“Prémio Descartes 1996”

1. Breve Introdução

Em Março de 1993, o desenvolvimento de software para PC no CIE (Centro de Informática do Exército) era feito de forma absolutamente amadora e sem recurso a ferramentas adequadas. Na secção responsável (instalada numa pequena sala algo degradada frente à cozinha) trabalhavam apenas um Alferes e um Furriel, ambos milicianos. O software utilizado nem sequer se encontrava licenciado.

Pôr de pé, e de raiz, o projecto informático para a chefia do qual fui convidado pelo Director, Cor Tir Tm (Engº) Luis Miguel Alcide d’Oliveira, foi muito trabalhoso, mas também muito gratificante.

Começou pela constituição de um núcleo temporário de trabalho, para o qual foi logo transferido o Cap Santos Belfo, que já se encontrava no CIE desde 1991. Durante 3 meses estudou-se a organização a propor, os levantamentos sistémicos a efectuar, as especificações para um futuro caderno de encargos para o indispensável Levantamento do sistema de informação de um “Regimento-tipo”, o hardware necessário, os sistemas operativos e as ferramentas de desenvolvimento a adoptar, de entre as existentes no mercado e as emergentes, a definição rigorosa das normas de desenvolvimento, e até o próprio nome e logótipo do projecto. A posterior colocação, ainda em 1993, do Cap Silva Luis, trouxe a valência das redes e servidores ao estudo.

A chave do sucesso de um projecto que revolucionou a capacidade de o CIE conceber, desenvolver, instalar e apoiar aplicações distribuídas, sem recurso a out-sourcing, consistiu sobretudo em dois aspectos – a criação de uma Repartição inteiramente concebida para o desenvolvimento, implementação e sustentação de um projecto integrado com esta grandeza e importância para o apoio informático ao Exército, dotada de uma equipa multidisciplinar capaz de fazer face a todos os aspectos técnicos do projecto, muito unida, dedicada e motivada – e a qualidade dos militares que foi possível alocar-lhe, na maioria Engenheiros da Arma de Tm de formação recente, que iam sendo introduzidos numa “cadeia de produção” em pleno funcionamento, fazendo a sua aprendizagem prática numa espécie de on-job training.

Em 1996, a aplicação “RFW – Recursos Financeiros para Windows no âmbito do Projecto RRING” foi o grande vencedor do Prémio Descartes (galardão principal), do Instituto de Informática do Ministério das Finanças. Foram nesse ano também premiados os projectos “Sistema integrado de informação da Marinha: Concepção e Implementação” e o “Sistema local de pagamentos”, tendo ainda sido atribuídas menções honrosas aos trabalhos “VIGRESTE – Visualização Gráfica do terreno em Modelo Digital 3D” e “Rede Escolar Integrada”.

A fundamentação do júri do I.I. do MinFin para a atribuição do 1º prémio ao Projecto RRING foi a seguinte:

  • Actualidade e adequabilidade da tecnologia utilizada
  • Dimensão, abrangência e complexidade do projecto
  • Importância do impacto do sistema na funcionalidade administrativa de todas as Unidades do Exército
  • Forte ritmo de implantação
  • Elevado nível de integração funcional e tecnológico, sendo de relevar a eficácia dos procedimentos de telemanutenção
  • Potencial efeito indutor na Administração Pública em geral

A RFW era, contudo, apenas um dos módulos do Projecto RRING. Outros, como o RHW (Recursos Humanos para Windows) estavam a ser desenvolvidos e já implementados também com sucesso. Havendo embora ainda um longo caminho a percorrer, o CIE provara a sua capacidade para, com know how próprio, desenvolver e sustentar a informatização das UU do Exército, num ambiente gráfico actual, personalizado para responder aos procedimentos estabelecidos e à cultura da Instituição, e com manifesto agrado dos utilizadores. Infelizmente, como muitas vezes acontece, os poderes decisores do mais alto nível, nomeadamente politico, não acreditaram na capacidade de os militares portugueses fazerem tão bem como os melhores e, ou nem sequer do projecto tiveram conhecimento, ou optaram simplesmente pela aquisição e parametrização de produtos comerciais de elevado custo, embora com provas dadas, numa moda de predileção pelo outsourcing que tem vindo a destruir as capacidades próprias das Instituições e quantas vezes, da própria industria nacional. Também as condicionantes das colocações e substituições dos militares foram retirando massa critica ao projecto, o que ajudou ao abrandar do ritmo dos primeiros anos e também à progressiva desmotivação dos engenheiros militares que dele fizeram parte. Muitos já hoje nem sequer servem o Exército, embora vários estejam em posições de grande destaque em projectos em empresas civis de nomeada. Aqui se lembram os nomes dos que no RRING trabalhavam na altura do concurso ao Prémio Descartes (mas outros houve que depois se nos juntaram e trabalharam para o projeto com grande valia e dedicação, como os capitães Guerreiro, Barroso e Parracho Gomes, a alferes Ana Cunha, os sargentos Antunes, Dias, Rosa, Martins, Gilsa e outros):

