere nem a componente Logística (hoje retirada da Arma), nem a parte respeitante à Direção da Arma, que nunca estiveram presentes na Escola Prática.
Estão assim de parabéns os grandes responsáveis por esta iniciativa: o MGen Arnaut Moreira, que teve a ideia de se publicar uma obra condigna da Escola Prática que desafiou a pessoa certa para a concretizar: o Coronel Ribeiro que se empenhou decididamente nesta gigantesca tarefa e conseguiu congregar os esforços de uma vasta equipa de militares da própria unidade e obter a contribuição de antigos comandantes e outras figuras altamente prestigiadas da Arma e do Exército como o General Garcia dos Santos e o Ten Gen Xavier Matias.
É um livro imperdível (com uma Bibliografia impressionante) que é indispensável ler.
As maiores virtudes que lhe encontro são:

• Constituir uma contribuição relevante para a historiografia das Transmissões Militares e da preservação da memória sobretudo da Escola Prática de Transmissões (Porto) que há muito o merecia, pelo importante papel que desempenhou.

• A qualidade do livro, feito basicamente por uma vasta equipe de pessoal militar em serviço ativo, vem demonstrar que a historiografia das Transmissões também é uma atividade que pode ser feita por jovens ao serviço e não está necessariamente condenada a ser reservada a pessoal na reserva ou na reforma.

Julgo que este notável esforço constitui um forte exemplo de coesão e capacidade da Arma que terá continuidade no futuro. Entre outros, a leitura do depoimento do MGen Dario Carreira, como antigo Comandante, a obra já realizada pelo Cor Ribeiro na historiografia das Transmissões (os “30 anos do RTm” os“42 anos de Escola Prática” e a “CTm 5” que espero venha a ser finalmente publicada) dão fortes garantias de que a ideia de que vale a pena recordar e tentar perceber o passado, não ficará por aqui.