Post do MGen Edorindo Ferreira, recebido por msg:

Com a entrada de Portugal na Grande Guerra foi necessário constituir unidades de Transmissões para instalar, explorar e manter o sistema de comunicações do Corpo Expedicionário Português (CEP). No que se refere à Telegrafia Sem Fios (TSF) foi criado o Serviço de TSF do Corpo, responsável pelo sistema de comunicações pela TSF propriamente dita e também pelas ligações pelo solo (TPS).

A utilização maioritária de equipamentos fornecidos pelo Reino Unido, bem como a reduzida experiência de emprego de uma grande Unidade deste tipo, levou a que os estudos da doutrina e da tática de emprego desses equipamentos tivessem como base o normativo inglês.

A TSF no TO do CEP (Clicar na imagem para aumentar, depois, mais abaixo, na definição, e de novo na imagem)
A TSF no TO do CEP
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Assim, conforme se mostra no esquema acima, datado de 10 de Julho de 1917, a distribuição dos equipamentos no teatro de operações do Corpo de Exército deveria ser a seguinte (da frente para a retaguarda):

  1. Dois postos de escuta das comunicações do inimigo, também utilizados para “disciplinar” as comunicações das tropas do CEP, tentando minimizar as fugas de informações;
  2. Vários postos transmissores de TPS, essencialmente destinados a assegurar as ligações à retaguarda na ausência de outros meios. Em média cada Batalhão disporia de um posto TPS, instalado ao nível das companhias de suporte (em segunda linha);
  3. Postos de amplificador, para receberem os sinais provenientes da frente, bem como para detetarem perdas de terra das linhas telefónicas das companhias e batalhões. Em média haveria um amplificador por cada conjunto de 3 postos TPS, instalado junto aos Postos de Comando (PC) dos Batalhões de suporte (em segunda linha).
  4. Mais à retaguarda, ao nível das Brigadas em 1º escalão, existiriam 3 postos de TSF de 50 W, estabelecendo as ligações dos flancos das duas Divisões e com os quartéis-generais respetivos (QG1 e QG2). Junto destes, bem como junto do QG do CEP (QGCA) existiam postos de TSF de 130 W e de 500 W, respetivamente.
  5. Para além destes postos de TSF previam-se postos “de ondas contínuas” junto aos Grupos de Artilharia, para ligação entre eles e com o serviço de Aviação, bem como com o Comando da Artilharia.

Em resumo, e tendo em consideração também os equipamentos destinados às 2 Brigadas em reserva (em descanso), o CEP deveria ser dotado dos seguintes equipamentos.

         2 postos de escuta;

18 postos de TPS;

6 postos de amplificador;

6 postos de TSF (3 de 50 W, 2 de 130 W e 1 de 500 W);

3 postos de “ondas contínuas”.

No entanto, a realidade sobrepôs-se ao estudo, já que aquando do início das operações do CEP, em 5 de Novembro de 1917, apenas existiam 2 postos de TSF de 50 W, 1 amplificador e 2 TPS. A escassez de equipamentos, que foi uma constante, bem como de operadores qualificados, terá levado a que a distribuição real no terreno tivesse sido substancialmente diferente do planeado. De facto, em 8 de Fevereiro de 1918, o Exército inglês questionou o Comando do CEP quanto aos motivos que determinaram a escolha dos locais para as estações TSF.

Da resposta do General Comandante do CEP, desse mesmo dia, releva-se a prioridade das ligações das Brigadas com a Divisão respetiva e a instalação de rádios e amplificadores na mesma trincheira.