  •   José Manuel Pinheiro Lopes Canavilhas, TCor Tm (Engº) – Chefia
  •   José Eduardo de Sousa Ferradeira Abraços, Maj Inf (Engº) – Chefia
  •   João Augusto Cardoso dos Santos Belfo, Cap Tm (Engº) – Sec Desenvolvimento
  •   António Augusto da Silva Luís, Cap Tm (Engº) – Sec Redes
  •   José António da Silva Vieira, Cap Tm (Engº) – Sec Desenvolvimento
  •   Paulo Miguel Paletti Correia Leal, Ten Tm (Engº) – Sec Redes
  •   Rui Jorge Fernandes Bettencourt, Ten Tm (Engº) – Sec Desenvolvimento
  •   António Paulo Soares de Oliveira Nogueira, Ten RC – Sec Configurações e Documentação
  •   Vítor Sérgio de Figueiredo Garcia, Asp RV – Sec Desenvolvimento
  •   Ana Paula Belfo de Oliveira (Op RD Pr) – Sec Apoio Geral

2. Descrição do Projecto RRING por alturas do concurso ao Prémio Descartes

Aquando do concurso ao Prémio Descartes, foi entregue ao Inst. de Informática do Min Finanças diversa documentação técnica de apoio, de onde se retira o seguinte texto, contendo os antecedentes e o ponto de situação do projecto à altura, bem como a descrição do módulo a concurso (RFW):

a) Antecedentes:

Iniciado em finais de 1993, o Projecto RRING visou a Informatização das Unidades do Exército (Regimentos e, por extensão de conceito, as Brigadas e os Quartéis-Generais das RM/ZM), bem como os Centros de Finanças, nas suas várias componentes:

a. – Instalação de LAN’s nas UU/EE/OO do Exército (cablagem estruturada e equipamento activo) e a sua interligação numa WAN (com acessos prioritários por circuitos militares, nomeadamente de FO, e backup’s por circuitos civis alugados, incluindo RDIS)

b. – Aquisição, Instalação e Parametrização de todo o Hardware dedicado

c. – Aquisição, Licenciamento, Instalação e Parametrização do Software “comercial base” (sistema operativo e outro)

d. – Desenvolvimento de Software específico para todas as áreas funcionais, teste, instalação, formação básica do pessoal envolvido e manutenção (correctiva e adicionais), além do controlo das configurações e de um efectivo apoio aos utilizadores

e. – Integração de dados, quer a nível da Unidade, quer a nível duma BD central em Lisboa (server RRING) e transferência dos dados adequados de/para o “MainFrame” do CIE

Para tal, foram desenvolvidas as seguintes actividades preliminares:

– Selecção das ferramentas e opções tecnológicas consideradas as mais adequadas, de entre um Universo vasto, diverso, e em rápida evolução.

– Criação, formação especifica e manutenção de uma equipa de desenvolvimento de Software constituída apenas por licenciados (engenheiros militares) e apetrechada com um ambiente de desenvolvimento “object oriented” integrado.

– Levantamento do Sistema de Informação de um “Regimento-tipo” por firma especializada, na sequência de Concurso Publico, durante o ano de 1994. Trabalho importantíssimo e de grande detalhe, o documento final bem poderia ter servido de base a um “Manual do 2º Cmdt de um Regimento“.

– Definição e publicitação das “Normas de desenvolvimento no âmbito do RRING”.

b) Situação do Projecto à data do concurso:

Encontrava-se finalizado e já fora instalado em 23 Unidades e Órgãos do Exército (30% do total das SSRF) o 1º dos módulos RRING – ­RFW (Recursos Financeiros para Windows).

Estava finalizado e em fase de instalação o módulo RHW – Recursos Humanos para Windows, estando previsto vir a sofrer acrescentos no futuro.

Fora desenvolvida uma aplicação para a redacção, edição e consulta da Ordem de Serviço, fundamental para a sua normalização, já distribuída a todo o Exército (e mais tarde, depois de adaptada, a toda a GNR), e parte do módulo “Secretarias”.

Fora desenvolvida e estava em distribuição beta uma aplicação temporária para a área logística – “Cargas”, cujos ficheiros (estrutura e dados) seriam aproveitados pelo módulo respectivo – RMW (Recursos Materiais para Windows), ainda não iniciado.

Estavam instaladas e a funcionar 4 LAN de Unidade (cablagem estruturada e equipamento activo, incluindo 2 servers dedicados e diversos PC’s), cobrindo todas as necessidades dos RIl, RL2 (que foram as Unidades piloto determinadas pelo EME) e de duas das Unidades da BAI – CTAT e ETAT.

Tinham sido instaladas pequenas redes estruturadas (com recurso a mini HUB’s) nas SSRF das restantes 19 UU/EE/OO já apetrechadas com o módulo RFW, a incluir nas futuras LAN dessas UU.

c) Introdução ao módulo RFW do RRING

No âmbito do projecto RRING, pretendeu-se criar, em ambiente Windows, uma aplicação modular para as SSRF (Sub Secções de Recursos Financeiros) dos Regimentos do Exército e, por extensão, para as das restantes UU/EE/OO (Unidades, Estabelecimentos e Órgãos).

Esta aplicação/módulo, destinada a servir de padrão para todas as SSRF dos Regimentos, resultou da análise funcional à SSRF da EPAM, feita em colaboração com esta Escola Prática, foi tecnicamente validada pela entidade responsável pela matéria em causa, a Direcção do Serviço de Finanças – DSF, e a sua utilização determinada pelo Comando da Logística.

Baptizada de RFW (Recursos Financeiros para Windows), a aplicação era constituída por 7 sub-módulos independentes (de ora em diante designados por módulos), integrados por meio de uma Base de Dados única.

d) Alguns Dados sobre a RFW

O Interface

Uma vez que se tratava de aplicações que correm sobre a “interface” gráfica (GUI) do Windows, foi imposto que respeitassem as normas do Interface Windows. Estas estão documentadas em publicações tais como “The Windows Interface” da Microsoft Press ®.

Todos os módulos tinham a mesma aparência, o que facilitava a aprendizagem por parte dos utilizadores, e possibilitava uniformidade entre todas as SSRF do Exército.

O conceito dos Módulos

Por questões de performance e para facilitar a utilização da aplicação, esta era modular, correspondendo cada módulo a cada uma das áreas funcionais duma SSRF, a saber: módulos da Chefia, das Aquisições, dos Abonos Recebimentos e Deduções, das Operações Diversas, da Tesouraria, da ADME e o módulo de Diversos [responsável pela manutenção de dados alheios à SSRF (BD de pessoal da Unidade, códigos postais, etc), mas necessários ao seu funcionamento, tendendo a desaparecer à medida que outras aplicações do RRING fossem englobando essas funções]. Cada módulo podia ser operado por um ou mais utilizadores (devidamente identificados e autenticados) e cada utilizador podia ser autorizado a trabalhar com um ou mais módulos. No entanto, exceptuando o caso da ADME, um módulo não podia estar simultaneamente activo em mais do que uma máquina. Nas Unidades onde ainda não fora instalada a LAN global, era constituída uma pequena Rede Local (LAN) com 5 PC’s, servindo a máquina do Tesoureiro, dotada de  mais memória e disco, simultaneamente de servidor de dados e aplicacional temporário. Esta opção foi tomada por existir maior rigor no controlo de acessos à respectiva sala.

É evidente que, tal como acontecia fisicamente numa SSRF, todos os módulos estavam interligados entre si. A título de exemplo, uma factura que chegava de um fornecedor para pagamento, passava pelo pessoal responsável pela área de Aquisições, que depois dos trâmites normais a “colocava” no Chefe da SSRF, que em seguida autorizava (ou não) que a factura fosse paga pela Tesouraria (registando-se o facto no Registo de Tesouraria). Neste exemplo apurámos 4 módulos intervenientes (Aquisições, Tesouraria, Operações Diversas e Chefia da SSRF) com um simples elemento de ligação (uma factura).

Esta organização permitia que os documentos que normalmente transitam no interior da SSRF o passassem a fazer, com toda a segurança, por meios informáticos, optimizando-se o esforço desenvolvido pela SSRF. Acresce que esta abordagem permitiu sensibilizar as entidades competentes para o facto de a análise funcional recomendar uma reorganização das SSRF e a mudança nalguns procedimentos, o que veio a ocorrer.

Para a realização do trabalho de análise seguiram-se as Normas contidas na Legislação e Documentos a seguir indicados:

  • Lei de Bases da Contabilidade Pública;
  • Decreto-Lei 55/95 do Ministério da Finanças, corrigido pelo Decreto-Lei 80/96;­
  • Manual de Procedimentos Contabilísticos;
  • Instruções para a Justificação de Saldos;
  • Instruções para Atribuição de Dotações – Reforços – Créditos Orçamentais;
  • Apontamentos de Administração Financeira da EPAM (Escola Prática de Administração Militar);
  • Documentos normalizados em uso nas SSRF;
  • Normas para a Assistência Escolar;
  • Registos Contabilísticos;
  • Regulamento das Secções logísticas;
  • Circuitos de reabastecimento;
  • Outros.

O Desenvolvimento

Com o “Sistema de Informação de uma Unidade-tipo” sempre presente, a análise da RFW foi feita usando o Erwin/ERX da Logic Works. O desenvolvimento utilizou como base o MS Visual Basic 3.0 estendido à custa de “Add-On’s” de terceiros (Sheridan Software, Crescent Software, Crystal / Seagate, Apex Software, Farpoint, Microhelp e WhippleWare) recorrendo-se com bastante frequência ao MS Visual C++. O Sistema Operativo usado foi o MS NT Workstation 3.5/3.51.

A análise foi feita pelo CIE, em coordenação com a EPAM – Escola Prática de Administração Militar, como entidade técnico-financeira responsável, nomeada pela DSF. Todo o trabalho de desenvolvimento, teste, instalação e configuração foi feito por pessoal do CIE – Repartição de Redes e Pequenos Sistemas (RRPS), responsável pelo Projecto RRING.

A Base de Dados foi inicialmente criada usando o MS Access (Jet 2.5), mas estava já em curso na altura o “upsize” para o MS SQLServer.

A Instalação e o Apoio técnico

Todos os utilizadores dispunham, para além do apoio directo aquando da instalação pela equipa do RRING, de apoio telefónico e apoio via MODEM. O servidor central do RRING existente no CIE (WIN NT + MS SQL SERVER) permitiu institucionalizar duas formas de troca de informação, através da criação de permissões de acesso controlado:

1. uma directoria de interesse geral para todas as UU/EE/OO (só para leitura, onde eram colocadas tabelas de interesse geral, ultimas versões dos módulos, esclarecimentos sobre procedimentos, etc).

2. directorias especificas de cada U/E/O – duas subdirectorias, “Ponha” e “Tire”, subdivididas em subdirectorias de acesso restrito à respectiva U/E/O (escrita e leitura, onde eram trocados dados e ficheiros como por ex. o de vencimentos, textos de apoio específicos de pergunta ou resposta, acções de manutenção sobre a BD da U/E/O, etc).

Existiam inicialmente acessos via MODEM (por linhas militares e civis) e via RDIS (idem). Estava contudo já a ser implementada uma WAN com “Routers” de área, no Porto, em Santa Margarida e em Lisboa e “Routers” de U/E/O, sobre 2 canais de 64 K.

A instalação local da aplicação, para além da rede, das máquinas e da sua configuração (cuja preparação era feita antecipadamente no CIE), consistia no seguinte:

  • Instalação e parametrização dos dados de inicialização específicos de cada U/E/O.
  • A partir do módulo da Chefia, único autorizado, criação dos utilizadores locais e respectivas permissões.
  • Introdução dos dados correspondentes às tabelas puramente locais (pessoal, fornecedores, etc).

Análise Estatística

A aplicação RFW foi estruturada em 7 projectos, um por cada módulo. A seguir apresentam-se alguns dados estatísticos sobre esses projectos:

Projecto

Janelas

Módulos base

Controlos

Ficheiros

Tamanho (KB)

Linhas (ASCII)

ADME

18

4

11

33

1568

8125

AQ

35

4

12

51

2462

24369

ARD

27

4

12

43

2237

17365

CHRFW

63

4

14

81

3126

39804

OD

27

4

12

43

2238

16939

TR

37

4

13

54

2361

19862

DIV

11

3

7

21

146

4495

Totais

218

27

81

326

14138

130959

Para além da aplicação propriamente dita, foram feitos 12 “Helps”, com recurso ao SOS Help da Lamaura Development Ltd. Estes eram lançados a partir de um único “Help” e correspondiam a 779 janelas de ajuda. Na totalidade, estes 12 helps incluíam 250 imagens Bitmap e 45 Hipergráficos (shg).

Os diversos documentos em papel produzidos pela aplicação (“Reports”) eram em número de 77 e foram desenhados por recurso ao Crystal Reports Pro, com extensões desenvolvidas pela equipa do Projecto RRING.

Já claramente ultrapassada a fase de testes, a RFW encontrava-se na altura do concurso Descartes numa fase de manutenção e acréscimo de potencialidades. Simultaneamente, estava a ser desenvolvida uma versão inteiramente 32bits, que se previa para antes do final do ano, o que veio a acontecer.

Para a total cobertura de todas as SSRF do Exército estava em estudo a inclusão do projecto RRING na Lei de Programação Militar.

3. Nota final

O Projecto RRING representou para o Centro de Informática do Exército um Quantum Leap no desenvolvimento profissional autónomo de aplicações para PC’s em ambiente gráfico, mas também na área das redes e sistemas, incluindo o estabelecimento dos serviços de correio electrónico interno dos militares do Exército e das suas regras e normas (que se mantêm até hoje).
Se, por um lado, houve desde logo que lutar para conseguir adoptar um ambiente de desenvolvimento integrado baseado nas novas ferramentas e sistemas que então começavam a impor-se comercialmente como um standard, em contraponto às resistências mono marca então vigentes no CIE, bem como para garantir recursos e meios indispensáveis ao sucesso do projecto, por outro, o total apoio do então Director do CIE e a qualidade e empenho dos militares e civis que ao projecto dedicaram anos de esforço (e que não foram apenas os que por altura do Prémio Descartes trabalhavam no RRING) foram stone marks que marcaram, e ainda marcam, todos aqueles que nele trabalharam e que, de tempos a tempos, ainda se reúnem em amiga e significativa confraternização. Foram muitas as horas extra, muitas as noites perdidas, muitos os dias longe da família, muito o esforço, mas uma lição a todos nos ficou – nas Forças Armadas, e em particular no Exército, também na área das Novas Tecnologias somos capazes da excelência. A pontos de, em 1996, termos vencido o principal concurso nacional de informática. E só assim vale a pena trabalhar.

11 comentários em “O projecto RRING

  1. Este Blogue tem tido um inesperado sucesso, em relação às minhas expetativas. Ter mais de 8 mil visitas, em 3 meses, é obra.
    Para mim a razão está no fato de nele aparecerem posts como este em que os protagonistas testemunham projetos, na área das Transmissões,levados a cabo. Isso sucedeu ultimamente com o BTm2, a motagem das instalações sonora nas comemorações do 25 de Abril e a introdução em Portugal do HF em tempo real.
    A razão fundamental da aceitação do Blogue estaria assim no facto de sair da rotina do país, mesmo em tempo de crise, quie consiste em focar a atenção nos projetos falhados ou que se prevêm que o sejam., que pode significar que o país está a ficar farto de tanta prática sistemática do mal dizer.
    Mas em relação ao post do Canavilhas julgo que é, como disse, mais um post exemplar que faço votos para que suscite outros igualmente importantes.

    Gostei imenso do post, sobre o projeto das Redes Regimentais de Informação de Gestão (RRING). Gostei tanto que me atrevo a pedir que o texto seja complementado com a indicação das suas consequências no Exército e na aceitação que teve na sua aplicação.
    Mas a ideia fundamental que pretendo transmitir é que o Blogue constitui um meio muito mais poderoso do que o livro que publicámos em 2008 para divulgação de aspetos da História da Arma.

  2. Boa noite,

    É com muito agrado que recordo o excelente trabalho que a equipa liderada (na altura) pelo Sr. TCor Canavilhas com quem tive o privilégio de trabalhar durante diversos anos quer no Centro de Informática do Exército quer posteriormente na GNR.

    Tive conhecimento deste Blog durante esta semana e não resisti. A todos os camaradas mais antigos que tiveram a iniciativa o meu bem hajam e o meu obrigado…

    Bem hajam,

    Nuno Guerreiro

    1. Olá Guerreiro, que bom ‘ver-te’ por aqui. Vocês mereceram inteiramente este post, sabes bem que foi também para mim um enorme privilégio trabalhar com todos vós. Pela vossa enorme competência, pela vossa total dedicação e disponibilidade, pela amizade e pela lealdade, também. E é sempre boa uma saudade que nos fica do dever cumprido e da sã camaradagem. Um abraço.

  3. Eu nao so recordo com muito agrado, como com muita emocao. Eramos (e ainda somos, embora geograficamente dispersos) uma FAMILIA.

    Tambem eu partilho o mesmo sentimento que o Nuno Guerreiro, foram os meus melhores tempos no Exercito, onde me senti completamente realizado profissionalmente.

    Um grande abraco,

    Antonio Luis

    PS: Peco desculpa pelo Portugues, mas nao tenho acesso a teclado Portugues.

    1. Luis, que bom que apareceu também por aqui! Este verão vem a Portugal?
      Gostava de lhe lançar um desafio, a si e a outros ex-RRINGs, o de responderem, complementando o meu texto, ao desafio do MGen Pedroso Lima sobre ‘que o texto seja complementado com a indicação das suas consequências no Exército e na aceitação que teve na sua aplicação’, ou sobre o que quiserem dizer. Era bom ter aqui as vossas visões e recordações sobre um projecto que tantos nos marcou.
      Um abraço

  4. muito legal,um povo sem história corre o risco de cometer os mesmos erros do passado

    1. Tenho que confessar que já estava a estranhar não termos tido, até hoje, qualquer comentário dos nossos irmãos do outro lado do Atlântico, uma vez que são, largamente, os maiores visitantes deste blogue, depois dos portugueses. História não nos falta, como bem sabe. O que tem faltado, ao longo da nossa riquíssima história de 9 séculos, é dedicação, rigor e arte para a contar. Obrigado pelo seu comentário, o primeiro de um não português.

  5. Neste mundo cada vez menor, graças ás “transmissões” foi com enorme saúdade que me cruzei casualmente com esta excelente iniciativa.
    É sempre bom ver as mensagens dos Camaradas com quem trabalhámos e que hoje, virtude das suas qualidade e méritos se vão encontrando espalhados por vários continentes.
    Infelizmente a visão limitada ou os interesses, dos nossos decisores politicos, não lhes permite atribuir, ás instituições militares a importância e o respeito que merecem.
    Um grande abraço para todos, diretamente da cidade mais aprazível do mundo.

    TCor. Art. Negrão de Sousa
    RJ-BR

    1. Caro Negrão e Sousa

      Falo por mim. Estava muito longe de receber na minha “inbox” um comentário sobre o RRING.
      Que bom!!
      Casualmente ou não, ainda bem que foste envolvido e que te lembraste agora de me lembrar do “RRING”.
      São comentários destes, tantos anos após, que nos fazem sentir respeitados. Não pelos decisores políticos mas sim por aqueles que nos interessavam na altura e que nos continuam a interessar, os nossos camaradas, os nossos amigos, as nossas convicções.

      Disse e repito: tenho saudades desses tempos e, sobretudo, de tempos como esses,

      João Santos Belfo

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